segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Não se fazem mais novelas das oito como antigamente

O que me motivou a fazer esse texto foi a falta de boas novelas que estamos vivendo esse ano. Impressionante, mas as melhores em exibição são todas reprises. Não há nenhuma inédita que preste, e ainda tem reprises fracas (Os Dez Mandamentos, Explode Coração, Sinhá Moça)

Eu resolvi escrever para lembrar a todos do tempo em que as novelas paravam o Brasil, principalmente o "novelão" do horario nobre, a chamada novela das oito.

Quem não se lembra de Roque Santeiro, a novela de maior audiência da televisão brasileira, cujo desfecho chegou a marcar os incríveis 100 pontos?

O mais legal é que Roque atingiu esse mérito sem apelar para nenhuma maldade. Poderia passar às seis da tarde sem problema nenhum.

Antes dela, houve outra novela das oito que também foi um sucesso estrondoso: a primeira versão de Selva de Pedra. Nem se compara com o remake.

Nos anos 2000, tivemos uma série de novelas ótimas no horário das oito.

Mulheres Apaixonadas, do grande Manoel Carlos, foi um fenÔmeno. Eu era apaixonado pela personagem Edwiges, e morria de aflição toda vez que o Marcos agredia a esposa, Raquel, e o aluno Fred. Também vibrei quando Dóris foi castigada pelo pai por maltratar seus avós.

As duas novelas seguintes também fizeram sucesso: Celebridade, atualmente sendo reprisada (e a melhor novela no ar), e Senhora do Destino, a MAIOR audiência do século, que teve 50 pontos de média.

E o que dizer de A Favorita, que já foi eleita por vários críticos como a melhor novela brasileira? Mesmo em época de internet, ela parou o país e fez todo mundo acompanhar o drama das irmãs Flora e Donatela.

Infelizmente, depois de Avenida Brasil, vieram uma série de fracassos terríveis, e alguns sucessos igualmente terríveis como Amor à Vida.

A última grande novela do horário - mas que também não teve ibope - foi a ótima A Lei do Amor.

Depois da péssima A Força do Querer, novela que fazia apologia ao tráfico de drogas, eu confesso que cheguei a me entusiasmar com as chamadas de O Outro Lado do Paraíso. Ledo engano.

A novela é um milhão de vezes pior do que A Força. Se esta incentivava um crime, a atual incentiva vários, como a pedofilia.

A personagem de Bella Piero foi vítima de assédio de seu padrasto. Mas, ora, o próprio marido dela na trama é bem mais velho, então é assédio duplo.

Eu até acho Walcyr melhor novelista do que Glória Perez. Afinal, esta só fez Barriga de Aluguel que se possa aproveitar. Walcyr era o rei das 18 horas, acumulou êxitos e depois fez boas novelas das sete, como a divertida Sete Pecados.

Mas ele também escreveu a tenebrosa Amor à Vida, que confundia dramaturgia com gritaria. O texto era ruim, as atuações não ajudavam e o desenvolvimento era lentíssimo. Eu achava que Walcyr nunca escreveria nada pior, mas OOLDP superou.

Afinal, o enredo desta é ainda mais confuso e sem rumo. A novela se transformou num verdadeiro Frankenstein em função da audiência, e mesmo sendo muito ruim, conseguiu. A primeira fase também era ruim, mas tinha mais nexo. Prova cabal de que nem sempre audiência e qualidade andam juntas.

O Outro Lado do Paraíso recebe aqui no blog o título de PIOR NOVELA DE TODOS OS TEMPOS. E o povo ainda falava mal de Tempos Modernos; pelo menos as novelas das seis e das sete, mesmo quando são ruins, não apelam para a vulgaridade explícita.

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