terça-feira, 26 de abril de 2016

A mudança na música sertaneja é uma coisa negativa?

Outro dia, numa postagem sobre música, eu fiz uma crítica ao sertanejo, que eu chamei de breganejo e citei uma dupla, que na minha opinião é a pior de todas.

Quem não me conhece pode achar que não gosto do gênero. Isso não é verdade. Eu sou um dos caras mais versáteis quando o assunto é música. Consigo ouvir de tudo mesmo. Meu preconceito não está em nenhum estilo musical, mas em alguns artistas que não sabem representá-lo bem. Falarei disso já já.

Vejo muitas críticas a esse movimento denominado de "sertanejo universitário". Ela parte não somente dos detratores, como roqueiros e emepebistas, mas também dos próprios apreciadores da música sertaneja mais antiga.

Coisa parecida acontece com quem gosta de samba tido como "de raiz", que discrimina o pagode romântico e até mesmo o pagode feito no Cacique de Ramos, por nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Fundo de Quintal.

Em relação ao sertanejo, existe um grupinho que só aprecia moda de viola e não tolera inovações de qualquer espécie. Mas também existe um pessoal, mais hipócrita, que curte o sertanejo dos anos 80 e 90, que era famoso na época por inovar e era muito mais criticado do que o atual.

Vamos pensar um pouco: se a gente for analisar, a música sertaneja de hoje é muito mais sertaneja do que a da década de 90. O que marcou aquela geração? Guitarras dobradas, bateria, teclado e sintetizadores. Vozes em terça que descaracterizaram completamente a tradição caipira. Letras melosas e até vulgares, falando sobre traição e casos de motel.

Hoje, o sertanejo está muito mais diversificado. Tem o universitário propriamente dito, feito por nomes como Maria Cecilia e Rodolfo, João Neto e Frederico entre outros, que traz uma sonoridade mais acústica, e não deixa de falar de amor. Eles até regravam muitas músicas da geração 90. Tem o funknejo, que fez uma mistura que ninguém jamais imaginou, do sertanejo com o pancadão carioca, muito bem representado por João Lucas e Marcelo. Tem o arrocha, que pode ser dançante ou romântico, de Gabriel Gava e Israel Novais.

Tem também um cara, que consegue misturar o sertanejo com tudo que é pegada moderna, sobretudo o axé e o pagode. Thiago Brava até gravou com a dupla Pikeno e Menor. O diferencial do cantor são suas letras, que sempre fazem alguma referência pra poder mandar sua mensagem. Como em Amanda Manda Nudes, onde ele cita uma coisa que está muito em voga, que é mandar fotos pelo Whatsapp ou na música Namora Bobo, onde menciona o Vale a Pena ver de Novo e o arrocheiro baiano Pablo.

Aliás, é aí que quero chegar. Como em todo movimento - ou modismo, como queiram - existem as coisas boas, mas também muito lixo é produzido. Até agora só falei de coisas que acho legais, mas é lógico que tem o lado ruim. Os imitadores do Zezé di Camargo (Pablo, Eduardo Costa, Léo Magalhães etc), o ídolo teen Luan Santana, que canta como se estivesse tendo um infarto, entre outras porcarias que a indústria despeja nos nossos ouvidos.

Mas o que quero dizer é que não se pode generalizar e jogar tudo na mesma sacola. O sertanejo romântico, dos anos 90, tinha muita coisa pavorosa, talvez até mais do que o moderno.

Por isso, os críticos que aprendam a se adaptar às mudanças. O novo sertanejo está aí e conquistou seu espaço. Caso contrário, não estaria durando tanto tempo na mídia. Por mais que o mercado insista, só se mantém vivo aquilo que o povo deseja

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O que esperar do impeachment?

No último domingo, foi dado o primeiro passo para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Eu estou com boas esperanças, mas não comemoro totalmente.

O ideal pra mim seria convocar novas eleições no Brasil, com o maior número de candidatos possível.

Acontece que muita gente não sabe votar e se deixa vender muito fácil. Todos reclamam que falta opção, mas por que então, as piores opções possíveis são as que se elegem?

De certa forma, eu acho que o impeachment da "presidenta", como ela gosta de ser chamada, será positivo.

Essa data ficará marcada como o fim de uma era na História do Brasil. O fim da corrupção assumida, da cara-de-pau e da falta de vergonha na cara. O fim de um populismo neo-getulista, que compra a simpatia da população oferecendo-lhe migalhas. O fim de um separatismo forçado entre grupos sociais e do ódio de classes estimulado pelo próprio Estado.

Nesses 13 anos de PT, eu acompanhei uma boa parte. No início, eu era muito pequeno e não entendia de política. Mas a partir do segundo mandato de Lula, eu já escrevia textos criticando tudo que havia de errado nesse governo espúrio.

Na época, eu era chamado de reacionário, juntamente com jornalistas do porte de Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes e Diogo Mainardi. Nos chamavam de loucos, atrasados, insatisfeitos com a mudança e o progresso. éramos taxados de elitistas e intolerantes. Todos comemoravam a Era Lula, e o nomeavam como o "melhor presidente que o Brasil já teve".

Hoje, o povo queimou a lingua e está pegando seus pecados. Depois dos protestos de 2013, a frase era: "O Gigante Acordou". E as manifestações então, não paravam mais. Agora, em 2016, a pressão foi tão forte, que o Congresso se viu obrigado a atender a vontade da maioria. Finalmente!

E assim renasceu a nossa esperança, o desejo de um país melhor e verdadeiramente mais justo.

É lógico que Michel Temer não vai ser grande coisa. Eu nem me iludo com isso. Mas quem sabe, se ele for diferente do PT, o povo não aprende a escolher melhor seus representantes?

A popularidade de Lula, que no final de seu segundo mandato se gabava de ter 87% de aprovação, está em queda livre. Conheço pouquíssimas pessoas que ainda o defendem e que não querem vê-lo na cadeia.

O impeachment será o início de uma nova era política no Brasil, para o bem e para o mal.

Uma coisa é certa: com a saída do PT, nós nunca mais seremos os mesmos.

sábado, 9 de abril de 2016

Eu sou o maior Forever Alone do mundo

Eu estava fazendo curso de teatro.

Na apresentação, o nosso professor pediu a cada aluno que dissesse o que pensa a respeito do teatro e por que estava interessado em aprender o mesmo.

Acredito que fui o mais sincero da turma: disse que queria ser famoso, aparecer na televisão, ganhar dinheiro e pegar mulher. Mas também disse que queria contribuir para a cultura nacional, o que é verdade.

Eu fiz parte dessa equipe por um pouco mais de um mês. Estava fazendo aula de voz, aprendi sobre como tirar o DRT e me divertia muito com os textos que tinha que ler.

Mas logo notei que os outros alunos me ignoravam. Ninguém ali queria fazer cena comigo. Alguns tiravam sarro na minha frente, na cara dura. Nunca chegaram a dizer que não tenho talento, mas com certeza devem pensar isso. O que é um direito, por que pra mim eles também são atores medíocres.

Nas últimas três aulas, eu já havia me tocado. Ia lá, mas ficava quieto no meu canto. Nem falava oi pra ninguém, por que antes, quando eu falava, não respondiam.

Um outro lance que eu reparei, é que eles sempre se beijavam e se abraçavam, ao chegar e ao ir embora, mas nunca faziam isso comigo. Não venham com a desculpa de separatismo de gênero, por que não havia distinção. Os meninos abraçavam as meninas e vice-versa. O problema era só eu mesmo.

Na última aula, eu participei até o final. Ou quase. Na ÚLTIMA cena, onde o professor pediu a nós que fizéssemos dois grupos, onde cada um deveria criar sua própria cena, eu me revoltei. Pra começar, eu nem fui escolhido pra nenhum dos dois grupos. Aí, o professor teve que montar os grupos ele mesmo.

Na hora de elaborar a cena, eu continuava sendo excluído.

Foi aí que joguei tudo para o alto e resolvi ir embora. O professor tentou me convencer a ficar, disse que sou um garoto inteligente e um dos melhores da turma. Fui embora de vez e ninguém se importou. Bom, o professor disse que iria conversar com eles, mas duvido que resolva.

Agora é tarde. Eu não estou mais fazendo curso de teatro

Tudo isso me faz lembrar dos meus tempos de colégio, e até mesmo de sites de relacionamento que entrei na Internet.

Em TODOS eles, eu era sempre mal-visto.

Sei lá, acho que tem gente que nasce pra ser odiado mesmo. Ou simplesmente rejeitado.

Esse foi um dos motivos pelos quais resolvi criar esse blog. Que já é uma continuação de outros blogs que tive no passado. Pouca coisa mudou nesse meio tempo. As vezes me pergunto se vale a pena mudar. Mas aí, eis o dilema: viver infeliz para deixar os outros felizes? Fingir que gosto de algo para evitar brigas, mas saber que não me agrada?

Agora, com 20 anos de idade, morando com os pais, sem amigos e sem namorada, eu já posso morrer levando uma certeza da vida. Ficou finalmente comprovado, que eu sou o maior Forever Alone do mundo.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

A hipocrisia dos religiosos quando o assunto é música

O cristianismo é a doutrina da alienação e da cegueira. Por isso, quem canta músicas que fazem as pessoas pensarem é logo taxado negativa e pejorativamente.

O rock n roll é a maior vítima desses ataques.

Muitos artistas do gênero são condenados pelos cristãos devido ao consumo de drogas, tatuagens, piercings , roupas pretas ou por falarem palavrões.

Mas quando surgem na Internet fotos de pastores xingando os fiéis em mensagens de Whatsapp, ou quando aparece algum escândalo como o da cantora Niquésia Santos, que teve um video vazado onde aparece transando com um pastor, aí, nós temos que aceitar por que "só Deus poderá julgá-los".

Todo o ódio, todo o rancor, eles guardam para o Rock e para outros estilos contestadores, como a MPB.

Mas eu posso provar, através desse texto, que muitas vezes esses estilos trazem uma mensagem muito mais positiva do que as horrorosas músicas gospel.

Resumindo uma canção religiosa: "Deus é meu senhor", "Jesus está voltando", "ele me ama", "quero te adorar" e só. Talvez, uma ou outra variação, sempre dentro dessa temática narcisista.

Agora, falemos de Música com M Maiúsculo.

O saudoso cantor Renato Russo, da não menos saudosa Legião Urbana, tem várias canções de otimismo e esperança. E mesmo assim, é odiado pelo sua "opção" sexual, por ter sido drogado e por criticar o dízimo. Coitados, mal sabem que Renato nunca foi ateu, era católico inclusive e até falava muito de Deus. Eu, particularmente, não acredito em Deus, mas não vou ficar com raiva de Renato por isso. Intolerância religiosa é coisa de religioso.

Um exemplo é a belíssima canção Mais Uma Vez, que Renato escreveu em parceria com o ótimo compositor mineiro Flávio Venturini. Os versos "Mas é claro que o sol vai voltar amanhã" e "espera que o sol já vem" denotam que devemos viver um dia após o outro, e apesar da escuridão a luz estará ali, no dia seguinte. Junto com o novo dia, nasce uma nova vontade de viver e de lutar.

Uma outra música também de Renato é Perfeição. Uma série de críticas a tudo que é errado no mundo e sobretudo no Brasil. No final, depois desse desfile de verdades, vem o refrão perfeito: "Venha, meu coração está com pressa, quando a esperança está dispersa, só a verdade que liberta, chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera, nosso futuro recomeça, venha, que o que vem é perfeição"

Se formos analisar, essa música pode até ser interpretada como uma boa canção religiosa. Renato pode estar dizendo que Deus está voltando, por que não? A diferença está na abordagem. Ele trata do assunto com profundidade e não de maneira rasa nem banal.

O punk rock é uma outra vítima desse ódio gratuito.

A banda Ratos de Porão é extremamente mal-falada pelos crentes.

A postura anárquica e niilista de João Gordo sempre sofreu ataques. E não é só de religiosos. A maioria dos brasileiros nunca compreendeu a intenção da banda.

Argumentam que Gordo só grita, que sua música é só barulho. Mas eu não vejo ninguém criticar a horrenda dupla Zezé di Camargo e Luciano. Ninguém critica os berros desses breganejos chifrudos que andam por aí.

A MPB de qualidade também é hostilizada. Tentam desmoralizar a todo custo Chico Buarque e Caetano Veloso pelo seu ateísmo. Ora, eles têm culpa de serem inteligentes?

O genial Chico, apesar de ateu, agradece a Deus pelo fim da terrível ditadura militar em Vai Passar. "Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar, a evolução da liberdade, até o dia clarear". Grande Chico! Seu defeito é apoiar esse desgoverno corrupto do PT, mas quem pede a volta dos milicos não tem moral para criticá-lo.

Enfim, onde quero chegar?

O homem inventou Deus e o Diabo para viver sempre com medo. Viver sempre se limitando, seus desejos, anseios, suas idéias.

E continuar mantendo essa linhagem em pleno século 21, é um atraso de vida.