sábado, 11 de março de 2017

O filme infantil mais injustiçado da história

Eu reassisti, há poucos dias, ao filme Bogus - Meu Amigo Secreto, de 1996. Um dos clássicos da Sessão da Tarde mais recente.

O filme segue aquela linhagem de filmes feitos para crianças na segunda metade dos anos 90, com muita fantasia e por que não dizer, poesia.

A história gira em torno de Richard, um simpático garotinho que perde sua mãe, que trabalhava em um circo e passa a viver com sua madrinha, a irmã adotiva da mãe, que morre em um acidente de carro. No caminho da viagem de avião para conhecer sua nova "mãe", Richard desenha um personagem criado por sua cabeça, chamado Bogus, e através da imaginação Bogus sai do papel e torna-se seu novo amigo.

A lição que o filme tenta passar é a da importância dos nossos sonhos, que temos na infância e não deveríamos perder na vida adulta. A importância de termos alguém em quem possamos confiar, guardar nossos segredos, divertirmo-nos, ainda que seja apenas com alguém "imaginário".

Seguindo essa premissa, tivemos, em 2010 e 2012 respectivamente, os filmes O Fada do Dente e O Fada do Dente 2. Mas embora esses filmes sejam bem legais e divertidos, eles não se comparam em criatividade com Bogus.

Existem filmes infantis melhores? Sim, claro, como o maravilhoso Matilda, também de 1996.

Mas acontece que esses filmes têm o reconhecimento que merecem e são bastante lembrados.

Já Bogus, infelizmente foi um fracasso de bilheteria, é pouquíssimo comentando e quando alguém se lembra, é para destilar preconceito falando mal de algo tão bem-feito.

Nesse filme, nós temos Haley Joel Osment, a fofura em forma de ser humano. Temos Whoopi Goldberg, talvez a melhor comediante feminina de todos os tempos, que aqui mostra seu talento para o drama. Temos o excelente ator francês, naturalizado russo, Gérard Depardieu.

O filme é tão bom, tão rico em boas cenas, que fica difícil citar o melhor momento. Eu dou destaque para a cena do banana split e para a cena da dança entre Harriet (Goldberg) e Bogus (Depardieu). Aliás, nessa última cena, Depardieu nos brinda com alguns segundos em que canta uma bela canção, no seu idioma de origem. Nota-se que ele possui uma bela voz, e não dá para compreender por que não seguiu também na carreira de cantor.

Também é impossível não chorar no momento em que Richard recebe a notícia da morte da mãe, e grita a palavra "Mãe" de maneira que dá um aperto no coração até dos menos sensíveis.

Aliás, o filme é muito triste e também muito inspirador, na mesma medida. Talvez seja isso que o torne tão genial.

Absurdo mesmo é ter apenas duas estrelas de média em sites de "entendidos" em cinema, o que prova que muitas vezes a crítica não entende nada.

A minha avaliação para essa obra-de-arte, que inclusive capricha nos efeitos especiais, é de cinco grandes estrelas. Sem o menor medo de errar.

E que o cinema infantil volte a investir mais em magia, em ternura, em beleza. Por que é disso que as crianças de hoje estão precisando.

quarta-feira, 8 de março de 2017

Bill Clinton: um libertário na Casa Branca

A grande maioria dos democratas são esquerdistas bem radicais, dignos de militarem no PCO ou PCB caso fossem brasileiros. Outros são de uma esquerda mais moderada, ou mesmo centro-esquerda, que poderiam ser tucanos. Estes até conseguem angariar minha simpatia.

O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) foi ainda mais além. Afirmo sem medo de errar: durante sua estadia na Casa Branca, Clinton foi um presidente libertário. O mais libertário a governar aquele imenso país.

Pode parecer loucura dizer isso, mas eu explico. O libertarianismo se baseia no princípio de que as pessoas devem ser livres para agirem como desejarem. Entretanto, o direito de um termina onde se inicia o de outrem.

Como seria, em tese, um país libertário? Um Estado pequeno, que se preocupasse apenas em cumprir o funcionamento das leis, e onde houvesse baixos impostos e um mercado livre. No campo moral, o mesmo Estado não interferiria na vida privada de cada cidadão. E o que foi a Era Clinton, senão a aplicação de tudo isso?

Não estou dizendo que Clinton É libertário. Mas SEU GOVERNO foi libertário. Se ele fosse presidente hoje, poderia ser diferente? Sim, e creio que seria.

Clinton venceu as eleições de 1992 prometendo aumentar os gastos, investir em programas sociais e realizar uma grande reforma na Saúde Pública. Felizmente, fez o oposto.

Nas questões sociais, Clinton não fugiu à regra do seu partido: foi defensor das causas LGBT, da legalização das drogas e dos direitos das mulheres. Mas em economia, ele também foi bastante liberal, o que, juntando com o social, acabou formando um governo libertário, e não socialista como gostaria de ter sido.

O resultado disso foi o maior superávit da história americana, uma inflação baixíssima e grande poder de consumo da sociedade. Computadores, TV a cabo, video-games, telefones celulares, tudo isso chegou mais facilmente nas mãos da população graças às políticas econômicas do galã e saxofonista de Arkansas.

Aliás, Clinton é um talentoso músico de Jazz e Soft Ballads. E não há nada melhor do que apreciar um bom repertório jazzístico, de standards.

O Jazz nos transporta para um mundo pacificado e agradável, onde todos somos iguais perante a música. Esse foi o espírito dos Estados Unidos durante os anos 90.

O natal também foi bastante valorizado na era Clinton, tamanha a quantidade de filmes sobre o tema nessa época.

Aliás, o cinema da Era Clinton foi marcado pelo social, pela quebra de preconceitos de toda ordem, sejam eles raciais, sexistas ou de idade.

Sem contar que foi a época áurea dos documentários, sobretudo sobre a vida animal ou sobre os povos africanos. Ou seja, muita cultura para a população.

Infelizmente, Clinton pôs tudo a perder com polemicas como a de Monica Lewinski, o que afetou sua popularidade e não conseguiu eleger Al Gore como sucessor, em 2000.

Mas seu legado como presidente da república não pode ser esquecido jamais, por ter aberto caminho para a chegada do século 21 com alguns bons anos de antecedência.

É pena que não se pode dizer o mesmo de sua esposa, Hilary, e até mesmo o próprio Bill poderia não fazer o que fez.

Mas muito do que usufruimos hoje, vem da liberdade e das apostas de Bill Clinton.