sexta-feira, 1 de abril de 2016

A hipocrisia dos religiosos quando o assunto é música

O cristianismo é a doutrina da alienação e da cegueira. Por isso, quem canta músicas que fazem as pessoas pensarem é logo taxado negativa e pejorativamente.

O rock n roll é a maior vítima desses ataques.

Muitos artistas do gênero são condenados pelos cristãos devido ao consumo de drogas, tatuagens, piercings , roupas pretas ou por falarem palavrões.

Mas quando surgem na Internet fotos de pastores xingando os fiéis em mensagens de Whatsapp, ou quando aparece algum escândalo como o da cantora Niquésia Santos, que teve um video vazado onde aparece transando com um pastor, aí, nós temos que aceitar por que "só Deus poderá julgá-los".

Todo o ódio, todo o rancor, eles guardam para o Rock e para outros estilos contestadores, como a MPB.

Mas eu posso provar, através desse texto, que muitas vezes esses estilos trazem uma mensagem muito mais positiva do que as horrorosas músicas gospel.

Resumindo uma canção religiosa: "Deus é meu senhor", "Jesus está voltando", "ele me ama", "quero te adorar" e só. Talvez, uma ou outra variação, sempre dentro dessa temática narcisista.

Agora, falemos de Música com M Maiúsculo.

O saudoso cantor Renato Russo, da não menos saudosa Legião Urbana, tem várias canções de otimismo e esperança. E mesmo assim, é odiado pelo sua "opção" sexual, por ter sido drogado e por criticar o dízimo. Coitados, mal sabem que Renato nunca foi ateu, era católico inclusive e até falava muito de Deus. Eu, particularmente, não acredito em Deus, mas não vou ficar com raiva de Renato por isso. Intolerância religiosa é coisa de religioso.

Um exemplo é a belíssima canção Mais Uma Vez, que Renato escreveu em parceria com o ótimo compositor mineiro Flávio Venturini. Os versos "Mas é claro que o sol vai voltar amanhã" e "espera que o sol já vem" denotam que devemos viver um dia após o outro, e apesar da escuridão a luz estará ali, no dia seguinte. Junto com o novo dia, nasce uma nova vontade de viver e de lutar.

Uma outra música também de Renato é Perfeição. Uma série de críticas a tudo que é errado no mundo e sobretudo no Brasil. No final, depois desse desfile de verdades, vem o refrão perfeito: "Venha, meu coração está com pressa, quando a esperança está dispersa, só a verdade que liberta, chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera, nosso futuro recomeça, venha, que o que vem é perfeição"

Se formos analisar, essa música pode até ser interpretada como uma boa canção religiosa. Renato pode estar dizendo que Deus está voltando, por que não? A diferença está na abordagem. Ele trata do assunto com profundidade e não de maneira rasa nem banal.

O punk rock é uma outra vítima desse ódio gratuito.

A banda Ratos de Porão é extremamente mal-falada pelos crentes.

A postura anárquica e niilista de João Gordo sempre sofreu ataques. E não é só de religiosos. A maioria dos brasileiros nunca compreendeu a intenção da banda.

Argumentam que Gordo só grita, que sua música é só barulho. Mas eu não vejo ninguém criticar a horrenda dupla Zezé di Camargo e Luciano. Ninguém critica os berros desses breganejos chifrudos que andam por aí.

A MPB de qualidade também é hostilizada. Tentam desmoralizar a todo custo Chico Buarque e Caetano Veloso pelo seu ateísmo. Ora, eles têm culpa de serem inteligentes?

O genial Chico, apesar de ateu, agradece a Deus pelo fim da terrível ditadura militar em Vai Passar. "Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar, a evolução da liberdade, até o dia clarear". Grande Chico! Seu defeito é apoiar esse desgoverno corrupto do PT, mas quem pede a volta dos milicos não tem moral para criticá-lo.

Enfim, onde quero chegar?

O homem inventou Deus e o Diabo para viver sempre com medo. Viver sempre se limitando, seus desejos, anseios, suas idéias.

E continuar mantendo essa linhagem em pleno século 21, é um atraso de vida.

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