sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

A palavra "crush", a influência do estrangeiro e a neo-cafonice

Eu vejo quase todas as jovens meninas dizendo "crush". "Fulano é meu crush", "essa música lembra meu crush". E geralmente são projetos de músicas, pois me recuso a chamar de músicas essas coisas que estão na boca das garotas.

Quando fiz curso de teatro, eu era bombardeado com essa palavra, durante conversas que eu ouvia sem participar - como sempre foi comigo.

Aquilo me irritava profundamente, mas eu ficava calado. Mas refletia sobre como fenômenos de idiotização coletiva têm o poder de influencia na nossa sociedade.

Ao contrário do que possam pensar, nada tenho contra estrangeirismos.

A minha vida está mais próxima de uma balada sussurrada por Bing Crosby do que dos alegres chorinhos de Altamiro Carrilho. Está mais para um dramalhão mexicano do que para a brasileiríssima minissérie As Cariocas (excelente, diga-se de passagem).

Mas o que ocorre comigo está longe de ser a realidade da imensa maioria. Problemas, é claro, todos nós temos, mas não creio que essas mocinhas, na flor da idade e apaixonadas pelos seus "crushs" estejam vivenciando uma vida problemática.

Muito pelo contrário, essas jovens mancebas estão vivendo a plena felicidade, ainda que muitas vezes não notem.

Mesmo eu tendo uma vida mais próxima das gélidas montanhas norueguesas, eu não troco por nada viver em um país recheado de lindas cachoeiras, dos verdes campos da selva amazônica, e sobretudo das lindas praias ensolaradas.

Não tenho muito o que comemorar. Sou um cidadão paulista, embora não paulistano. Não chego a morar na terrível capital, lugar onde o povo é altamente workaholic e respira o poluído ar movido a cansaço. Mas moro no litoral, que tenta imitar a pureza do estilo de vida fluminense, mas sem o glamour de um Leblon, de uma Ipanema.

Indo mais longe, eu não gosto sequer da palavra "paquera", o equivalente a "crush" há alguns anos atrás. Ao passo que "crush" demonstra viralatismo, "paquera" prova infantilidade. E eu juro a vocês que nem mesmo na puberdade eu me utilizava desse termo.

Então, que palavra usar para se referir à pessoa que estamos amando?

Sugiro "amor" ou "paixão". Assim mesmo, como adjetivos. Exemplo: "Aquela linda mulher é meu amor, minha paixão". Passa a ser até mesmo um nome próprio.

Bem menos arcaico do que "paquera" e infinitamente menos cafona do que "crush".

Para os que gostam de romantizar a língua, como eu, ficaria interessante usar expressões de adoração como "minha vida", "meu tudo", "minha dádiva" (como cantava Cassia Eller).

Mas creio que tal atitude seria vista como exagero pelos demais.

Hoje em dia, só o exagero da tosquice é visto como normal. Exagerar no romântico, no saudável e no inteligente é fora de moda.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

PEC do Teto é o primeiro passo para retomar o crescimento, mas governo precisa tomar outras atitudes

A aprovação da PEC do Teto, que reduz o limite nos gastos públicos por 20 anos, foi aprovada pelo Senado e entrará em vigor sem precisar ser sancionada pelo Governo Federal.

A medida gerou revoltas e protestos dos velhos inimigos do capital, aqueles que estavam satisfeitos com a inflação que vinha crescendo exponencialmente no último governo e chegara a dois dígitos.

Entretanto, o governo Temer está muito longe da perfeição. E isso por ser intervencionista demais. Obviamente, é muito melhor do que o anterior, mas falta muita coisa a ser feita ainda.

Quando Temer extinguiu o Ministério da Cultura - na realidade, o fundiu com o Ministério da Educação - eu o aplaudi de pé, e cheguei a crer que estávamos vivendo uma nova era. Uma era que mal havia começado e já parecia ser mais capitalista do que os governos da década de 90. Cheguei mesmo a acreditar que finalmente tínhamos nosso equivalente a Reagan.

Mas tudo não passou de fogo de palha. Foi só meia dúzia de estudantes e "artistas" fracassados entrarem em ação, que o governo voltou atrás e recriou o Ministério. Uma atitude bem covarde e precipitada.

Cultura não deve ser tratada como uma política de Estado. Cultura é uma coisa de caráter subjetivo, portanto, governo nenhum tem o direito de investir milhões do dinheiro alheio em obras que, no final das contas, nem rendem lucro.

Um outro equívoco de Temer é manter os programas sociais, uma herança maldita deixada pelo PT. Quem me dera se esmolas como o Bolsa-Família tivessem o mesmo fim do Fome Zero, um retumbante fracasso.

Mas infelizmente, Temer pretende manter esses programas, embora não pretenda ampliá-los (já é alguma coisa).

Por outro lado, eu acho um absurdo haver uma reforma na Previdência. Agora, como se não bastasse a idade mínima de 65 anos, é preciso contribuir 49 anos para poder se aposentar.

Por que ao invés de massacrar o trabalhador com horas e horas de jornada de trabalho, não se privatizam logo todos os hospitais públicos, só para citar um exemplo? Garanto que economizaria muito dinheiro sem precisar fazer esse massacre com o povo brasileiro, e ainda por cima nos livraria do péssimo atendimento em tais hospitais.

Infelizmente as coisas não funcionam do modo que deveriam funcionar. O governo arruma uma solução paliativa e incompleta. E pior: cheia de falhas. Muitas águas vão rolar ainda nesse córrego. Só espero que isso não vá acabar num poço sem fundo.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A educação em SP e o nível dos professores

Quando eu cursava o Ensino Médio, eu costumava ouvir lamentos de professores sobre os baixos salários recebidos.

Eles argumentavam que o governo tucano havia sucateado a educação pública em São Paulo e que por isso a qualidade do ensino decaíra.

Entretanto, nos anos em que estive na escola, o que eu vi foi outra coisa.

O nível era baixo mesmo, mas os responsáveis por isso não eram os governantes e sim, os PRÓPRIOS PROFESSORES.

Explico. A grande maioria dos professores apenas cumpria seu serviço, de passar as lições e avaliar as notas, sem no entanto instruir cada aluno.

Alguns iam além e apenas sentavam-se à mesa, aguardando o fim da aula, e sequer passavam alguma lição.

Isso foi nos primeiros anos.

Ao final do meu Ensino Médio, o governo do PSDB iniciou a distribuição das chamadas cartilhas do aluno, conhecidas popularmente como "apostilas".

Esse modelo pode até ter sua funcionalidade discutível, mas era prático e didático.

No entanto, a situação nas escolas piorou ainda mais com a adoção desse método e, novamente, os culpados foram os educandos, e não somente o Estado.

As aulas tornaram-se abjetas. O "educador" mandava que nós anotássemos algum texto da apostila, as vezes respondêssemos algumas questões da mesma, e entregássemos em folha separada, ou mesmo em nossos próprios cadernos. E pronto. Era só aguardar o sinal sonoro e o início da aula seguinte.

Não havia discussão, debate, não havia nada. Nem mesmo a palavra de ordem do professor. Era tudo extremamente anestésico, no mau sentido.

Claro, os professores não são os únicos errados nessa história. Os alunos também contribuíam, com sua total falta de interesse nos temas.

As disciplinas que lidavam com números eram as que obtiam maior êxito na preferencia dos meus colegas. Mas nunca na minha. Não que eu não gostasse de exatas. Mas nunca tive facilidade com elas.

No entanto, as aulas de Língua Portuguesa, História, Filosofia, Sociologia etc, eram minha especialidade. Sempre me saí muito bem ao fazer redações. Já meus companheiros de classe detestavam pensar e preferiam fazer cálculos. O que não acho condenável, de modo algum. Antes se aprofundar em cálculos do que permanecer no ócio.

Mas o fato é que, além de os alunos não se interessarem em quase nada, os professores pouco faziam para despertar neles algum interesse. Portanto, eles não podem sair ilesos de culpa e ainda por cima reclamarem do seu ordenado no final do mês.

A educação em SP não é perfeita, logicamente. Mas seus índices ainda são os mais elevados do país. Material enviado pelo governo é o que não falta. No meu antigo colégio, haviam pilhas e mais pilhas de livros, tanto para ensino como também obras de autores renomados. Eu li a coleção inteira de Monteiro Lobato através da biblioteca que havia lá.

Vale lembrar também , que a TV Cultura é mantida com verbas públicas do Estado de São Paulo, e naufraga na audiência em todo o país. Uma programação muito interessante, mas às custas de dinheiro jogado no lixo, para que ninguém assista.

Portanto, não culpemos os governadores de sucessivos mandatos por um relaxo de gente descompromissada e sem vocação.

Se a educação em meu estado está um engodo (e está melhor do que nos demais!), em parte é por causa dos alunos, e em parte ainda maior é por causa dos professores, que não sabem instigar seus alunos.

O resto é conversa para boi dormir, assim como as aulas nas escolas públicas.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O possível fim da Operação Lava Jato e o fim da nossa esperança política

A Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada da última quarta-feira, 30 de novembro, uma emenda ao pacote anti-corrupção, por 313 votos a 132.

O "pacote" em questão foi criado em março, por intermédio dos próprios deputados, como uma maneira de punir juizes e membros do Ministério Público que cometerem "abusos de autoridade" contra parlamentares.

Ou seja, nobre leitor: estamos diante de uma inversão de valores. Os parlamentares querem o direito de terem suas vidas particulares mantidas em sigilo, e se algum juiz se atrever a investigar seus atos criminosos, ele poderá ser preso por lei. Em que mundo vamos parar?

Agora a medida será votada pelo Senado e, se aprovada, deverá ter a sanção do Presidente da República.

Mas a votação de quarta serve também para trazer novamente à tona aquele velho debate "esquerda X direita". Será que essa dicotomia realmente existe no Brasil?

Eu fico em dúvida quanto à isso, quando vejo Jean Wyllys, do PSOl, votando contra, e vários demistas, ou seja, vários "conservadores", votaram a favor da medida.

Muito embora, a grande maioria dos petistas votou a favor. Nesse caso, nada de incomum.

Sim, pois apesar de os juízes muitas vezes serem corrutos, eles não passam a mão na cabeça de políticos que se envolvem em atos de corrupção diferentes.

Neste caso, o PT não seguiu aquele ditado: "Ladrão que apóia ladrão tem cem anos de perdão". O ditado, aqui, está mais para "libertar-se dos anéis para salvar os dedos".

Mas não sei se fico impressionado com partidos tidos como direitistas querendo a aprovação da emenda, entre eles o PR, o PP, o PSC e o PMDB (direitista?)

Afinal, o ex-prefeito e hoje deputado Paulo Maluf, do PP, tentou aprovar uma lei no Congresso para punir autoridades que agissem por "ma fé, promoção pessoal ou perseguição política". Ou seja, autoridades que tentassem defender o Brasil.

É certo que o juiz Sérgio Moro já pretendia acabar com a Lava Jato até dezembro. Mas a idéia dele era de que a operação tivesse fim com êxito, após ter colocado todos os envolvidos atrás das grades.

Eu também gostaria que assim fosse. Mas enquanto os culpados não fossem condenados, que as investigações continuassem. Ela não poderia ter um fim tão brusco, ainda mais por decisão de gente que poderia estar sendo autuada!

Quando vejo praticamente toda a classe artística apoiando bandidos, como meu antigo professor de teatro, que classificou Moro como "tendencioso", cai sobre mim um misto de decepção e falta de esperança.

Parece que o Brasil não tem mais jeito. Talvez, nem o mundo tenha jeito mais.

Quando penso que Lula, ao invés de estar preso, é um dos favoritos para as eleições de 2018, vejo que o nosso povo tem o destino que merece.

Costumo terminar sempre com alguma pergunta para que vocês reflitam sobre o que poderá acontecer. Mas, diante da situação, prefiro calar-me e calado assistir à morte do Brasil.

Deixo que os Titãs falem por mim:

"Vamos deixar que entrem
Como uma interrogação?
Até os inocentes
Aqui já não tem perdão
Vamos pedir que quebrem?
Destruir qualquer certeza
Até o que é mesmo belo
Aqui já não tem beleza"

Genial e atual. Mesmo neste país morto.

sábado, 1 de outubro de 2016

A doce magia das novelas de Manoel Carlos e o retrato de um tempo perdido

Assistir a reprise de Laços de Familia no Viva me trouxe a magia da infância de volta.

Me lembrava pouco da novela, mas lembro que a cena de Camila (Carolina Dieckmann) raspando a cabeça, aos prantos, ao som de Love By Grace, foi super-comentada nos dias seguintes. E eu tive a honra de assistir a cena em tempo real, quando foi ao ar. Tinha 5 anos na ocasião.

Resolvi escrever esse texto para falar sobre as novelas do Manoel Carlos, tendo Laços de Família como base, por ser a novela dele que está no ar atualmente. Prometo não concentrar minha atenção na Déborah Secco nem na Giovanna Antonelli, apesar de serem duas lindas mulheres e de brilharem demais na trama. Aliás, a história de Capitu, personagem de Giovanna, ganhou mais destaque do que a da própria Helena. Para mim, Capitu foi a real protagonista de Laços de Família. Mas prometo não desviar do assunto para falar nela.

Na MINHA OPINIÃO, Manoel Carlos é o melhor novelista do mundo. Sim, eu sei que isso é polêmico, mas notem as letras garrafais. É única, e exclusivamente, MINHA OPINIÃO.

Eu penso desta forma pela maneira leve, mas poética, na qual ele conta suas histórias. Nas paisagens, no modo de vida da classe média urbana carioca. No modo de retratar a vida individual, em casos que se interligam e nos fazem refletir.

A trilha sonora é sempre marcada por clássicos da Bossa Nova, o movimento modernista que trouxe jovialidade à música brasileira, na década de 50, onde a música até então era pesada, sofrida e melancólica.

A Bossa Nova é um reflexo das histórias criadas por Maneco. Doce, suave, tranquila e ao mesmo tempo motivadora.

Um exemplo disso é Viver a Vida, que conta, entre outros casos, a história de vida de uma moça que fica tetraplégica e precisa aprender novos valores.

Ao mesmo tempo que nos faz sonhar com o velho Rio de Janeiro, Manoel Carlos nos passa sempre uma lição. Mas eu nem diria uma lição de moral, pois esse termo acarretaria em algo cruel, impositivo, ordenado, o que acabaria destoando do perfil de seus folhetins. Maneco nos passa mesmo lições de vida, que nos fazem aprender com os nossos próprios erros, ou até mesmo, com quaisquer de nossas atitudes impensadas.

Não consigo compreender, de forma nenhuma, por que Viver a Vida teve forte rejeição de público, se tornando fracasso de audiência.

Infelizmente o público brasileiro não está habituado a ver o cotidiano de um povo feliz, optando pela vulgaridade de Caminho das índias, que tinha acabado antes de Viver a Vida. Aliás, me crucifiquem, mas se Maneco é o melhor novelista do mundo para mim, Glória Perez é a pior. Suas novelas sempre têm um irritante bordão (ou até mais de um!), sucessos radiofônicos, personagens caricatos e historinhas banais. Ou seja: o total oposto do querido Maneco.

Mas, justiça seja feita: eu não gostei de Em Família. Foi a única dele que não me agradou. Embora, o clima suave e relaxante ainda estivesse presente. Maneco não nos traiu, de modo algum. Mas o que não me agradou foram as atuações, em geral, muito fracas. Bruna Marquezine não merece ser chamada de atriz, me desculpem. O que me fez gostar dessa novela foi a Giovanna Antonelli. Tá, não vou mais falar sobre isso.

Em síntese: Manoel Carlos nos faz ver que o Rio de Janeiro não é apenas pancadão e Sapucaí. Não é apenas tiro, porrada e bomba. É também o amor, o sorriso e a flor.

Uma sociedade mais pura, mais nobre, e não falo de dinheiro, mas de comportamento. Mas que também tem seus sonhos muitas vezes não-correspondidos. Que também sofre, chora e até morre.

Lamentavelmente, ele não pretende mais escrever novelas. Perdemos nós com isso, perde a televisão brasileira e o Brasil como um todo.

Resta assistir suas reprises, e se alguém da Globo estiver lendo isso, que por favor acate a sugestão de reprisar Viver a Vida no Vale a Pena Ver de Novo. Pois a qualidade e o sucesso de algo não pode ser medido apenas pela audiência, mas também pela credibilidade.

Por ora, isso é tudo que tenho a dizer. E eu nem precisei falar sobre a Déborah Secco e a Giovanna Antonelli.

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Final de Justiça mostra que a injustiça ainda predomina no Brasil

Eu comecei a acompanhar Justiça, minissérie da Rede Globo de Televisão, apenas em sua última semana.

O programa era muito elogiado e eu tive curiosidade de ver.

Realmente, a minissérie é muito bem-feita, conta com um elenco de tirar o chapéu, muito bem-ambientada e tem ótima iluminação.

Hoje foi ao ar o último capítulo da "história" de sexta-feira. Cada dia da semana tinha uma história diferente. A de sexta-feira foi a que mais chamou minha atenção.

O que eu mais gostava era de ver a belíssima Drica Moraes, no alto dos seus 47 anos, encarnando uma mulher extremamente sensual (ela nem precisa fazer força para isso).

Tratava-se da esposa de um político corrupto, que havia matado, por acidente, a esposa do personagem de Cauã Reymond.

Anos mais tarde, Cauã cria um plano para vingar-se: começa a se envolver sexualmente com Vânia, a personagem de Drica, e ela, louca de amor por ele, aceita gravar um video revelando todas as falcatruas de seu marido.

Entretanto, num evento político, o video é exposto para todos os presentes, algo que nem Vânia nem o marido esperavam.

Então, o político vai até Vânia tirar satisfação com a esposa, que acaba, por susto, caindo da janela do hotel onde estava hospedada.

Dessa forma, Antenor - o tal político corrupto, vivido por Antônio Calloni - é acusado de homicídio e preso.

Entretanto, isso não dura muito tempo e logo ele é posto em liberdade.

Enquanto isso, Maurício (aka Cauã) sofre um atentado dos capangas de Antenor e vai parar no hospital. Ele não chega a morrer, mas tem que partir em busca de nova vida.

Mas a minha bronca maior foi pela morte de Vânia, que apesar de ter cometido um adultério, era uma das menos erradas nessa história.

Eu nem digo isso por ser gamado pela Drica, mas, ela não deveria pagar pelo erro do marido pra que depois o marido pagasse por um erro que não cometeu. E o pior: pagasse por pouco tempo, e logo depois disso sair livre de novo, se candidatando a governador e tudo.

Enfim: eu curti Justiça pela excelente forma como foi feita. Mas seu conteúdo, não foi nada justo para mim. E aposto que muito mais gente concorda comigo.

Justiça ainda era uma oportunidade de ver a super-graciosa Leandra Leal, uma atriz de altíssimo gabarito, além de ser uma mulher extremamente culta e classuda. Uma das minhas favoritas da nova geração.

Quanto à Drica, eu cheguei a escrever sobre ela no meu antigo blog, em 2010, quando ela estava doente. Eu fiquei muito triste e me juntei aos outros fãs na torcida para que ela se curasse da leucemia que a afetava. Felizmente ela está muito bem, firme e forte, nos brindando com seu talento, sua beleza, sua simpatia.

Uma pena que na ficção, ela não pôde dar a volta por cima, como na vida real.

Fica aqui minha solidariedade a essa grande mulher e guerreira.

E, apesar da minha indignação, talvez fosse mesmo a intenção da minissérie mostrar que a justiça muitas vezes não é feita no Brasil. Mas se for isso mesmo, ficou muito estranho esse título.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Qual seria o verdadeiro motivo para a "decadência" da MTV Brasil?

Eu curto pra caramba rock nacional.

O que formatou esse meu gosto foi a MTV Brasil, que marcou minha adolescência como já disse várias vezes aqui.

Desde que a MTV acabou, aparecem artigos na internet tentando entender o que causou isso. Alguns tentando explicar as causas da "decadência" da emissora.

Decidi escrever uma breve história do rock nacional, até chegar na história da MTV.

O rock brasileiro começou com uma abordagem tímida, falando de amores platônicos e questões da comportada juventude de 1959-1960. O primeiro rock com letra em português foi gravado pouco antes disso, em 1957, por um cantor tradicional romântico, Cauby Peixoto. Tratava-se da canção Rock'n'Roll em Copacabana.

Mas o início oficial do nosso rock foi mesmo na virada dos anos 50 para os 60, com os irmãos Tony e Celly Campello, Ronnie Cord, Demétrius e outros. Uma pré-Jovem Guarda, que na época tinha que competir na preferencia do público com os sambas, os boleros e a então nascente Bossa Nova.

O rock se tornaria hegemônico nas rádios entre 1963 e 1968. Era a Jovem Guarda, capitaneada por Roberto e Erasmo Carlos, além da "ternurinha" Wanderléa, Martinha, Leno e Lilian, Renato e Seus Blue Caps etc. Um roquinho ainda comportado, tanto na atitude quanto no som. A influência era mais de Peppino di Capri do que dos Beatles fase psicodélica. O movimento entrou para a história da MPB, criou gírias como "carango" e "morô" e se manteve vivo na década seguinte, através de cantores tidos como bregas. Sim, ouçam Odair José e Paulo Sérgio e me digam se não tem muito de Jovem Guarda.

Aliás, enquanto os bregas emplacavam seus sucessos, o rock brasileiro vivia uma fase ruim. Nos anos 70, veio o progressivo de O Terço, A Bolha e outros. Uma época de muito experimentalismo. Eu, pessoalmente, acho o progressivo uma chatice. Vamos esquecer esse período.

Anos 80 foi a época que a situação se dividiu. O rock ganhou várias vertentes. O que dominava a mídia era a new wave. Letrinhas bobas e ingênuas, para variar. O que diferenciava era o pós-punk, com letras profundas e melodias tristes. Foi a época mais comercial do rock brasileiro, onde até cantor popularesco como Nahim era metido a rockstar.

Chegamos então aos anos 90, tempo da liberdade máxima. É aí que entra a MTV.

Nos anos 90, os jovens fãs de rock sofriam com a crise cultural do país e a falta de espaço nas outras emissoras.

Naquele tempo, quase não haviam videoclipes produzidos no Brasil. Até então, só haviam clipes do Fantástico, a maioria dirigidos pelo Boninho (filho do diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni).

O videocassete ainda não era uma realidade para a juventude pobre. DVD, nem pensar.

Por isso a MTV teve uma importância fundamental. E além de exibir os clipes que o pessoal gostava e nenhum outro canal exibia, ainda divulgava clipes de artistas desconhecidos, lançando tendências.

Vamos pular para os anos 2000, por que aí eu posso comentar melhor, pois eu vivi. Assisti a MTV de 2001 a 2013. Ou seja, desde que eu tinha sete anos até o fechamento da emissora.

Nesse tempo eu dava muitas risadas com o João Gordo. Sabia das novidades no Acesso MTV. Babava por beldades como Mari Moon, Dani Calabresa, Luisa Micheletti e muitas outras.

É complicado falar, por que a primeira metade da década foi muito diferente da segunda.

Por exemplo: em 2001, no Piores Clipes do Mundo, Marcos Mion zoava Molejo, Supla e Sandy e Junior. Em 2008, no Descarga, o sarro era no NX Zero.

Agora eu quero comentar: o que PROVAVELMENTE tenha causado a decadencia e, consequentemente, o fim da MTV, foi o preconceito com novos estilos.

A partir de 2009 veio o modismo do happy rock. Bandas como Cine e Restart.

Pelo que lembro, essa galerinha rolava muito pouco na playlist.

Não vou discutir aqui se isso é bom ou ruim. Mas a MTV, como uma empresa comercial, deveria se abrir mais para o que o telespectador gosta de ouvir. E na época, era isso que 90% do público jovem queria.

Tá, se a desculpa era a credibilidade, então que eles tentassem investir em um segmento mais popular.

Entre 1998-1999, a MTV criou programas voltados para o axé e o pagode. Era o que bombava: Os Travessos, Harmonia do Samba e tal. Foram malhados por isso, mas atingiram picos de audiência.

Em 2007-2008 as bandas de emocore como o citado NX zero, e cantoras pop como Lady Gaga, entraram na programação de boa.

Mas em 2009, além de renegarem os "coloridos" (apelido como ficou conhecido o happy rock), a MTV não incluiu nos seus programas musicais UMA música sertaneja sequer.

Sim, meus caros, se no rock a moda era Restart, na música popular era o sertanejo universitário que estava começando a dar as caras. Mídias como o SBT e as rádios FM já tocavam nomes como Michel Teló, João Bosco e Vinicius e Jorge e Mateus.

E esse pessoal costumava fazer clipes, embora muitos fossem apenas apresentações ao vivo. Mas daria pra passar num canal de clipe sem problemas.

O fato é que a música sertaneja sempre foi associada com idosos, e ninguém aceita a idéia de ver gente nova curtindo esse estilo musical.

Mas o fato é que o sertanejo veio pra ficar e está em primeiro lugar nas paradas há mais de dez anos.

Sabem o que explica esse sucesso? A união dos artistas desse gênero. No rock, os emos falam mal dos coloridos, os metaleiros falam mal dos punks, os roqueiros cristãos falam mal do black metal e o Tico Santa Cruz fala mal de tudo.

No sertanejo, não. TODAS as gerações, de Milionário e José Rico até Cristiano Araújo, cantam juntos, regravam músicas uns dos outros, enfim, é um clima de camaradagem que quase não se vê em outro segmento.

Os roqueiros deveriam se unir. Uma banda como Fresno, pra mim é tão legal quanto Titãs. Enquanto houver essas briguinhas idiotas entre as bandas, vai ser difícil para o rock voltar ao topo.

Mas voltando a MTV: o fim foi pela falta de abertura para o novo, para as mudanças.

Hoje, nos resta acompanhar a evolução e entender que a Internet veio para fazer o papel que a MTV fazia. Hoje nem o rádio mais exerce tanto poder de influência.

Então, saúdo aqui o capitalismo, que através de plataformas digitais como Youtube e VEVO, nos permitem ver e ouvir o clipe de nossos artistas favoritos, a qualquer hora do dia.

Vou continuar com a memória da MTV, que foi importantíssima no seu tempo. Inclusive, me lembrando de clipes que eu assistia nela, e os revendo através do Youtube.

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O Diário de Tati é um filme maravilhoso sobre a adolescência e não justifica tanto rancor

Eu tava vendo hoje a Sessão da Tarde e vi o filme O Diário de Tati. Não é a primeira vez que ele é exibido, mas foi a primeira que o assisti.

Aí resolvi procurar notícias na internet, pra saber o que o pessoal achava. E me deparei com críticas extremamente agressivas. Duas em especial chamaram minha atenção: a de Marcelo Hessel, no portal Omelete do Uol, e a de Lucas Salgado no site Adoro Cinema.

Eu, particularmente, gostei muito. Sou suspeito pra falar, por que adoro filmes adolescentes. Foi uma fase boa e ruim da minha vida. Boa por que eu vivia jogando videogame, assistindo a MTV e ouvindo rádio. Ruim por causa do bullyng na escola, da falta de amizades e da ausência familiar. Mas esse texto não é sobre minha vida. Adiante.

O filme conta com Heloisa Perisse no papel principal. O filme foi foi rodado em 2006, mas só foi lançado em 2012 por falta de patrocínio. Eu, como apreciador de cinema brazuca, sei o quanto é difícil fazer cinema neste país sem incentivos governamentais. Só isso já é uma grande qualidade da equipe que trabalhou nesse filme.

A crítica maior que se deu foi pelo fato da protagonista ser uma adolescente de 15 anos vivida por uma mulher de 40 na época. Mas isso não soa deslocado, tendo em vista que Heloisa, maravilhosa como sempre, é uma mulher extremamente jovial e, se eu não soubesse de sua idade, jamais lhe daria 40 anos na época (e muito menos os 50 que ela tem hoje).

É claro que, vendo o quadro dela no Fantástico, eu a achava deslumbrante e vivia sonhando que ela fosse mesmo uma adolescente, pra que ficasse mais fácil de eu namorá-la (risos). Mas mesmo sabendo que não era, eu não imaginava que ela tivesse essa idade toda.

Uma outra crítica é sobre a abordagem da adolescência que é feita no filme. Os autores das críticas citadas acima alegam que o filme trata os adolescentes como se fossem "idiotas" e tem uma visão muito atrasada sobre como é essa fase da vida.

Dizem que as gírias, o vestuário e a própria mentalidade de Tati e seus colegas é retrógrado. Dizem até mesmo que o sonho de montar uma banda é coisa antiga, distante do universo dos jovens de hoje. Mas isso não é uma verdade absoluta.

Eu mesmo sonhava em ter uma banda na adolescência. Sonhava em ser o cara mais popular da escola. Sonhava em ser craque nos esportes e sair com líderes de torcida. Um ideal muito americanizado, muito High School Musical? Talvez.

Mas creio ser muito mais saudável um adolescente desperdiçar seu tempo querendo ser popular e conquistar as gatinhas do que entrar para o crime e para as drogas cada vez mais cedo, como vem ocorrendo com essa geração marcada por MCs mirins e pelo BBB.

Neste sentido, eu achei O Diário de Tati um ótimo filme. Longe de ser uma obra genial, como Bicho de Sete Cabeças, que retrata também o universo adolescente, mas sob outra perspectiva.

Entretanto, O Diário de Tati desperta em nós o desejo de ser adolescente outra vez. E mais do que isso, desperta o desejo de ver novamente uma juventude mais sadia, o que talvez não volte a ocorrer por culpa da mídia, do Estado e das famílias omissas, que permitem a deturpação de valores e o amadurecimento precoce estimulado por conteúdos inadequados.

Longe de mim querer controlar o que cada um assiste. Mas em minha opinião, criança é criança. Adulto é adulto. Com adolescentes não deveria ser diferente. E esse é mais um motivo por que louvo esse filme - por tratar de uma fase quase desprezada pelos meios de comunicação. Não que ela não seja explorada comercialmente, muito pelo contrário. Mas entender os anseios, as angústias e os prazeres dos adolescentes de maneira sóbria, é coisa que raramente se vê.

Diário de Tati é divertidíssimo e eu destaco as atuações de um quase desconhecido (na época) Marcelo Adnet e da estonteante Thais Fersoza, como a garota antipática da escola que pega no pé da mocinha - toda menina tem uma nessa idade, vocês que me leem saberão do que estou dizendo.

Enfim, um filme excelente para assistir com a família. Mas ainda melhor para ver com os amigos da mesma faixa etária.

E a Tati continua sendo a garota dos sonhos até mesmo deste pós-adolescente que vos escreve. Demorô, já é!

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A queda de Dilma e o fim da classificação indicativa - A liberdade novamente bateu em nossa porta

Como começou bem esse mês de setembro, né gente? Duas notícias maravilhosas em menos de 24 horas.

Primeiro foi o afastamento definitivo da presidente da República Dilma Vana Rousseff, por 61 votos a 20 no Senado Federal. Dilma disse que vai recorrer e seus "súditos" já estão chorando a derrota chamando-a de golpe, inconstitucionalidade etc - as mesmas acusações de sempre.

Lógico que os ativistas da esquerda já têm várias passeatas marcadas para pedir o impeachment de Michel Temer, o novo presidente empossado. Talvez seja só fogo de palha, mas é bom "temer", sem brincadeira. Eu tenho muito medo dessa gente e não brinco com isso. Por isso, comemoremos enquanto a direita está no poder.

Hoje li a notícia também de outra queda, além da queda da ex-presidente. Foi a queda da Classificação Indicativa, que desde 2007 regula TODO conteúdo exibido nas salas de cinema, nas emissoras de televisão e também os jogos eletrônicos.

Esse mecanismo foi apresentado em 1990, junto com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas como o governo Collor era liberal, ele não foi posto em prática. E no governo Fernando Henrique, a mesma coisa. No primeiro mandato de Lula, surgiram movimentos moralistas como Ética na TV, até que no segundo mandato do mesmo, ele não resistiu à pressão e aprovou.

Portanto, a televisão brasileira era um palácio da liberdade entre 1988 (fim da Censura Federal) e 2007 (aprovação da Classificação Indicativa).

Quem teve infância nessa época se divertia com filmes como Rambo, Rocky Balboa, Desejo de Matar, Robocop, Elvira - A Rainha das Trevas, e muitos outros que possuíam cenas fortes. Assistia a Banheira do Gugu com a família toda reunida em pleno domingo. Via o gostoso rebolado das dançarinas do É O Tchan e grupos similares.

Uma coisa que me deixava revoltado na felizmente extinta classificação era o amontoado de incoerências que a permeavam. Por exemplo, programas jornalísticos estavam isentos de serem classificados. Por isso, eu vi, em 2011, o Brasil Urgente mostrando, às 6 da tarde, um assaltante entrando numa loja e matando a vendedora com tiros no coração. Isso foi transmitido AO VIVO. E como se tratava de um jornal, não foi censurado.

Mas passar American Pie de tarde nessa mesma época? Isso, nem pensar. Por essas e outras que eu ficava fulo da vida.

Outro absurdo era o fato do Ministro do Supremo Tribunal Federal, na época (nem lembro quem era) dizer que, se uma obra audiovisual apresentasse relações amorosas entre pessoas do mesmo sexo, a classificação poderia baixar, por estar "promovendo o respeito à diversidade". Mas sexo hétero, só depois das 23 horas...

Por isso estou aqui comemorando essas duas vitórias da democracia em tão curto espaço de tempo.

A Era Temer representa o ar puro do sonho libertário, coisa que não víamos desde os saudosos anos FHC.

Será que os anos 90 estarão de volta, e poderemos acompanhar, aliviados, a triste realidade da vida na tela de nossas tvs, sem o menor grau de opressão?

Será que estamos entrando não só num novo tempo governamental, mas também numa nova era da humanidade, ainda que ela se limite ao Brasil?

Isso, meus amigos, só o tempo dirá.

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

A falta de consideração do Canal Brasil

Comecei a assistir o Canal Brasil no final de 2011, começo de 2012, quando coloquei TV a cabo.

Nunca me interessei pela programação das tardes e noites, e de manhã eu estou dormindo. O que mexia comigo era o que rolava nas madrugadas.

Lógico, de vez em quando no horário vespertino passavam as divertidíssimas chanchadas da Atlântida e da Vera Cruz, com Mazaroppi, Oscarito e outros ícones. Agora até isso está raro de serem exibidos. Só querem colocar no ar filmecos de guerrilha de quinta categoria, com apologia ao marxismo cultural.

Por isso, eu me ocupava com outra coisa durante o dia, e guardava minhas energias para madrugar (risos).

Quem acompanha a emissora sabe do que estou falando: a sessão Como Era Gostoso o Nosso Cinema, que ia ao ar de segunda a quinta-feira com o melhor da pornochanchada.

Como foi nessa época que ganhei meu próprio quarto e minha própria TV - sim, antes disso eu dormia junto com meus pais e irmão - eu fazia a festa.

Eu me divertia à beça (pensem no que quiserem) assistindo pérolas dos anos 70 e 80, com deusas do quilate de Helena Ramos, Sônia Garcia, e a minha favorita Matilde Mastrangi, de quem devo ter visto quase todos os seus filmes.

Só que eu fiquei um tempo sem acompanhar e essa semana descobri que o canal reduziu a sessão apenas às terças e quartas.

Não sei quando isso foi feito, mas isso sim é uma verdadeira sacanagem com o telespectador.

Pelo que me recordo, já era comum repetir o mesmo filme duas ou até mais vezes na semana, o que não era totalmente ruim. O que é bom tem que ser reprisado mesmo.

Agora, limitar os dias do programa é falta de respeito.

Uma outra coisa que eu queria comentar é o tamanho dos cortes realizados pela emissora nos filmes.

Uma coisa é diminuir o tempo do filme por falta de espaço na grade. Vá lá, é compreensível. Agora, fazer cortes motivados por moralismo é inadmissível. Tem filme que eles retiram todas as cenas explícitas, e não somente de sexo, mas até a própria nudez das atrizes.

Vou citar um exemplo: o excelente Promiscuidade - Os Pivetes de Kátia. Cansei de vê-lo no Canal Brasil. Mas todo picotado.

Eu leio na Internet que a emissora o exibe assim, por ser a versão que eles adquiriram. Pois o filme original tinha cenas de pedofilia e foi censurado pelos militares. Tá ok, mas e as cenas de sexo com adultos? E as cenas onde a maravilhosa Mara Carmem mostra os seios e se pega com outra mulher?

A versão exibda pelo Canal Brasil não tem NENHUMA CENA SEQUER, nem de sexo nem de nudez.

Portanto, eu vejo esse filme como um excelente suspense ou drama, que no final tem momentos de terror. É tudo, menos erótico. Mas continua sendo maravilhoso.

Minha crítica não é aos filmes, que fique claro, e sim a equipe de programadores do canal.

Então queria deixar isso aqui registrado, e se alguém que ler tiver contato com algum dos programadores, favor chegar até as mãos deles.

Primeiro, comecem a liberar mais ousadia nos filmes. Depois, não repitam os mesmos filmes tantas vezes. Sei que o acervo do Canal Brasil é maior que isso, e tem muito conteúdo. E por fim, voltem a exibir a sessão as segundas e quintas.

domingo, 7 de agosto de 2016

A demonização, o preconceito e a discriminação do estilo sertanejo

Vou seguir na linha de artigos falando sobre música, já que os últimos foram sobre esse assunto.

Hoje iremos falar um pouco sobre preconceito e discriminação.

Ao contrário do que muita gente pensa, preconceito não significa falar mal de algo e sim falar sem conhecer. Por exemplo, se eu estiver de olhos vendados e disser que uma mulher que nunca vi é linda, eu estarei sendo preconceituoso, mesmo tecendo um elogio a ela.

Ou seja: tem muita gente que fala mal de determinado gênero musical ou de determinada música de algum artista, só por que é aquele gênero musical ou aquele artista.

Sem querer puxar a brasa para o que eu gosto e me vitimizar, mas a música sertaneja é o estilo que mais sofre esse tipo de preconceito. Vamos lá, avaliem.

O Heavy Metal é considerado uma música superior pelos roqueiros fanáticos. A música clássica e o jazz, pelos pseudo-intelectuais.

O funk carioca é considerado de qualidade inferior, mas nesse caso, não vejo como preconceito. 90% de sua produção é um lixo completo, e eu posso confirmar por que conheço.

O genero que mais sofre preconceito SEM MERECER, é a Música Sertaneja.

Então vamos nesse texto, tentar responder às criticas mais comuns.

O primeiro ponto: dizem que as letras não têm poesia. Caraca, se "ela tem um brilho forte, brilha feito estrela, ah eu adoro vê-la fazendo aquele amor", não é um verso poético, então não sei o que é poesia para voces.

Ou então "um beijo de paz, um raio de luz, na festa do amor voce me seduz". E muitas outras.

Dizem que os cantores não têm voz e gritam muito.

Mas meus queridos, gritar é para quem pode. Cantar baixo é coisa de quem não tem recursos vocais.

Os artistas gospel e a maioria das popices norte-americanas fazem o maior berreiro e ninguém fala nada.

Eduardo Costa, gritando, passa emoção, passa sentimento com a sua voz. Coisa que o chato e ultrapassado "rei da bossa nova", João Gilberto, não consegue fazer sussurrando.

Existem bons cantores que cantam com a voz mais contida? Sim, claro. Entre eles José Augusto, Gilliard, Fabio Jr., e dentro do sertanejo, Gian e Giovani, Rick, Léo Chaves, a deliciosa Paula Fernandes entre outros.

Mas dizendo de UM MODO GERAL, na grande maioria dos casos quem canta baixo não tem técnica.

Por isso não cola esse papo dos detratores que que cantor sertanejo tem voz de cabrito, por que o que eles definem como "voz de cabrito" eu chamo de INTERPRETAÇÃO.

Eu gosto um pouco de rock. Mas odeio os roqueiros. Essa turma é a mais radical quando o assunto é desrespeitar o gosto alheio. Eles deveriam viver dentro de uma bolha, assim poderiam ouvir só o que quisessem. E também não obrigariam todo mundo a compartilhar de suas opiniões.

Eu admiro muito Lobão quando ele fala de política. Mete o pau no PT, no comunismo e no politicamente correto. Mas quando fala de música, só saem fezes de sua boca.

Como se não bastasse ser um péssimo vocalista, é um invejoso do sucesso que o novo sertanejo vem fazendo.

Mas já elogiou Mr. Catra.

Assim como Guilherme Arantes criticou o sertanejo, o pagode e o axé recentemente, mas chamou os funkeiros de revolucionários. E um cara desses é tido como gênio pela imprensa especializada.

Não vou me alongar muito nesse texto de hoje. Só queria lembrar vocês que nossos antepassados lutaram muito por uma democracia, inclusive muitos ídolos do Rock e da MPB, que eu admiro bastante.

Mas hoje, parece que os modernos se converteram nos caretas.

Mas enquanto a viola repicar e houver alguém que solte a voz, a música sertaneja irá se manter viva. E inclusive enquanto uma guitarra chorar e uma dupla soltar seus agudos, as inovações serão sempre bem-vindas.

O tempo não para. Para desespero dos haters, o sertanejo de ontem, de hoje e de amanhã estará sempre no coração do Brasil.

terça-feira, 26 de abril de 2016

A mudança na música sertaneja é uma coisa negativa?

Outro dia, numa postagem sobre música, eu fiz uma crítica ao sertanejo, que eu chamei de breganejo e citei uma dupla, que na minha opinião é a pior de todas.

Quem não me conhece pode achar que não gosto do gênero. Isso não é verdade. Eu sou um dos caras mais versáteis quando o assunto é música. Consigo ouvir de tudo mesmo. Meu preconceito não está em nenhum estilo musical, mas em alguns artistas que não sabem representá-lo bem. Falarei disso já já.

Vejo muitas críticas a esse movimento denominado de "sertanejo universitário". Ela parte não somente dos detratores, como roqueiros e emepebistas, mas também dos próprios apreciadores da música sertaneja mais antiga.

Coisa parecida acontece com quem gosta de samba tido como "de raiz", que discrimina o pagode romântico e até mesmo o pagode feito no Cacique de Ramos, por nomes como Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Fundo de Quintal.

Em relação ao sertanejo, existe um grupinho que só aprecia moda de viola e não tolera inovações de qualquer espécie. Mas também existe um pessoal, mais hipócrita, que curte o sertanejo dos anos 80 e 90, que era famoso na época por inovar e era muito mais criticado do que o atual.

Vamos pensar um pouco: se a gente for analisar, a música sertaneja de hoje é muito mais sertaneja do que a da década de 90. O que marcou aquela geração? Guitarras dobradas, bateria, teclado e sintetizadores. Vozes em terça que descaracterizaram completamente a tradição caipira. Letras melosas e até vulgares, falando sobre traição e casos de motel.

Hoje, o sertanejo está muito mais diversificado. Tem o universitário propriamente dito, feito por nomes como Maria Cecilia e Rodolfo, João Neto e Frederico entre outros, que traz uma sonoridade mais acústica, e não deixa de falar de amor. Eles até regravam muitas músicas da geração 90. Tem o funknejo, que fez uma mistura que ninguém jamais imaginou, do sertanejo com o pancadão carioca, muito bem representado por João Lucas e Marcelo. Tem o arrocha, que pode ser dançante ou romântico, de Gabriel Gava e Israel Novais.

Tem também um cara, que consegue misturar o sertanejo com tudo que é pegada moderna, sobretudo o axé e o pagode. Thiago Brava até gravou com a dupla Pikeno e Menor. O diferencial do cantor são suas letras, que sempre fazem alguma referência pra poder mandar sua mensagem. Como em Amanda Manda Nudes, onde ele cita uma coisa que está muito em voga, que é mandar fotos pelo Whatsapp ou na música Namora Bobo, onde menciona o Vale a Pena ver de Novo e o arrocheiro baiano Pablo.

Aliás, é aí que quero chegar. Como em todo movimento - ou modismo, como queiram - existem as coisas boas, mas também muito lixo é produzido. Até agora só falei de coisas que acho legais, mas é lógico que tem o lado ruim. Os imitadores do Zezé di Camargo (Pablo, Eduardo Costa, Léo Magalhães etc), o ídolo teen Luan Santana, que canta como se estivesse tendo um infarto, entre outras porcarias que a indústria despeja nos nossos ouvidos.

Mas o que quero dizer é que não se pode generalizar e jogar tudo na mesma sacola. O sertanejo romântico, dos anos 90, tinha muita coisa pavorosa, talvez até mais do que o moderno.

Por isso, os críticos que aprendam a se adaptar às mudanças. O novo sertanejo está aí e conquistou seu espaço. Caso contrário, não estaria durando tanto tempo na mídia. Por mais que o mercado insista, só se mantém vivo aquilo que o povo deseja

quinta-feira, 21 de abril de 2016

O que esperar do impeachment?

No último domingo, foi dado o primeiro passo para o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Eu estou com boas esperanças, mas não comemoro totalmente.

O ideal pra mim seria convocar novas eleições no Brasil, com o maior número de candidatos possível.

Acontece que muita gente não sabe votar e se deixa vender muito fácil. Todos reclamam que falta opção, mas por que então, as piores opções possíveis são as que se elegem?

De certa forma, eu acho que o impeachment da "presidenta", como ela gosta de ser chamada, será positivo.

Essa data ficará marcada como o fim de uma era na História do Brasil. O fim da corrupção assumida, da cara-de-pau e da falta de vergonha na cara. O fim de um populismo neo-getulista, que compra a simpatia da população oferecendo-lhe migalhas. O fim de um separatismo forçado entre grupos sociais e do ódio de classes estimulado pelo próprio Estado.

Nesses 13 anos de PT, eu acompanhei uma boa parte. No início, eu era muito pequeno e não entendia de política. Mas a partir do segundo mandato de Lula, eu já escrevia textos criticando tudo que havia de errado nesse governo espúrio.

Na época, eu era chamado de reacionário, juntamente com jornalistas do porte de Reinaldo Azevedo, Augusto Nunes e Diogo Mainardi. Nos chamavam de loucos, atrasados, insatisfeitos com a mudança e o progresso. éramos taxados de elitistas e intolerantes. Todos comemoravam a Era Lula, e o nomeavam como o "melhor presidente que o Brasil já teve".

Hoje, o povo queimou a lingua e está pegando seus pecados. Depois dos protestos de 2013, a frase era: "O Gigante Acordou". E as manifestações então, não paravam mais. Agora, em 2016, a pressão foi tão forte, que o Congresso se viu obrigado a atender a vontade da maioria. Finalmente!

E assim renasceu a nossa esperança, o desejo de um país melhor e verdadeiramente mais justo.

É lógico que Michel Temer não vai ser grande coisa. Eu nem me iludo com isso. Mas quem sabe, se ele for diferente do PT, o povo não aprende a escolher melhor seus representantes?

A popularidade de Lula, que no final de seu segundo mandato se gabava de ter 87% de aprovação, está em queda livre. Conheço pouquíssimas pessoas que ainda o defendem e que não querem vê-lo na cadeia.

O impeachment será o início de uma nova era política no Brasil, para o bem e para o mal.

Uma coisa é certa: com a saída do PT, nós nunca mais seremos os mesmos.

sábado, 9 de abril de 2016

Eu sou o maior Forever Alone do mundo

Eu estava fazendo curso de teatro.

Na apresentação, o nosso professor pediu a cada aluno que dissesse o que pensa a respeito do teatro e por que estava interessado em aprender o mesmo.

Acredito que fui o mais sincero da turma: disse que queria ser famoso, aparecer na televisão, ganhar dinheiro e pegar mulher. Mas também disse que queria contribuir para a cultura nacional, o que é verdade.

Eu fiz parte dessa equipe por um pouco mais de um mês. Estava fazendo aula de voz, aprendi sobre como tirar o DRT e me divertia muito com os textos que tinha que ler.

Mas logo notei que os outros alunos me ignoravam. Ninguém ali queria fazer cena comigo. Alguns tiravam sarro na minha frente, na cara dura. Nunca chegaram a dizer que não tenho talento, mas com certeza devem pensar isso. O que é um direito, por que pra mim eles também são atores medíocres.

Nas últimas três aulas, eu já havia me tocado. Ia lá, mas ficava quieto no meu canto. Nem falava oi pra ninguém, por que antes, quando eu falava, não respondiam.

Um outro lance que eu reparei, é que eles sempre se beijavam e se abraçavam, ao chegar e ao ir embora, mas nunca faziam isso comigo. Não venham com a desculpa de separatismo de gênero, por que não havia distinção. Os meninos abraçavam as meninas e vice-versa. O problema era só eu mesmo.

Na última aula, eu participei até o final. Ou quase. Na ÚLTIMA cena, onde o professor pediu a nós que fizéssemos dois grupos, onde cada um deveria criar sua própria cena, eu me revoltei. Pra começar, eu nem fui escolhido pra nenhum dos dois grupos. Aí, o professor teve que montar os grupos ele mesmo.

Na hora de elaborar a cena, eu continuava sendo excluído.

Foi aí que joguei tudo para o alto e resolvi ir embora. O professor tentou me convencer a ficar, disse que sou um garoto inteligente e um dos melhores da turma. Fui embora de vez e ninguém se importou. Bom, o professor disse que iria conversar com eles, mas duvido que resolva.

Agora é tarde. Eu não estou mais fazendo curso de teatro

Tudo isso me faz lembrar dos meus tempos de colégio, e até mesmo de sites de relacionamento que entrei na Internet.

Em TODOS eles, eu era sempre mal-visto.

Sei lá, acho que tem gente que nasce pra ser odiado mesmo. Ou simplesmente rejeitado.

Esse foi um dos motivos pelos quais resolvi criar esse blog. Que já é uma continuação de outros blogs que tive no passado. Pouca coisa mudou nesse meio tempo. As vezes me pergunto se vale a pena mudar. Mas aí, eis o dilema: viver infeliz para deixar os outros felizes? Fingir que gosto de algo para evitar brigas, mas saber que não me agrada?

Agora, com 20 anos de idade, morando com os pais, sem amigos e sem namorada, eu já posso morrer levando uma certeza da vida. Ficou finalmente comprovado, que eu sou o maior Forever Alone do mundo.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

A hipocrisia dos religiosos quando o assunto é música

O cristianismo é a doutrina da alienação e da cegueira. Por isso, quem canta músicas que fazem as pessoas pensarem é logo taxado negativa e pejorativamente.

O rock n roll é a maior vítima desses ataques.

Muitos artistas do gênero são condenados pelos cristãos devido ao consumo de drogas, tatuagens, piercings , roupas pretas ou por falarem palavrões.

Mas quando surgem na Internet fotos de pastores xingando os fiéis em mensagens de Whatsapp, ou quando aparece algum escândalo como o da cantora Niquésia Santos, que teve um video vazado onde aparece transando com um pastor, aí, nós temos que aceitar por que "só Deus poderá julgá-los".

Todo o ódio, todo o rancor, eles guardam para o Rock e para outros estilos contestadores, como a MPB.

Mas eu posso provar, através desse texto, que muitas vezes esses estilos trazem uma mensagem muito mais positiva do que as horrorosas músicas gospel.

Resumindo uma canção religiosa: "Deus é meu senhor", "Jesus está voltando", "ele me ama", "quero te adorar" e só. Talvez, uma ou outra variação, sempre dentro dessa temática narcisista.

Agora, falemos de Música com M Maiúsculo.

O saudoso cantor Renato Russo, da não menos saudosa Legião Urbana, tem várias canções de otimismo e esperança. E mesmo assim, é odiado pelo sua "opção" sexual, por ter sido drogado e por criticar o dízimo. Coitados, mal sabem que Renato nunca foi ateu, era católico inclusive e até falava muito de Deus. Eu, particularmente, não acredito em Deus, mas não vou ficar com raiva de Renato por isso. Intolerância religiosa é coisa de religioso.

Um exemplo é a belíssima canção Mais Uma Vez, que Renato escreveu em parceria com o ótimo compositor mineiro Flávio Venturini. Os versos "Mas é claro que o sol vai voltar amanhã" e "espera que o sol já vem" denotam que devemos viver um dia após o outro, e apesar da escuridão a luz estará ali, no dia seguinte. Junto com o novo dia, nasce uma nova vontade de viver e de lutar.

Uma outra música também de Renato é Perfeição. Uma série de críticas a tudo que é errado no mundo e sobretudo no Brasil. No final, depois desse desfile de verdades, vem o refrão perfeito: "Venha, meu coração está com pressa, quando a esperança está dispersa, só a verdade que liberta, chega de maldade e ilusão. Venha, o amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera, nosso futuro recomeça, venha, que o que vem é perfeição"

Se formos analisar, essa música pode até ser interpretada como uma boa canção religiosa. Renato pode estar dizendo que Deus está voltando, por que não? A diferença está na abordagem. Ele trata do assunto com profundidade e não de maneira rasa nem banal.

O punk rock é uma outra vítima desse ódio gratuito.

A banda Ratos de Porão é extremamente mal-falada pelos crentes.

A postura anárquica e niilista de João Gordo sempre sofreu ataques. E não é só de religiosos. A maioria dos brasileiros nunca compreendeu a intenção da banda.

Argumentam que Gordo só grita, que sua música é só barulho. Mas eu não vejo ninguém criticar a horrenda dupla Zezé di Camargo e Luciano. Ninguém critica os berros desses breganejos chifrudos que andam por aí.

A MPB de qualidade também é hostilizada. Tentam desmoralizar a todo custo Chico Buarque e Caetano Veloso pelo seu ateísmo. Ora, eles têm culpa de serem inteligentes?

O genial Chico, apesar de ateu, agradece a Deus pelo fim da terrível ditadura militar em Vai Passar. "Meu Deus, vem olhar, vem ver de perto uma cidade a cantar, a evolução da liberdade, até o dia clarear". Grande Chico! Seu defeito é apoiar esse desgoverno corrupto do PT, mas quem pede a volta dos milicos não tem moral para criticá-lo.

Enfim, onde quero chegar?

O homem inventou Deus e o Diabo para viver sempre com medo. Viver sempre se limitando, seus desejos, anseios, suas idéias.

E continuar mantendo essa linhagem em pleno século 21, é um atraso de vida.

domingo, 20 de março de 2016

Classificação Indicativa poderia funcionar se fosse bem aplicada

Como um adepto do libertarianismo, todo mundo já sabe que sou contra a classificação indicativa. Bom, deixem-me explicar melhor. Sou contra a imposição de horarios, e não contra o aviso parental em si.

Entretanto, eu acho que deve haver, sim, uma proteção à criança e ao adolescente. Só não concordo que ela venha do Estado. As próprias emissoras deveriam ter o bom-senso e se auto-regular, evitando de passar conteúdo impróprio em horários acessíveis a todos.

Eu queria fazer algumas críticas ao funcionamento do atual sistema vigente. São elas:

1) O programa Big Brother Brasil recebe classificação 12 anos. Antigamente era 14. Infelizmente, a emissora Rede Globo, da qual eu sou muito fã e acho que é a melhor do mundo, conseguiu na Justiça o direito de baixar a classificação desse programa asqueroso. Para uma emissora que tem no seu currículo excelentes programas educativos, alguns em parceria com a Fundação Roberto Marinho, e até mesmo programas interessantes de entretenimento, como Altas Horas, Programa do Jô, Domingão do Faustão, o BBB é uma mancha incuravel. Não sou moralista, gosto de uma boa sacanagem, mas quem discute sexualidade de maneira bacana é o Amor e Sexo, com a gata da Fernanda Lima. BBB é baixaria pura, simples e vazia. Apologia da prostituição, das brigas e da música de má qualidade nas festas (festas ou orgias?). Esse LIXO TELEVISIVO deveria ser classificado como inadequado para menores de 18 anos. O ideal mesmo seria que essa imundície fosse banida para sempre do mundo, mas isso seria ruim para a audiência. Audiência que tira toda a credibilidade da emissora do Projac.

2) Segundo a Constituição, o ECA e a portaria que determina a regulação da mídia, programas ao vivo, programas de auditório e jornalísticos estão isentos de classificação. Mais tarde, uma nova portaria foi aprovada, criando a classificação para os dois primeiros. Mas os telejornais continuam livres para passar em qualquer horário. Isso é péssimo, por que é justamente no horario da tarde que é exibido o chamado "mundo-cão". Os Datenas e Rezendes da vida, que exploram a desgraça em nome da informação. Esses, podem passar a qualquer hora do dia, principalmente quando a garotada está chegando da escola. E é aí que essa garotada tem seus sonhos destruídos e absorvem o medo de andar na rua. Sabemos que a violência é uma realidade, e eu concordo que bandido tem que ser punido severamente. Eu mesmo já fui vítima de assalto e sou contra passar a mão na cabeça de bandido. Mas o que eu condeno é o pseudo-jornalismo vulgar, grosseiro, banal.

3) Agora, uma qualidade da Classificação Indicativa: nos anos 90, as TVs costumavam exibir aqueles ridículos filmes de terror trash, com atores desconhecidos e que mais faziam rir do que sentir medo. Com a classificação, essas porcarias foram eliminadas do horario vespertino. Nem de madrugada passam mais, ainda bem.

4) Mas o motivo dessas produções patéticas não irem mais ao ar, é que os canais que mais as transmitiam (a Bandeirantes e a CNT) passaram a vender/alugar horarios para programas independentes. E aí está um outro problema: programas que compram/alugam horarios não são classificados. Aberrações como Polishop, Super Papo, Hyper QI, Igreja da Graça, Igreja Universal do Reino de Deus, Leilão de jóias ou de gado, tele-sexos não são proibidos de passar em horario nenhum. Se aparecer uma gostosa pelada pedindo pra você ligar e transar ao vivo, se um pastor estiver exorcisando um fiel lhe dando socos na cara, não serão impedidos. O horário é deles, são independentes e não respondem na Justiça se cometerem algum abuso.

Esses são apenas alguns exemplos de como o MJ falha. Infelizmente, eu tenho que dizer isso. Eu gostaria muito de ser a favor da classificação, e até mesmo da restrição horária, mas de que adianta se elas não funcionam corretamente?

Se for para a Classificação Indicativa existir, que exista. Mas que ela seja justa. A liberdade é uma coisa muito boa, já a libertinagem é uma maneira de destruir a infância e valores como respeito, amor, família. E aqui, não estou fazendo discurso religioso, que fique bem claro. A religião é o outro lado desse mal. Os dois conseguem viver juntos perfeitamente. Moralismo e imoralidade se completam.

A classificação indicativa foi uma idéia muito boa do Governo. Nós libertários não somos contra o Estado, quando ele tem boas idéias. Mas ela funcionaria muito melhor se fosse bem aplicada.

sábado, 12 de março de 2016

O cinema brasileiro precisa de mais encanto

Sempre fui um grande apreciador do nosso cinema. E sempre fui criticado por isso também.

"Ora, Bruno, como você assiste filme brasileiro? É tudo porcaria, só mostra miséria, violência e vulgaridade".

Até nas minhas empreitadas como aspirante a jornalista, minha maior referência é um cineasta legitimamente tupiniquim: Arnaldo Jabor.

De fato, o cinema brasileiro se tornou refém de uma fórmula que funcionou durante anos, mas tem se tornado cada vez mais desgastante.

Mostrar a pobreza de favelas, periferias e sertões é uma herança do Cinema Novo. Um cinema "engajado", muitas vezes por oportunismo. Vale lembrar que o grande mentor desse movimento, o chatíssimo Glauber Rocha, elogiava de vez em quando o regime dos militares.

O grande problema não é criticar esse tipo de filme, mas generalizar toda uma história como se ela se resumisse a isso.

Na década de 70, havia as pornochanchadas, que eram divertidíssimas e não deixavam de fazer crítica social por isso. O elenco costumava ser, no mínimo, esforçado.

Entretanto, a pornochanchada hoje é inviável. Não há mais mercado para isso desde a década de 80, quando o video-tape facilitou a vida de todo mundo. A indústria pornográfica tomou conta. Embora eu adore um pornô explícito, não deixo de assistir às velhas pornochanchadas, pelo seu valor e por simbolizar o retrato de uma geração.

Mas a intenção desse texto é propor uma alternativa para toda a família assistir. E também fazer com que o cinema brasileiro se aute-sustente.

As obras infantis brasileiras parecem fazer as duas coisas: são filmes inocentes, legais, que rendem um bom passatempo de uma hora e meia. E também são filmes realizados com patrocínio de empresas privadas.

Cito um exemplo: a linda e maravilhosa Angélica, que hoje conhecemos como apresentadora, mas que já fez carreira musical e cinematográfica. Eu, como uma criança da geração 2000, cresci assistindo seus filmes, que eram exibidos à exaustão na Sessão da Tarde. Dois em especial chamavam minha atenção: Zoando na TV e Um Show de Verão. O primeiro, por que me fazia acreditar numa coisa que muita criança da minha época sonhava: entrar na televisão e interagir com a galera. O segundo, por causa de seus números musicais.

Aliás, me chamem de utópico, mas eu sou a favor de mais números musicais no cinema brasileiro. Sim, não tenho medo nenhum de copiar isso descaradamente da Índia. Mesmo que seja somente nos filmes para crianças. Que se façam mais filmes para crianças, ora! O Brasil está carente disso.

Filmes com Os Trapalhões também povoavam meu imaginário. Hoje, são considerados tolos, inócuos e até bregas. A infância de hoje é marcada por filmes violentos, e não são só os brasileiros, não. Os norte-americanos também adoram encher as salas de cinema com muita pancadaria e efeitos especiais, o que é até pior. Pelo menos a violência no cinema nacional é uma realidade, embora não deva ser um monopólio.

Se for para o Brasil copiar o que vem de fora, que copie. Mas que haja uma democratização e uma diversidade na produção.

Sinto falta da magia, da fantasia e da pureza de um tempo em que criança via filme de criança. O que o cinema brasileiro precisa, além de mais boa-vontade do público e dos realizadores, é de mais encanto.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

E se José Serra tivesse ganhado?

2002 foi um ano histórico, para o bem e para o mal.

Apesar de não ser a primeira eleição que presenciei, é a primeira de que tenho lembranças. Eu tinha 7 anos.

De um lado, havia o então "progressista" Lula, que prometia acabar com a fome e a miséria no Brasil e diminuir as desigualdades sociais.

De outro, o candidato situacionista José Serra, que prometia mudança e principalmente emprego.

O governo FHC era bombardeado por quase toda a imprensa, um tapa na cara da esquerda que acusa a grande mídia de ser tucana. As críticas mais comuns eram a inflação acima de 10%, o desemprego e a "privataria", como era denominada pela oposição, sobretudo pelo PT. O resultado foi a vitória de Lula no primeiro turno.

Só que ninguém gosta de explicar as causas, e só se preocupam em apresentar os efeitos. Ninguém se lembra das crises mundiais que explodiram no final da década de 90, sobretudo a crise na Rússia em 1999. FHC se viu obrigado a fazer um ajuste fiscal, para conter os gastos e manter a independência brasileira diante do colapso. Pior é agora, com Dilma fazendo um ajuste ainda pior, sem nenhuma crise internacional que o justifique.

Todo mundo gosta de comparar a inflação de 13% do final da Era FHC, com os 6% do final da Era Lula. Uma diminuição bem razoável. Mas ninguém tem coragem de trazer à tona os números de 1994, antes de FHC ser eleito. A taxa inflacionária tinha ultrapassado os 2000%, e no ano seguinte, com o Plano Real sendo posto em prática, chegara a incrível taxa de 1,6%. E se manteve estável durante todo o primeiro mandato e boa parte do segundo do ex-presidente, só voltando a subir por causa da citada crise russa, além da crise argentina de 2001.

A vitória de Lula se deve muito menos ao seu carisma do que à intensiva campanha de marketing feito por sua equipe. A imagem do Lulinha paz e amor comoveu a sociedade, inclusive muitos empresários e banqueiros. Que, diga-se de passagem, estavam falindo não por culpa de FHC, mas por não saberem se adaptar às novas regras de mercado. A política econômica de FHC não era exclusividade nossa; o sociólogo simplesmente estava copiando um modelo que há muito tempo já dava certo lá fora. Não se pode fazer nada se o brasileiro não é chegado na globalização.

FHC fez o Brasil avançar oitenta anos em oito, mesmo sem prometer. Acabou com a inflação, reduziu os gastos do Estado com coisas inúteis e criou diversos programas sociais. Foi o governo onde houve a maior queda de evasão escolar, a criação do ENEM e o salário mínimo saltou de 70 para 200 reais.

Serra, como Ministro do Planejamento, comandou a venda das empresas que atrasavam nosso desenvolvimento. Como Ministro da Saúde, criou os medicamentos génericos e o melhor programa de combate a AIDS do mundo.

O que teria acontecido se o povo brasileiro tivesse dado a ele o direito de continuar o legado de FHC?

Me atrevo a chutar: se tivesse apoio do Congresso, Serra teria privatizado a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Daria mais autonomia ao Banco Central. Não teria aprovado o Estatuto do Desarmamento, que tira do cidadão o direito de legítima defesa. Não teria criado a abominável classificação indicativa, que regula o conteúdo veiculado em radio e televisão. E o Brasil não se veria mergulhado na onda do politicamente correto.

Em 2006, Serra poderia ou se reeleger, ou passar o cargo a Geraldo Alckmin. Nesse meio tempo, nosso país teria se tornado potência mundial e nós estaríamos integrados a ALCA, ao invés do Mercosul

Infelizmente, o povo brasileiro tendeu para o outro lado. O populismo, a arrogância e a prepotência do PT.

E o que aconteceu?

Lula manteve as conquistas de FHC, o que deu muito certo pra ele e lhe deu popularidade. Se apoderou de um prestígio alheio, como sempre faz.

No segundo mandato (sim, amigos, o mais triste é que ele ganhou novamente), explode a crise da Bolsa de 2009. Aparentemente, os efeitos não são sentidos pelo Brasil, o que faz com que Lula se gabe.

Entretanto, em 2010 e 2014, vence Dilma Rousseff, o que faz a economia brasileira afundar e gera uma crise interna.

Moral da história: a raiz do mal deveria ter sido cortado em 2002.

Fecha o pano

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A incoerência de Danilo Gentili

Em primeiro lugar? Gentili é com um ou dois "éles"? Ah, não dou a mínima. Escrevo como quiser. Aliás, eu optaria por não escrever esse nome tão vulgar.

Outra coisa: Gentili é uma corruptela de "gentil"? Se for, a recíproca não é verdadeira.

São perguntas, meus caros, que permeiam a minha cabeça e me tiram o sono de tão importantes.

Tá, falemos sério.

Para quem não o conhece (acho difícil algum brasileiro não conhecê-lo e ainda por cima não idolatrá-lo), Danilo Gentili é um comediante. Ou se julga como tal. Suas piadas se baseiam no chamado humor negro, que gosto e até me atrevo a fazer.

Danilo faz parte da geração do humor para a qual tudo vale. Isso é muito bom. Eu adoro a liberdade de cada um dizer o que quer, sem nenhum tipo de censura.

Entretanto, para se defender essa idéia, ela não pode valer apenas para um lado.

O citado comediante se define como um liberal. Vive compartilhando, em seu Facebook, mensagens onde critica a intervenção do Estado na vida particular das pessoas.

Isso é maravilhoso! Eu daria uma salva de palmas para ele, e até fazia isso, até ver uma participação sua no programa do Raul Gil, no quadro Jogo do Banquinho, edição especial de Natal.

É pena que não achei video do quadro completo no Youtube, mas na sua entrada, Danilo saúda Raul mais ou menos assim: "Raul, eu queria agradecer ao sr, por que estamos em 'tempos chatos'. Quando desejamos feliz natal a alguém, chegam pra nós e dizem 'feliz natal é o cacete, eu sou ateu'. Então, em tempos chatos, o sr. faz um programa de natal"

A frase não era exatamente assim. Se alguem achar o video com a fala na íntegra, peço por favor que me mandem. Mas analisemo-na.

Quer dizer então, que o Estado não pode interferir na vida de ninguém, mas a igreja pode? Ou pior: o Estado não pode interferir na vida de ninguém, mas Danilo Gentili pode?

Isso é apenas um dos muitos exemplos de pessoas que se acham o próprio Deus, quando falam no nome dele.

E eu quero analisar outro video, mais antigo, de Danilo no quadro Rede da Fama, no programa da Eliana.

O cidadão fala, em primeira instância: "acima do humor eu acredito que o que mais me ajuda é a fé". E depois: "Coisas boas e ruins acontecem para quem é rico, pra quem é pobre, pra quem é mal, pra quem é bom." Mais contraditório, impossível. Se as coisas ruins podem acontecer a qualquer um, de que adianta ter fé? Se acreditamos que tudo dará certo, isso é fé. Se sabemos que algo pode ter errado, a fé é inconstante.

Mais adiante, o sujeito consegue se contradizer na mesma frase: "Quando você quer chorar, entra no quarto, chora diante de Deus. Na hora de sair, saia de cabeça erguida. Se você quer brigar por alguma coisa, briga pela liberdade de conquistar suas coisas, sem que ninguém oprima e diga que você não pode”

Se somos nós que temos que lutar e conquistar nossas coisas, e o próprio Danilo admite isso, dizendo em outro momento que é contra vitimismo, então ele está admitindo que Deus não nos dá nada. Puxa, que "Deus maravilhoso" o seu, Sr. Danilo Gentili. Nem pra ele o sr. se vitimiza? Então, não tem fé. Por que ter fé em Deus implica em se humilhar, implorar pelas nossas vontades serem atendidas. E no início da sua frase, o sr mesmo ensina isso, classificando a vitimização como um choro. Então isso é uma vitimização diante do seu Deus. Seria então uma tática, pra que Deus ficasse com peninha de ti e te facilitasse os caminhos pras suas conquistas pessoais?

É por isso que as falas contraditórias de Danilo Gentili, uma atrás da outra, não lhes dão o direito de figurar ao lado de seus colegas de profissão mais espertos, como o genial Marcelo Adnet. Este, o melhor humorista do Brasil, na atualidade. Para quem a liberdade termina onde começa a liberdade do outro.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O amor é apenas uma palavra que uso para rimar com dor

A felicidade é muito relativa, assim como o universo é aleatório.

Eu cresci tendo uma infância relativamente feliz. Não sabia nada de política, por isso não me preocupava com os acontecimentos do mundo. Não sabia nada sobre sociedade, já que eu fui criado na maior parte do tempo dentro de casa. Isso foi bom pra mim, por que eu não sabia o que era bullyng. Minha diversão era jogar video-games, ouvir as músicas que estavam nas paradas e assistir TV. Eu via programas infantis, uma coisa rara hoje em dia até para as crianças. Mas, de fato, eu me lembro que já sentia desejo sexual, embora nem soubesse o que era isso. Uma das minhas primeiras paixões foi a dançarina Carla Perez, então apresentadora do Canta e Dança Minha Gente. Paixão que mantenho até hoje, diga-se. Uma loiraça provocante, de requebros e remelexos que atiçam a libido de qualquer homem sedento. Sobretudo para quem é fascinado por baianas, como eu. Ainda hei de escrever sobre a superioridade da mulher baiana. Fica para uma outra oportunidade.

Entretanto, se minha infância foi feliz, não se pode dizer o mesmo de minha adolescência. Nessa época, comecei a ser separado de todos os grupos sociais. Um verdadeiro apartheid de uma só pessoa. Claro, deveriam existir outras pessoas no mundo na mesma situação, mas eu não me identificava com ninguém entre as pessoas que conviviam no meu meio. Confesso que tentava mudar meu jeito, fingir ter outros gostos, fazer de conta que não era estudioso, para fazer amigos. Mas só me aceitavam nos grupos como o bode expiatório, a piada da turma.

Eu era tímido, calado, corrigia professores e até livros. Gostava de cinema brasileiro pré-Retomada, escutava cantores do porte de Carlos Galhardo, apreciava um humor mais refinado que que a modinha do momento - o Pânico na TV. Nunca me julguei superior a ninguém por isso, muito pelo contrário, eu queria compartilhar com os demais as minhas predileções, para mostrar que bom gosto não deveria ser exclusividade minha. Todos poderiam apreciar essas coisas. Naquele tempo, a Internet já era um fenômeno que estava ao alcance dos jovens, mas eles nunca usaram a seu favor.

"Ué Bruno, mas voce não é um libertário? Cada um gosta do que quiser!". Concordo plenamente. Mas eu nunca obriguei ninguém a nada. Só queria mostrar o outro lado da história, a outra face da moeda, para que os meus colegas pudessem fazer suas próprias escolhas. Para rejeitar é preciso conhecer. E outra coisa: era disso que eu gostava. Eu acreditava mesmo, na minha ingenuidade, que eu poderia ser aceito em um grupo homogêneo sendo diferente. Mas não foi o que aconteceu.

Com o tempo, passei a ser agredido, verbal e fisicamente, e tive que trocar de sala. Nesta, consegui fazer um grupo bem pequeno de amigos (não passavam de três), e eles dialogavam mais entre eles do que comigo.

No meu colégio, eu permanecia a maior parte do tempo na biblioteca. Como eu não tinha com quem falar, e como nunca levei jeito para esportes, desenvolvi um gosto pela leitura. Era meu passatempo. Daí que, mesmo na adolescência, eu retardei minha infância lendo quase toda a obra de Monteiro Lobato. Era fascinante a forma como ele ensinava diversas disciplinas de maneira didática e divertida. O mesmo pode ser aplicado aos livros de Malba Tahan, que me ajudaram muito a aprender Matemática, uma matéria que sempre achei e acho dificílima. Eu sou um poeta, um articulista, um ator; ciências exatas me apavoram.

Mas foi na adolescência que comecei a sentir amor. Amor por pessoas reais. E acreditava no amor. Ah, como eu era tolo. Eu me apaixonei por cerca de dez pessoas, todas na minha escola, entre alunas e professoras. A mais educada me disse que eu iria achar alguém bacana, e que eu continuasse tentando. A mais grosseira me mandou fazer coisas impublicáveis.

A partir daí, adquiri o problema da depressão, que me atormentou durante anos. Eu olhava para todas as mulheres na rua, e notando que elas não me correspondiam, eu queria morrer. Ficava louco a procura de respostas. Tudo por que sou feio? Ou por que sou pobre? Ou por que não sei me vestir? Obesidade não poderia ser, pois não sofria desse problema na época

O fato é que eu sentia em mim um grande vazio existencial, pois todos os homens do mundo arranjavam parceiras. E parece que os homens que se gabavam de ter várias parceiras, eram os mais bem cotados por elas. Ainda é assim.

Mulher nenhuma nunca me achou bonito - família não conta. Algumas me diziam não só mesmo por esse detalhe da aparência. Outras, até davam uma chance de me conhecer, conversar comigo. Estas já eram a infinita minoria. E bastavam cinco minutos de papo pra que viesse a rejeição. Eu não sou um cara normal, segundo as mulheres.

Por isso, deixei de acreditar no amor. No meu caso, o amor é apenas uma palavra que uso para rimar com dor, nas minhas canções.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Qual é o problema da pornografia?

A moral cristã é podre na sua essencia.

Um exemplo disse é o ridiculamente tosco Nando Moura.

Este cidadão é um dos ideólogos do que se convencionou chamar de "extrema-direita". Entre aspas, mesmo. Extrema direita para mim somos nós, os libertários, os anarco-capitalistas e os minarquistas. Nós somos a vanguarda do mundo.

E por que? Simples, algum de voces saberia me responder qual a caraterística principal da direita? O débil-mental do Nando não sabe, mas eu digo: a defesa das LIBERDADES INDIVIDUAIS. Não é a família nem a moral, até por que elas são conceitos variáveis.

Nazista, fascista, e defensor da ditadura militar não é extrema-direita. Pode até ser direita, embora até isso seja questionável.

Gente décrepita como o deputador Jair Bolsonaro, que denomino como Boçalnaro, não é de direita nem mesmo no campo econômico. Um cara que se julga defensor do capitalismo, mas diz que FHC merecia ser fuzilado por ter privatizado estatais e transformado nosso país em potência, é um completo asno. Fora a manutenção da carga tributária brasileira, uma vergonha.

O que acho de um eventual Governo Bolsonaro? Simplesmente, ele acabaria com o nepotismo de cargos públicos para parentes de petistas, e traria de volta o corporativismo de cargos públicos para militares do Exército. Ou seja: de qualquer modo, o contribuinte continuaria pagando o salário de vagabundos.

Mas a razão desse texto não é simplesmente baixar o sarrafo nessa pseudo-extrema direita, mas sim mostrar algumas de suas contradições.

Nando Moura é um exemplo do chamado "rock bonzinho". Bom, sei lá se existe esse termo. Como sou criativo, estou lançando ele agora. Além dele, existem outros, como Rodolfo, ex-Raimundos, uma banda que ficará para sempre na história pela frase "a livre expressão é o que constrói uma Nação independentemente da moeda e sua cotação". Ou bandas como Rosa de Saron e o chamado white metal, entre outros.

Tudo isso deturpa a verdadeira função do rock. Não estou dizendo que roqueiro é sinônimo de baderneiro, mas sim o de um questionador do mundo. O que seria do mundo sem os grandes pensadores? Seria apenas um celeiro de religiosos, para os quais uma palavra é uma ordem.

Hoje o caráter do rock se limita a louvar a Deus, essa criatura insana e maligna que apavora mentes evoluídas.

É verdade que, no meio do caminho, existem grandes roqueiros como Lobão, que sabe defender posições conservadoras, mas sem misturar política e religião. E também há os hipócritas, como o irmão deste que lhes escreve, que se diz evangélico mas escuta "Highway to Hell" no volume máximo.

A questão é: se Deus irá nos punir, mas não existe uma moral absoluta a ser obedecida - pelo menos é o que parece, já que Nando adora dizer palavrões - que mal há em se assistir a um bom filme pornografico?

A pornografia faz parte da chamada Revolução Sexual, da década de 60. Grandes artistas e filósofos defendiam essa nova forma de se ver o mundo, como a excelente pensadora Ayn Rand

O capitalismo soube usar dessa arma (e isso não é condenável) e fabricar dezenas, talvez centenas de filmes por mês, principalmente nos Estados Unidos, que é um país inclusive tomado como modelo pela "direita conservadora"

Como podem ver, os norte-americanos não são tão fervorosos quando o assunto é religiosidade.

O cinema pornô movimenta o mercado, dá dinheiro para muita gente e alimenta sonhos. Quem nunca sonhou em ser um grande astro pornô e se deliciar na cama com os caprichos de uma bela e gostosa loira peituda, uma morena bunduda enfim, se querem nomes, eu os forneço: quem nunca sonhou em ser inversamente comido por uma Bridgette B, por uma Maserati , Bozena ou Ornelia?

Sim, notem o meu conhecimento por mulheres conhecidas apelas por um simples prenome, para que voces possam ver a desvalorização da atriz pornô. Ora, e ainda tem gente que acha isso um trabalho fácil!

Eu garanto que o salário de um pastor ou missionário é muito mais vantajoso. Então, por que tem tanta gente que escolhe "pecar"?

Resposta: o simples prazer pelo contato físico, com uma conexão interior que me admira não ser creditada pelos crentes. Visto que amor, prazer carnal, estão muito ligados ao "espiritual" que voces dizem acreditar tanto.

Se a Bíblia é a Palavra de Deus, e nela não há erros, então matar, sentir ódio e prostituir-se não é errado.

Se mesmo essas coisas sendo consideradas o "Mal", e o homem, sendo um ser perfeito, escolheu esse caminho, então seu Deus é uma farsa.

O Relativismo da Igualdade

Tem gente que gosta de dizer que eu me acho melhor do que os outros. Bom, nem todo mundo. Mas eu sou, sim, melhor do que determinadas pessoas. O que quero dizer? Todos nós somos melhores e piores do que alguém; mas nunca melhores ou piores do que todas as pessoas. Ou seja, nunca estamos situados no extremo da balança; afinal, o mundo é grande.

Eu, por exemplo, sou melhor do que quem gosta de molho de salsicha, quem assiste o Ratinho ou quem escreve para a Carta Capital; entretanto, sou pior do que quem conseguiu ter seu trabalho reconhecido, quem já fez amor com a Déborah Secco ou quem sabe falar alemão.

O PT não gosta dessa premissa. Aliás, nenhuma esquerda. Incluo nessa lista os nazi-fascistas, aliás, eles podem, sim, estar situados num "extremo" imaginário, que só existe na cabeça deles, de se acharem superiores a todos os demais grupos. A começar pelo ódio à própria esquerda. Auto-negação; aqui temos uma inversão daquela máxima de "só conseguir existir sendo o outro". Nesse caso, o "outro" é tomado como inimigo, mesmo sendo uma alma-gêmea.

Também cito como exemplo - para fugir um pouco, e só um pouco, da política - o relativismo no campo da religião. Sabemos que a maioria, se não todas as guerras, aconteceram por motivos religiosos. E embora os protestantes se digam os mais pacíficos, são os mais intolerantes no uso da palavra. Podem não ter tirado vidas com sangue; mas mataram a esperança, o desejo de muita gente, por pensar diferente deles. Ou seja: amordaçam, proíbem, ordenam, tentam calar a voz das pessoas através do verbo. E eles se acham o verbo.

Voltando a política, Dilma se acha o verbo. Até por que é filha de Lula. O homem que descobriu o Brasil, em 2003. E assim como todo membro do seu partido, ela não pode receber críticas. Como alguém ousa criticar alguém que faz tudo perfeito?



Conclusão: o socialismo é igualitário, mas não para quem pensa diferente. Vou me despedir com um grito de guerra. Tentarei me igualar aos desiguais, afinal, quero ser superior, como eles. "Até breve, companheiros". Ao fundo, a Internacional Socialista.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A atitude e a coragem de Mel Lisboa

Mel Lisboa é uma mulher linda. É uma grande atriz. E é uma grande mulher.

Eu estava lendo essa semana nos meus passeios pela Internet, primeiramente, o inconformismo dos religiosos e dos fãs da Rede Record de Televisão, lamentando a decisão da Mel de deixar a emissora para fazer suas peças de teatro.

Depois, li uma declaração antiga, de que a atriz seria atéia, por conta de uma desilusão que teve com um livro religioso (não é a Bíblia, mas outro livro igualmente patético)

Não sei, sinceramente, se a declaração teve um teor conotativo, irônico ou algo do tipo. Também não sei se, caso seja verdadeira, ela mantém sua posição até os dias atuais.

O que quero fazer é aproveitar a atitude e a coragem da atriz para comentar sobre um povo altamente paranóico e anti-democrático: os religiosos. Sim, essa gente para quem não acreditar num ser fictício, é sinônimo de canalhice, desonestidade e desrespeito aos valores. Ora, mas que valores? ódio e violência generalizada contra homossexuais, submissão das mulheres, intolerância com minorias religiosas? Fora o fato de que, senão todas, a maioria das guerras que aconteceram no mundo, foram causadas por esse mal chamado religião.

Mel Lisboa marcou minha infância representando mulheres independentes e fatais. Ainda me lembro da revolução causada na televisão brasileira, no saudoso ano de 2001, com a adaptação maravilhosa de Presença de Anita. Aquela personagem mexia demais com meu inconsciente, com minha cabecinha infantil, provando que a sexualidade deve sim, ser discutida desde cedo, coisa que os conservadores não gostam de aceitar. Talvez a incrível interpretação de Mel me fizesse gostar ainda mais do que via, primeiro por ser uma novata que o Brasil nunca tinha visto atuar, e segundo pela entrega que ela fazia, da liberação da mulher, do desejo libertário e extremamente autêntico de se dar, de maneira completamente sensual e extravagante.

Na Record, Mel se transformou no extremo oposto disso: uma mocinha meiga, dócil, que não representa perigo nenhum ao sistema. Da forma perfeita para os fundamentalistas cristãos, que pregam "valores tradicionais em nome da família", um modelo de sociedade onde uma mulher é chamada de "prostituta" por ficar nua em público.

Seu último papel no canal do Bispo Edir Macedo foi o de uma princesa egípcia, na novela Os Dez Mandamentos. Eu não poderia terminar este texto sem falar sobre o assombroso fenômeno da risível novela, agora transformada num filme. Ambos foram promovidos pela Igreja Universal como a maior evangelização da história. Realmente, muito dinheiro foi adquirado com essas verdadeiras obras de desarte, com a arte sendo transformada num produto de celebração e não de contestação. Ou seja, o filme e a novela subvertem o conceito de arte, o princípio básico da arte como transgressora dos velhos ideais.

A linda e deslumbrante Mel, apesar de comemorar o sucesso de seu trabalho, decidiu se afastar e disse não à renovação de seu contrato, por falta de tempo e de liberdade profissional. Ela está agora encarnando Rita Lee. Eu não assisti à peça, por que ainda não tive oportunidade, mas já deixo a idéia de um filme.

O fato é que, agora, Mel Lisboa está na pele de alguém muito mais progressista

sábado, 13 de fevereiro de 2016

A década de 90 e o triunfo da globalização

A década de 90 está para o Brasil como a década de 80 está para Estados Unidos e Inglaterra. Nesse período, nesses países, os governos do presidente Ronald Reagan e da primeira-ministra Margareth Thatcher, respectivamente, lançaram mão de reformas que conduziram ao progresso.

Privatizações, redução da carga tributária, liberdade total e irrestrita de expressão - característica primordial da direita. Nessa época, o Brasil vivia o fim da ditadura militar, que foi o extremo oposto: censura à imprensa, inflação elevadíssima, impostos altos. O governo seguinte, de Sarney, embora tenha eliminado a censura, aumentou ainda mais os outros dois itens, com seus planos fracassados.

Chega a década de 90 e a utopia globalizante torna-se uma realidade nas terras tupiniquins. De início, o plano de desestatização foi comandado pelo marajá das Alagoas, Fernando Collor, hoje bastante conhecido como sendo da base aliada. Fernandinho Engomadinho já tinha traído seus ideais ao se envolver com corrupção e maracutaias ainda no seu governo, mas ao menos fez um ato nobre com o PND

Com Itamar, a festa continua, num ritmo desacelerado. Até que chega ao poder Fernando Henrique Cardoso. Com ele, privatizaram-se diversos mamutes estatais que em nada serviam além de abrigar velhos companheiros da fauna vermelha.

A idéia liberal do novo, do moderno, foi o que permitiu ao Brasil triunfar e se aproximar mais do G7.

A década de 2000, que nos EUA foi marcada por um governo ultra-republicano de Bush, no Brasil viveu um misto de continuidade com rompimento. Lula manteve as conquistas de seu antecessor, ou seja, a abertura de mercado, o crescimento da economia, a privatização de setores deficitários (as quais Lula tanto critica, mas não desfez, felizmente), o controle da inflação e dos impostos. Mesmo assim, se mostra incoerente, ao apoiar regimes autoritariamente ridículos, de tiranos incuráveis, como Chávez, Fidel, Evo e outros.

Esse velho e arcaico pensamento de tolher o próprio pensamento, ou melhor, o pensamento dos outros. Essa gente retrógrada é uma ameaça ao futuro

Felizmente, os cães ladram e a caravana continua passando. A lição da década de 90 foi a de que a democracia e o capitalismo ainda são a melhor opção.

Introdução

Amigos, cheguei. Ou melhor, voltei de uma longa viagem pelo cyberespaço.

Depois de seis anos sem escrever artigos de opinião, resolvi dar fim a essa longa inatividade

Oficialmente, agora, terei dois blogs.

Esboços Insossos ficará a cargo de mostrar aos internautas meu talento de poeta e compositor.

O Mundo de Bruno, este aqui, me mostrará como articulista e escritor.

Deixando claro que este aqui não é um blog exclusivamente político; como diz o nome, eu irei escrever textos, artigos e crônicas sobre tudo que gosto, faço ou penso no mundo - sobretudo no meu próprio mundo, que é muito mais interessante do que este aí fora.

Temas culturais, sobre música, cinema e mulheres, também serão bem-vindos.

Este é um blog independente.

Preparem-se, por que tudo será dito, com muito mais veemência do que antes.

Amigos, cheguei