quarta-feira, 13 de março de 2019

Novela ignora o auge da música sertaneja no Brasil

A novela Verão 90 é excelente. Ponto. Eu estou gostando dela desde o início, e tem tudo para ficar melhor.

Mas até agora, eu tenho notado um detalhe: a novela não mencionou, em nenhum momento, o sucesso da Música Sertaneja.

Tudo bem que ela se inicia nos anos 80, quando o pop bacana de Michael Sullivan e Paulo Massadas e o Rock Brasileiro estavam em alta. O grupo A Patotinha Mágica, que protagoniza a novela, é uma referência ao Balão Mágico e ao Trem da Alegria, mostrando um período em que a música infantil também era forte - e de muito boa qualidade.

Mas a segunda fase da novela, que já começou, se passa no verão de 1990.

E o que estava no auge nesse ano? Sim, meus caros. O Sertanejo, que na época era representado digníssimamente por duplas como Chitãozinho e Xororó e Leandro e Leonardo.

Haviam muitas outras duplas, algumas se lançando na época, como Maurício e Mauri, outras que já vinham de tempos remotos, mas se atualizaram para o estilo romântico, como João Mineiro e Marciano.

Haviam também cantores mais pop, como Conrado, Maurício Mattar, Marcelo Augusto e Fábio Jr., que entraram de corpo e alma na onda sertaneja. Vejam músicas como Rio e Canoa, do Fábio, ou Deus te Proteja de Mim, do Wando, e me digam se não tem um quê de Brasil rural que estava se ascendendo.

Havia também a Lambada, ritmo que já teve seus momentos no final dos anos 80, mas no começo de 90 ainda tinha espaço junto com o axé. Ainda bem que Verão 90 tem lambada na trilha sonora, hits de Beto Barbosa e Kaoma.

É verdade que a Rede Globo foi a última a aderir ao movimento (sim, movimento; o tempo provaria que era mais do que um modismo). A MTV não aderiu. E na novela há uma tal de Pop TV, que é uma homenagem à extinta emissora paulista. Talvez seja por isso.

Mas a Globo deu ao sertanejo um verniz de sofisticado. Colocou Chrystian e Ralf e outros para cantar no Especial do Rei Roberto Carlos. Aliás, de lá pra cá, o que seria o repertório de Roberto se não canções sertanejas? No seu LP de 1991, ele aparece com um chapéu de cowboy, e ainda aponta para o chapéu, para deixar claro que ele era fã declarado do gênero.

E praticamente todas as novelas do período 1990-1992 tem uma ou mais músicas sertanejas em suas trilhas sonoras. Exemplos? Deus nos Acuda, Perigosas Peruas, Pedra Sobre Pedra. Esta última, trazia cantores de MPB cantando sertanejo, como Fafá de Belém e Sá e Guarabyra. Além da musa Roberta Miranda, em dueto com Fagner, mostrando que nesse tempo o sertanejo feminino já tinha seu espaço mais que conquistado.

O sucesso foi tanto que o SBT criou o programa Sabadão Sertanejo, em 91, apresentado por Gugu Liberato. A Promoart, empresa de Gugu, até lançou uma dupla sertaneja, os meninos Jean e Marcos, que chegaram a emplacar algumas músicas.

Os críticos musicais lamentavam a explosão do sertanejo, tanto que haviam matérias em jornais e revistas dizendo que o Brasil vivia o pior momento da sua história política e cultural. Mas eu discordo disso.

A música sertaneja estava vindo para ficar, tanto que ela está aí até hoje e virou até universitária.

Vamos ver se Verão 90 irá falar do sertanejo antes de seu término. Caso contrário, ela irá terminar e o sertanejo irá continuar na boca do povo.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

A importância de haver uma tv pública e o golpismo dos que querem extingui-la

O atual governo ameaçou acabar com a TV Brasil, emissora de caráter educativo criada pelo ex-presidente Lula em 2007.

Felizmente, isso não aconteceu. Ao menos, por enquanto.

Mas sua equipe já mandou anunciar que a emissora terá uma programação diferente, voltada "para o povo brasileiro". Em que mudanças isso implica, eu não sei, já que uma tv controlada pelo Governo Federal tem o dever de ser voltada para o povo brasileiro.

A TV Brasil é uma tv pública de grande qualidade. Conta com uma ótima programação infantil, a maioria dos desenhos são nacionais e feitos com verbas públicas. O que, ao contrário do que muita gente pensa, não é nada fácil.

A programação adulta é maravilhosa. Filmes brasileiros, documentários sobre História, noticiários que informam de fato e não são golpistas como os programas jornalísticos das grandes emissoras privadas, que além de não terem compromisso com cultura e educação, também não têm com a verdade.

Há o ótimo programa Sem Censura, um programa de entrevistas que sempre recebe convidados que têm algo a dizer.

E há programas musicais, aos montes. Samba na Gamboa, com Diogo Nogueira, Brasil Caipira, que só abre espaço para a verdadeira música caipira, ou sertaneja, como queiram. Se bem que música sertaneja, na verdade, é a música do Nordeste. Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Zé Ramalho. Mas não importa. Tanto a caipira quanto a sertaneja têm vez na TV Brasil.

Há também programas de esporte, sobretudo futebol, mas ele é tratado apenas como um mero esporte e não como a salvação do país. Esportes violentos, como o MMA, estão banidos, porque além de não serem artísticos, ainda são degradantes.

Mas estou fazendo este texto para condenar pessoas como Daniel Fraga e Kim Kataguiri, defensores de uma ideologia ultra-liberal onde o Estado deve ser o mínimo possível. O ideal, para eles, é que nem houvesse Estado.

Fraga, que embora tenha opiniões inteligentes contra religião (ele é ateu como eu), é um verdadeiro imbecil quando o assunto é política, economia, sociedade e cultura.

Há um video em seu canal, de alguns anos atrás, onde ele prega o fim da TV Cultura de São Paulo e da TV Brasil, duas emissoras que pertencem ao povo brasileiro.

Confundindo público com estatal, coisa que ele também deve ser contra, ele chama a programação dessas emissoras de "lixo" e de "muito ruim".

Como ele pode chamar de ruim programas como Vila Sésamo, feito inclusive em parceria com a TV Globo, ou Castelo Rá-Tim-Bum e Mundo da Lua?

Esse cara é um idiota.

Deve ser porque numa tv pública, é proibido emitir qualquer juízo de valor ou defender opiniões elitistas. É isso que esses caras abominam.

Eu só espero que o atual governo não acabe com o caráter educacional da TV Brasil, como o governo paulista tem feito com a Cultura desde a tenebrosa gestão de João Sayad.

A direita não é muita chegada em um povo culto. Por isso, talvez, eles até a privatizem, para que se torne apenas mais um canal interessado na audiência e no lucro.

Cabe a nós, povo brasileiro, lutarmos contra isso.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O pesadelo do governo Bolsonaro

Estamos vivendo uma época terrível da vida brasileira.

O pesadelo que nós já imaginávamos desde 2011, quando ele começou a ganhar apoio nas redes sociais, se concretizou no último mês de outubro.

Acho que já sabem a que me refiro: Jair Messias Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil, e assumiu no dia primeiro de janeiro deste ano.

Um homem que se orgulha de odiar pobre, negro, trabalhador, mulher e principalmente homossexual, irá cumprir mandato pelos próximos quatro anos, a menos que alguém faça alguma coisa.

Eu posso deitar na cama nesse período e dormir, se não feliz, ao menos tranquilo de não ter votado nele.

Votei em Alckmin no primeiro turno e em Haddad no segundo. Mas até mesmo Cabo Daciolo representaria menos perigo à democracia do que o "general", como é conhecido pelos simpatizantes. Aliás, ele tem simpatizantes? Para mim, são apenas fanáticos que aplaudem qualquer atitude que ele tomar.

Reparem numa coisa: por mais que se decepcionem com um governo, as elites só vão Às ruas pedir seu impedimento caso ele seja progressista.

Foi assim na Era Vargas. Quantas vezes não o chamaram de demagogo e populista, por ele ter criado férias, décimo-terceiro, salário-mínimo, aposentadoria etc. Foi assim na Era JK, quando o chamaram de populista por criar nova capital, e construir estradas. Foi assim com Jango, por ele ter prometido uma ampla reforma agrária no país. Foi assim com FHC, por ter criado um plano econômico que nos salvou de uma inflação histórica. E foi assim com Lula e Dilma, que entre outras coisas, enfrentaram crises mundiais de modo que o Brasil passasse praticamente ileso, mantiveram uma inflação controlada e, sem o menor medo de errar, foram os MAIORES criadores de emprego e renda que o Brasil já teve.

Agora, vejam os governos reacionários, que sempre votam contra o povo. Quem protesta contra eles é sempre uma elite intelectual, e jamais uma elite financeira. Vocês já viram algum empresário em alguma passeata contra a ditadura militar, sobretudo no seu período mais negro, que foi a Era Médici? Algum burguês foi a favor da deposição do Collor, em 92? Ou algum político de direita mesmo, dar um pio sobre as corrupções do Temer, em todo seu tempo de governo?

As eleições de 2018 entrarão para a história como a mais direitista desde 1989. Nas eleições de 94, 98 e principalmente 2002, havia um predomínio dos candidatos de esquerda.

Eu apoiei Fernando Haddad por ele ser um cara culto, ligado às massas, por dar continuidade ao projeto do Partido dos Trabalhadores e o principal: não é preconceituoso. Acredito que isso ajuda na credibilidade, não é mesmo?

Além do mais, a vice dele, Manuela Dávila, é uma mulher lindíssima, defensora dos gays e da liberdade de crença. E ligada a ao PCdoB, um grande partido.

Infelizmente, o país preferiu investir na burrice, no atraso. E hoje, estamos pagando por isso, com um presidente cortando gastos do Estado, extinguindo o Ministério do Trabalho e até liberando o porte de armas para o cidadão comum.

Provavelmente, mesmo assim, seus eleitores dificilmente darão o braço a torcer e admitirão que votaram errado. SE alguém for às ruas protetar, serão os estudantes, os operários e os camponeses. Os primeiros, pela sua admirável intelectualidade. Os demais, por serem também povo e pela sua inteligência intuitiva.