sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

A herança bendita de Barack Obama e a ameaça de Trump

Assume hoje, nos Estados Unidos, o presidente eleito Donald Trump.

Racista, homofóbico e xenófobo, Trump é o extremo oposto do que representou Barack Obama para a América nos últimos oito anos.

O governo Obama entrará para a história como um dos mais justos e igualitários de todos os tempos, principalmente em um país extremamente atrasado no campo das idéias, ainda que seja moderno em tecnologia.

A maior conquista de seu período como mandatário da Nação mais poderosa do mundo, foi a reforma na área de Saúde, como o Obamacare, que tirou milhões de pessoas carentes da falta de atendimento médico, sobretudo latinos e afro-descendentes.

Aliás, é dos afro-descendentes e de outras minorias o apoio maciço que Obama recebeu, ao passo que seus adversários do Partido Republicano contavam sempre com uma elite branca, masculina, heterossexual, cristã, empresarial.

Tivemos grandes avanços em todas as áreas possíveis. O desemprego, ao final de seus dois mandatos, era de 5%, um dos mais baixos do mundo.

O número de pessoas que acreditam em um ou mais deuses, e que frequentam igrejas ao menos uma vez por semana, passou de 78% para 71%. O número de ateus ou agnósticos, que era de 18%, hoje atinge um quarto da população.

Isso é uma prova de que a Era Obama simboliza o novo, o livre, o pensar com a própria cabeça e de não deixar-se levar pelo que "pensadores", assim denominados pelo senso-comum, tentam nos impor como a verdade absoluta.

Obama aproximou-se de Cuba. Acabou com a Guerra do Iraque, que matou milhares de inocentes. Deu início à retirada das tropas americanas do Afeganistão. Assinou o Acordo de Paris, que revê as condições climáticas no planeta, algo que recebeu oposição até de alguns democratas. Visitou a Cidade de Deus, e soube que estava no Brasil, não em Buenos Aires. Soube que a capital é Brasília, e não Rio ou São Paulo.

Aliás, Obama é global. Defensor não daquela globalização excludente dos republicanos, onde basta distribuir computador e Ipods. Não, Obama é a globalização real, a globalização afro, islâmica, indígena, de povos que vivem em tabas e se orgulham disso. Que defendem seu território, mas sem excluir, e sim agregar.

Obama é o cara, aquele cara que chega junto seja onde for. É galântico, pintoso, charmoso, mas sem soberba. É o samba, o blues, o soul. Tem Michelle pra chamar de sua, aquela negra linda de traços exuberantes, que sabe rebolar e sorrir para as câmeras.

Trump é o oposto. É anti-civilização, anti-povo, anti-mundo. Sua esposa, embora seja também belíssima, não parece feliz ao lado dele. Raramente vê-se ela rindo, como o próprio marido também não.

Afinal, como pode-se rir com tanto rancor, tanto ódio no coração?

Espera-se que agora, com a vitória de Trump, que venceu as eleições de um modo parecido com o de Bush contra Al Gore, o sonho da liberdade estará próximo de seu final.

Resta torcer para que Obama ensaie uma volta para 2020, e consiga manter de pé o seu imenso legado.

Caso contrário, nós teremos imensos retrocessos.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Polêmica de Azealia Banks confirma a burrice do brasileiro

Confesso que, apesar de conhecer o trabalho da rapper Azealia Banks há algum tempo, nunca parei para conhecê-lo mais a fundo.

Na semana passada, a cantora se envolveu numa polêmica com os brasileiros na Internet. Ela teria dito que é um absurdo ser vítima de ataques raciais de brasileiros brancos, redigidos com um inglês traduzido pelo Google Translate. E teria afirmado, num tom irônico: "Não sabia que tinha Internet na favela".

Forte demais? Talvez. Mas não deixa de haver uma razão em suas palavras. Uma enorme razão, diga-se.

O brasileiro é um povo estranho. Fala mal do próprio país até mesmo com ferocidade, mas vira um leão quando algum estrangeiro faz o mesmo.

O brasileiro é patriota apenas em época de Copa do Mundo, quando "somos todos um só", segundo dizem alguns slogans. Aí, todos torcem para a "grandiosa" Seleção Brasileira, com seus heróis encarnados prontos a nos salvar de qualquer fome ou doença. Mas quando o juiz apita fim de jogo, voltam as velhas lamentações, sobre a Saúde, a Educação, etc. Lamentações resignadas, é bom deixar claro.

Sim, pois querer um país melhor é uma atitude louvável. Agora, pedir por isso e não levantar-se da cadeira, é de uma preguiça comovente.

Por que os estadunidenses se desenvolveram? Não me atrevo a apontar todas as razões, mas uma delas eu garanto: eles não confundem PATRIOTISMO com PATRIOTADA.

Além de serem muito protecionistas e de não admitirem críticas de outros países, eles próprios não se auto-criticam. E estão sempre buscando o aperfeiçoamento, cada vez mais.

Eles veem a vida como uma grande competição, talvez uma luta de boxe, onde o vencedor leva tudo. E dispõem de armas necessárias para isso, distribuídas igualmente para todos os lutadores. Em outras palavras: todo cidadão americano tem, por direito, as mesmas oportunidades. Se alguém consegue se destacar, o faz por seus próprios méritos, e por ter feito melhor uso de suas armas, e não por ter mais armas.

Azealia está pagando o preço de suas palavras verdadeiras. Algo semelhante aconteceu, alguns anos atrás, com o ator Sylvester Stallone, quando este afirmou que "se dermos um macaco aos brasileiros, é capaz de agradecerem". Os brasileiros, analfabetos funcionais, acharam que Stallone estava nos chamando de macacos, ou seja, não sabiam sequer a diferença de DAR um macaco e de SER um macaco.

Meus caros compatriotas, vocês nunca se perguntaram a razão de tais críticas? Comecem a avaliar a vossa gramática, o vosso raciocínio lógico e a vossa maneira de enxergar o mundo ao redor. Quem sabe, assim, voces entenderão por que somos tão criticados no exterior. E aí, quem sabe, tomar alguma atitude para mudar isso

Confesso que graças a essa polêmica, comecei até a reparar na bela beleza morena de Azealia e na sua bela e doce voz. Não me levem a mal, adoro ser redundante. Ainda que seja um recurso pouco compreendido pelo brasileiro. "Ih, olha lá, ele está nos agredindo verbalmente, só eu posso fazer isso". Vai começar tudo de novo.