quarta-feira, 28 de junho de 2017

Casseta e Planeta seria a salvação do humor brasileiro em tempos de crise (política e televisiva)

Tenho assistido alguns episódios do antigo programa Casseta e Planeta Urgente, da Rede Globo, no Youtube. Daí resolvi fazer esse texto.

Eu comecei a assistir o programa na sua melhor fase, que foi entre 2000 e 2002.

Nessa época, eu era uma simples criança, mas já achava o humor deles genial.

Haviam várias paródias inteligentes, como o grupo Sambabaca (que ironizava o fato de os grupos de pagode, famosos na época, terem apenas um hit), Carlos Maçaranduba e Uilson Montanha (sátira aos marombeiros revoltadinhos, que só sabem resolver as coisas na porrada) entre outras.

A dupla Fucker and Sucker, que satirizava os seriados policiais norte-americanos, era uma idéia tão criativa, que eles falavam com a voz dublada, para dar mais realismo.

Mas sem dúvida, a melhor sacada do grupo eram as Organizações Tabajara, uma sátira a essas empresas tipo Polishop e outras, que alugam horário na programação de algumas emissoras e tentam empurrar seus produtos de péssima qualidade como a salvação de todos os problemas.

O Casseta e Planeta surgiu nos anos 80. Era uma fusão do jornal Planeta Diário com a revista Casseta Popular. Isso foi antes de eu nascer. No final da década, eles passaram a escrever o texto do excelente TV Pirata, que eu pude ver no Canal VIVA.

O tipo de humor dos cassetas era revolucionário na virada dos anos 80 para os 90. Naquele tempo, humor era ou infantilizado demais, com A Praça da Alegria, ou era velho e sem graça, como Chico Anysio, que nunca soube se renovar. Ainda tinha Os Trapalhões, que era até legal, mas pouco ousado.

O Casseta era renovador, jovial, moderno. Se eu já achava isso em 2000, quando tinha meus cinco anos, imagine em 1992, quando entrou no ar.

A partir de 2006, quando Bussunda, um dos mais carismáticos integrantes, faleceu, bateu aquela tristeza geral e isso refletiu nas piadas.

O programa saiu do ar em 2010 e eles tiveram que bolar um novo projeto, o Casseta e Planeta Vai Fundo, que não era tão legal quanto o anterior.

A saída da deliciosa Maria Paula, que não se limitava a ser um rosto e um corpo bonitos mas também fazia muita graça, prejudicou muito. Ela foi uma das primeiras paixões que eu tive na infancia.

Mas eu acredito que, se eles voltassem agora, nessa atual situação em que o país se encontra, eles teriam fôlego para se renovar mais uma vez.

Com tanta notícia ruim que aparece nos jornais a toda hora do dia, dava pra fazer bons comentários. Afinal, uma outra característica do Casseta era falar sobre política e eles sempre fizeram isso muito bem.

E além da crise política, temos também a crise na televisão. Sobretudo em programas humorísticos. O programa do gênero de maior sucesso atualmente é o tenebroso Pânico na Band, que confunde fazer rir com destruir. Sim, destruir a dignidade humana, o respeito, a decência e a ética.

Todos sabem que não sou moralista. Pode-se e deve-se brincar com todos os assuntos, mas o que eles fazem é grosseria pura. Nem humor de má qualidade consegue ser. Pois eles não fazem nenhum ser pensante rir.

O Zorra perdeu a graça depois que começou a ser "engajado" (mas engajado para a esquerda). O grande Renato Aragão está fora da TV também. É outro que eu gostaria que voltasse, embora este, possua um estilo mais ingênuo, o que também não deixa de ser uma qualidade. Prefiro um programa pueril como A Turma do Didi, do que o festival de grosserias do Pânico.

Mas o meu desejo, e mais do que isso, a minha aposta, seria mesmo no Casseta e Planeta. Pra tornar a nossa tv bem mais inteligente, porque estamos precisando.

domingo, 18 de junho de 2017

A decadência da Sessão da Tarde e uma alternativa viável para recuperá-la

A Sessão da Tarde, da Rede Globo, foi durante anos uma das melhores sessões de filmes da televisão brasileira. Aposto que muitos, assim como eu, formataram seu gosto e sua paixão por cinema assistindo-a.

Na minha opinião, a qualidade dos filmes decaiu um pouco de uns três anos pra cá.

Esporadicamente, ainda são exibidos filmes interessantes, tanto recentes quanto alguns antigos que, vez ou outra, a emissora tira das suas gavetas.

Uma das minhas reclamações é que, ultimamente, o que tem ido ao ar são filmes de drama ou de romance puro, a maioria muito tolos.

Esse fato, além de ser impróprio para crianças, por apresentar questões existenciais, costuma eliminar uma das principais características da Sessão da Tarde: a irreverência, o escracho, o pastelão típico do horário.

Não faço parte da turma que defende até mesmo terror e pornô no horário vespertino. Nada contra quem gosta, eu mesmo adoro pornô como já falei em outras postagens, mas isso formou uma geração inútil que hoje chega ao poder.

O que fazer, então?

Bem, eu sugiro que a Globo traga de volta alguns pequenos "clássicos" (as aspas não são para diminuir, mas pelo fato de serem pouco lembrados). Filmes que passaram algumas vezes e depois cairam no esquecimento. Tais como Super Controle Remoto, Nosso Amigo Frankenstein, Um Ninja da Pesada.

Outra alternativa seria incluir alguns filmes de ação leves, sem muita violência ou sangue, mas que tivessem cenas de luta para prender o telespectador. Os novos do Jackie Chan cumprem bem esse papel. Até pouco tempo, eles ainda eram exibidos, mas, não sei por que razão, não são mais.

Os filmes de animação poderiam continuar, sem problema nenhum, mas não há a necessidade de bobagens como Barbie. Existem opções muito superiores, como o divertido O Caminho para El Dorado, o romântico O Corcunda de Notre Dame e o emocionante Hércules. Não são tão antigos assim, portanto não haveria problema nenhum em resgatá-los.

E as comédias adolescentes? Por que essas pérolas foram retiradas da programação? Ok, se Curtindo a Vida Adoidado é antigo demais, os da Hilary Duff seriam uma boa pedida, sobretudo o engraçadíssimo Material Girls, reprisado bastante certa época e depois desmerecido.

Filmes com animais foram cientificamente comprovados como instrutivos, e ainda que me critiquem, eu os adoro. Air Bud, Beethoven e o mais novo que conheço, Marmaduke, são excelentes materiais para a formação infantil. Até eu acho muito fofos, mesmo longe da minha infância.

Enfim, eu coloquei aqui algumas obras interessantes que a Sessão da Tarde poderia exibir, ao menos de vez em quando, misturadas com os filmes atuais.

Garanto que isso elevaria muito a audiência, já que até as crianças e adolescentes de hoje estão cada vez mais interessadas nos clássicos de verdade. Ainda resta uma pontinha de esperança, meus caros.

Só que esses filmes são bem dificeis de achar para download, em DVD e alguns nem no Netflix. Portanto, a TV está perdendo uma oportunidade única.

Em 2013, mudaram vinheta, horário e locução da Sessão da Tarde, e eles resolveram desengavetar clássicos dos anos 80 (!). O Ibope foi às alturas. Mas depois de alguns meses, a idéia foi abortada e voltaram os fraquíssimos filmes atuais, e o que é pior, carregados de forte carga dramática.

Enfim, minha sugestão é trazer novamente leveza e descontração à Sessão da Tarde. Mesmo que, para isso, seja preciso viver de passado.

sábado, 10 de junho de 2017

A Força do Querer é um lixo superestimado e continua com a ruindade que se instalou no horário há muito tempo

Que as novelas das nove andam péssimas e não é de hoje, todo mundo sabe. Talvez a última boa novela no horário tenha sido Insensato Coração, do grande Gilberto Braga.

Depois, veio um caminhão de lixo, um atrás do outro. Inclusive Babilônia, do mesmo Gilberto Braga, que eu achava a pior de todas até o presente momento.

O problema é que todo mundo anda elogiando a atual A Força do Querer, como se ela fosse a salvação.

Bom, se o quesito considerado for audiência, pode até ser. Desde Império (outra superestimada) não se via tantos pontos no ibope.

Agora, se a gente for falar de qualidade, a coisa é diferente.

A história central é fraquíssima. Os atores são quase todos canastrões. Eu até discordo do povo que critica a atuação do Fiuk, como se ele fosse o único ali que atuasse mal. Não. Ele atua tão bem quanto o restante.

Pra não dizer que não gosto de tudo, eu adoro a maneira como a autora aborda a questão da transexualidade. É o que está me fazendo acompanhar essa novela pavorosa. A personagem Ivana é muito interessante. A menina que a interpreta é boa atriz e convence só com o olhar.

Outra atriz maravilhosa que aceitou fazer parte dessa roubada é a minha queridinha, Débora Falabella. Talvez a melhor atriz da novela.

Agora, as personagens Zeca, Eurico e Joyce não me descem de jeito nenhum. O machismo deles deveria ser tratado pela novelista como uma crítica, e não como algo "bonitinho" como ela andou escrevendo no Twitter.

Se a Glória Perez, mais para a frente, usar isso para passar uma lição de moral na sociedade, como tem feito com os transexuais, eu posso mudar de opinião. Por enquanto, o que se vê é uma apologia ao machismo, sob a desculpa de que é "cultural". Uma grande bola fora para alguém que perdeu a filha por causa de machismo.

Aliás, sua filha, a atriz Daniela Perez, era talentosíssima, ao contrário da mãe, que só sabe escrever a mesma novela várias vezes e reciclar. Nem sempre talento vem de família, não é mesmo?

Outra coisa ruim é a trilha sonora. Botaram logo duas músicas breganejas como tema do casal Zeca e Jeiza. A música da Ivana é linda como ela: True Colors, da Cindy Lauper. Mas, personagens vulgares, têm que ter músicas vulgares. Está certo.

Outra que eu acho um saco é a Ritinha. Isis Valverde é superestimada até na beleza, quem dirá como atriz.

O meu destaque das novelas desse ano vai para Malhação - Viva a Diferença, que fala sobre varios tipos diferentes de preconceito, e a trama das seis, Novo Mundo, uma verdadeira aula de história do Brasil, além de ser romântica e ingênua, tudo que o horário precisa.

Aliás, meus aplausos para as últimas novelas das seis. As melhores novelas do país têm sido, de uns anos pra cá, apresentadas nessa faixa.

Enquanto isso, às 21 horas, só se vê violência, palavras de baixo calão e baixarias de todo tipo.

O horário está sendo disputado por Walcyr Carrasco e Aguinaldo Silva, para a novela seguinte. Eu torço completamente por Aguinaldo, um dos maiores novelistas desse país, tanto que desperta a inveja de críticos fracassados como Leão Lobo. A única novela ruim do Aguinaldo foi Fina Estampa, porque as demais foram excelentes.

Já o Walcyr, é outro enganador também como a Glória Perez, e de bom mesmo só fez Chocolate com Pimenta.

Resumindo: não vejo a hora de acabar esse verdadeiro martírio que é a A Força do Querer. Estamos carentes de boas novelas.

domingo, 4 de junho de 2017

As grandes novelas das sete que deixaram saudade e a falta de bom humor das novelas recentes

Uma das minhas maiores paixões é a teledramaturgia. Adoro assistir novelas, e mais do que isso, adoro comentá-las. Quando não tenho alguém para compartilhar minhas opiniões, eu escrevo para que as pessoas possam ler o que acho de determinado folhetim.

Nesse texto, queria comentar uma faixa de horário que é a minha favorita: a das 19 horas. Ou seja, a popular "novela das sete".

O que mais me atrai nos folhetins desse horário, é a velha comédia de costumes.

Quem trouxe esse formato para a TV, no caso para a Rede Globo, foi a dupla Silvio de Abreu e Jorge Fernando, nos anos 80.

Naquela década, ficou comum aquele padrão de neo-chanchada: tortadas na cara, gente que tropeçava sem querer, pessoas com a voz ou sotaque engraçado, texto ágil com bastante duplo sentido sutil, que muitas vezes passava despercebido, e por isso mesmo, era inteligentíssimo.

O estilo Abreu - Fernando foi adotado por outros autores, como Cassiano Gabus Mendes e o então iniciante Carlos Lombardi.

Juntos, eles foram responsáveis por grandes sucessos como Guerra dos Sexos, Ti Ti Ti, Plumas e Paetês, Brega e Chique, Bebê a Bordo etc.

No início dos anos 90, um novo autor, vindo do cinema, veio trazer ainda mais leveza ao horário, com suas histórias recheadas de surfistas e adolescentes felizes. Com seu jeito de garotão, Antônio Calmon, um dos meus autores favoritos, fazia sua estréia como co-autor junto com Walther Negrão, na maravilhosa Top Model. Que bela estréia, meus amigos!

As novelas das sete tiveram seus altos e baixos na metade e no final dos anos 90. Mas o estilo debochado dos anos 80 ganharia um revival no início dos anos 2000.

Foi nessa época que tivemos Uga Uga, do Lombardi, cheia de homens sem camisa e mulheres decotadas; Um Anjo Caiu do Céu, do Calmon, na minha modesta opinião a melhor de todas das sete; Desejos de Mulher, que tentava ser mais séria e que me atraía mais por causa da abertura; e O Beijo do Vampiro, novamente Calmon, um revival de Vamp, que embora tenha sido um fracasso, é até hoje solicitada sua reprise e que pra mim foi tão boa quanto a "original".

Deixei para citar à parte As Filhas da Mãe, exibida entre Um Anjo e Desejos. Essa novela contou com atuações incríveis de Cláudia Raia, Fernanda Montenegro e Raul Cortez, entre outros. Tinha uma linguagem considerada difícil, e parte da trama era contada através de raps. O público acabou não compreendendo. Mas a novela, também de Silvio de Abreu, ficou como uma nova roupagem para os sucessos que ele escrevia vinte anos antes.

Recentemente, a "tradição" foi mantida por outros sucessos, como Morde e Assopra, mas também houve uma série de novelas terríveis, que fugiam da comicidade e apostavam no drama, como Geração Brasil, Além do Horizonte, Totalmente Demais etc. Tão ruins que até me dói escrever seus títulos.

O bom humor voltou com Haja Coração, remake de Sassaricando que a princípio, me atraiu por causa de seu elenco feminino, recheado de beldades como Mariana Ximenes, Ellen Roche, Malu Mader, Chandelly Braz, Fernanda Vasconcellos e Agatha Moreira, esta última, vinda de Malhação, mas como não assisti a temporada da qual ela participou, foi Haja Coração que me apresentou a essa gata.

Só que, com o tempo, eu fui atraído pelo enredo também, muito simpático e com grandes deixas no final de cada capítulo.

Seus 138 capítulos passaram tão rápido e chegou Rock Story, que desde o início foi uma grande promessa. Embora Rock Story fuja dos padrões cômicos das sete da noite, é sim uma grande novela.

Além de abordar o gênero rock com muita propriedade e respeito, sem ser caricatural como é a maior parte da mídia jovem no Brasil e exterior, a novela era uma ótima oportunidade de ver musas como Alinne Moraes, Viviane Araújo, Júlia Rabello e Nathalia Dill, uma verdadeira princesa.

Mas há, sim, bons momentos humorísticos, graças aos personagens de Ana Beatriz Nogueira e do jovem galã Rafael Vitti, um dos maiores destaques da trama. Apesar de, a partir de um certo momento, Vitti aparecer bem menos do que no início, ele foi a grande cartada.

Eu comparo Rock Story com Alto Astral. Uma novela das sete atípica, sem ser muito engraçada, mas que ainda assim cumpria seus objetivos. E assim como Alto Astral, muito boa.

Na reta final, tivemos uma participação do super gente fina Evandro Mesquita, que veio colaborar para que o núcleo cômico da novela aumentasse.

Na próxima semana estréia Pega Pega, que parece trazer, mais uma vez, a comédia.

As chamadas têm "chamado" minha atenção, com o perdão do trocadilho infame. Mas é verdade. Eu pretendo acompanhar essa nova novela, e espero que não fique chata com o passar do tempo.

Um ponto positivo é a presença de Cristina Pereira, excelente comediante. Vamos ver se ela vai levar tudo nas costas ou se haverá outros atrativos.

O fato é que as novelas das sete sempre estiveram presentes no cotidiano e nos lares das famílias brasileiras. E tudo indica que teremos mais um grande divertimento vindo aí, ainda que não seja um sucesso.