sábado, 12 de março de 2016

O cinema brasileiro precisa de mais encanto

Sempre fui um grande apreciador do nosso cinema. E sempre fui criticado por isso também.

"Ora, Bruno, como você assiste filme brasileiro? É tudo porcaria, só mostra miséria, violência e vulgaridade".

Até nas minhas empreitadas como aspirante a jornalista, minha maior referência é um cineasta legitimamente tupiniquim: Arnaldo Jabor.

De fato, o cinema brasileiro se tornou refém de uma fórmula que funcionou durante anos, mas tem se tornado cada vez mais desgastante.

Mostrar a pobreza de favelas, periferias e sertões é uma herança do Cinema Novo. Um cinema "engajado", muitas vezes por oportunismo. Vale lembrar que o grande mentor desse movimento, o chatíssimo Glauber Rocha, elogiava de vez em quando o regime dos militares.

O grande problema não é criticar esse tipo de filme, mas generalizar toda uma história como se ela se resumisse a isso.

Na década de 70, havia as pornochanchadas, que eram divertidíssimas e não deixavam de fazer crítica social por isso. O elenco costumava ser, no mínimo, esforçado.

Entretanto, a pornochanchada hoje é inviável. Não há mais mercado para isso desde a década de 80, quando o video-tape facilitou a vida de todo mundo. A indústria pornográfica tomou conta. Embora eu adore um pornô explícito, não deixo de assistir às velhas pornochanchadas, pelo seu valor e por simbolizar o retrato de uma geração.

Mas a intenção desse texto é propor uma alternativa para toda a família assistir. E também fazer com que o cinema brasileiro se aute-sustente.

As obras infantis brasileiras parecem fazer as duas coisas: são filmes inocentes, legais, que rendem um bom passatempo de uma hora e meia. E também são filmes realizados com patrocínio de empresas privadas.

Cito um exemplo: a linda e maravilhosa Angélica, que hoje conhecemos como apresentadora, mas que já fez carreira musical e cinematográfica. Eu, como uma criança da geração 2000, cresci assistindo seus filmes, que eram exibidos à exaustão na Sessão da Tarde. Dois em especial chamavam minha atenção: Zoando na TV e Um Show de Verão. O primeiro, por que me fazia acreditar numa coisa que muita criança da minha época sonhava: entrar na televisão e interagir com a galera. O segundo, por causa de seus números musicais.

Aliás, me chamem de utópico, mas eu sou a favor de mais números musicais no cinema brasileiro. Sim, não tenho medo nenhum de copiar isso descaradamente da Índia. Mesmo que seja somente nos filmes para crianças. Que se façam mais filmes para crianças, ora! O Brasil está carente disso.

Filmes com Os Trapalhões também povoavam meu imaginário. Hoje, são considerados tolos, inócuos e até bregas. A infância de hoje é marcada por filmes violentos, e não são só os brasileiros, não. Os norte-americanos também adoram encher as salas de cinema com muita pancadaria e efeitos especiais, o que é até pior. Pelo menos a violência no cinema nacional é uma realidade, embora não deva ser um monopólio.

Se for para o Brasil copiar o que vem de fora, que copie. Mas que haja uma democratização e uma diversidade na produção.

Sinto falta da magia, da fantasia e da pureza de um tempo em que criança via filme de criança. O que o cinema brasileiro precisa, além de mais boa-vontade do público e dos realizadores, é de mais encanto.

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