segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

E se José Serra tivesse ganhado?

2002 foi um ano histórico, para o bem e para o mal.

Apesar de não ser a primeira eleição que presenciei, é a primeira de que tenho lembranças. Eu tinha 7 anos.

De um lado, havia o então "progressista" Lula, que prometia acabar com a fome e a miséria no Brasil e diminuir as desigualdades sociais.

De outro, o candidato situacionista José Serra, que prometia mudança e principalmente emprego.

O governo FHC era bombardeado por quase toda a imprensa, um tapa na cara da esquerda que acusa a grande mídia de ser tucana. As críticas mais comuns eram a inflação acima de 10%, o desemprego e a "privataria", como era denominada pela oposição, sobretudo pelo PT. O resultado foi a vitória de Lula no primeiro turno.

Só que ninguém gosta de explicar as causas, e só se preocupam em apresentar os efeitos. Ninguém se lembra das crises mundiais que explodiram no final da década de 90, sobretudo a crise na Rússia em 1999. FHC se viu obrigado a fazer um ajuste fiscal, para conter os gastos e manter a independência brasileira diante do colapso. Pior é agora, com Dilma fazendo um ajuste ainda pior, sem nenhuma crise internacional que o justifique.

Todo mundo gosta de comparar a inflação de 13% do final da Era FHC, com os 6% do final da Era Lula. Uma diminuição bem razoável. Mas ninguém tem coragem de trazer à tona os números de 1994, antes de FHC ser eleito. A taxa inflacionária tinha ultrapassado os 2000%, e no ano seguinte, com o Plano Real sendo posto em prática, chegara a incrível taxa de 1,6%. E se manteve estável durante todo o primeiro mandato e boa parte do segundo do ex-presidente, só voltando a subir por causa da citada crise russa, além da crise argentina de 2001.

A vitória de Lula se deve muito menos ao seu carisma do que à intensiva campanha de marketing feito por sua equipe. A imagem do Lulinha paz e amor comoveu a sociedade, inclusive muitos empresários e banqueiros. Que, diga-se de passagem, estavam falindo não por culpa de FHC, mas por não saberem se adaptar às novas regras de mercado. A política econômica de FHC não era exclusividade nossa; o sociólogo simplesmente estava copiando um modelo que há muito tempo já dava certo lá fora. Não se pode fazer nada se o brasileiro não é chegado na globalização.

FHC fez o Brasil avançar oitenta anos em oito, mesmo sem prometer. Acabou com a inflação, reduziu os gastos do Estado com coisas inúteis e criou diversos programas sociais. Foi o governo onde houve a maior queda de evasão escolar, a criação do ENEM e o salário mínimo saltou de 70 para 200 reais.

Serra, como Ministro do Planejamento, comandou a venda das empresas que atrasavam nosso desenvolvimento. Como Ministro da Saúde, criou os medicamentos génericos e o melhor programa de combate a AIDS do mundo.

O que teria acontecido se o povo brasileiro tivesse dado a ele o direito de continuar o legado de FHC?

Me atrevo a chutar: se tivesse apoio do Congresso, Serra teria privatizado a Petrobras, a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil. Daria mais autonomia ao Banco Central. Não teria aprovado o Estatuto do Desarmamento, que tira do cidadão o direito de legítima defesa. Não teria criado a abominável classificação indicativa, que regula o conteúdo veiculado em radio e televisão. E o Brasil não se veria mergulhado na onda do politicamente correto.

Em 2006, Serra poderia ou se reeleger, ou passar o cargo a Geraldo Alckmin. Nesse meio tempo, nosso país teria se tornado potência mundial e nós estaríamos integrados a ALCA, ao invés do Mercosul

Infelizmente, o povo brasileiro tendeu para o outro lado. O populismo, a arrogância e a prepotência do PT.

E o que aconteceu?

Lula manteve as conquistas de FHC, o que deu muito certo pra ele e lhe deu popularidade. Se apoderou de um prestígio alheio, como sempre faz.

No segundo mandato (sim, amigos, o mais triste é que ele ganhou novamente), explode a crise da Bolsa de 2009. Aparentemente, os efeitos não são sentidos pelo Brasil, o que faz com que Lula se gabe.

Entretanto, em 2010 e 2014, vence Dilma Rousseff, o que faz a economia brasileira afundar e gera uma crise interna.

Moral da história: a raiz do mal deveria ter sido cortado em 2002.

Fecha o pano

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A incoerência de Danilo Gentili

Em primeiro lugar? Gentili é com um ou dois "éles"? Ah, não dou a mínima. Escrevo como quiser. Aliás, eu optaria por não escrever esse nome tão vulgar.

Outra coisa: Gentili é uma corruptela de "gentil"? Se for, a recíproca não é verdadeira.

São perguntas, meus caros, que permeiam a minha cabeça e me tiram o sono de tão importantes.

Tá, falemos sério.

Para quem não o conhece (acho difícil algum brasileiro não conhecê-lo e ainda por cima não idolatrá-lo), Danilo Gentili é um comediante. Ou se julga como tal. Suas piadas se baseiam no chamado humor negro, que gosto e até me atrevo a fazer.

Danilo faz parte da geração do humor para a qual tudo vale. Isso é muito bom. Eu adoro a liberdade de cada um dizer o que quer, sem nenhum tipo de censura.

Entretanto, para se defender essa idéia, ela não pode valer apenas para um lado.

O citado comediante se define como um liberal. Vive compartilhando, em seu Facebook, mensagens onde critica a intervenção do Estado na vida particular das pessoas.

Isso é maravilhoso! Eu daria uma salva de palmas para ele, e até fazia isso, até ver uma participação sua no programa do Raul Gil, no quadro Jogo do Banquinho, edição especial de Natal.

É pena que não achei video do quadro completo no Youtube, mas na sua entrada, Danilo saúda Raul mais ou menos assim: "Raul, eu queria agradecer ao sr, por que estamos em 'tempos chatos'. Quando desejamos feliz natal a alguém, chegam pra nós e dizem 'feliz natal é o cacete, eu sou ateu'. Então, em tempos chatos, o sr. faz um programa de natal"

A frase não era exatamente assim. Se alguem achar o video com a fala na íntegra, peço por favor que me mandem. Mas analisemo-na.

Quer dizer então, que o Estado não pode interferir na vida de ninguém, mas a igreja pode? Ou pior: o Estado não pode interferir na vida de ninguém, mas Danilo Gentili pode?

Isso é apenas um dos muitos exemplos de pessoas que se acham o próprio Deus, quando falam no nome dele.

E eu quero analisar outro video, mais antigo, de Danilo no quadro Rede da Fama, no programa da Eliana.

O cidadão fala, em primeira instância: "acima do humor eu acredito que o que mais me ajuda é a fé". E depois: "Coisas boas e ruins acontecem para quem é rico, pra quem é pobre, pra quem é mal, pra quem é bom." Mais contraditório, impossível. Se as coisas ruins podem acontecer a qualquer um, de que adianta ter fé? Se acreditamos que tudo dará certo, isso é fé. Se sabemos que algo pode ter errado, a fé é inconstante.

Mais adiante, o sujeito consegue se contradizer na mesma frase: "Quando você quer chorar, entra no quarto, chora diante de Deus. Na hora de sair, saia de cabeça erguida. Se você quer brigar por alguma coisa, briga pela liberdade de conquistar suas coisas, sem que ninguém oprima e diga que você não pode”

Se somos nós que temos que lutar e conquistar nossas coisas, e o próprio Danilo admite isso, dizendo em outro momento que é contra vitimismo, então ele está admitindo que Deus não nos dá nada. Puxa, que "Deus maravilhoso" o seu, Sr. Danilo Gentili. Nem pra ele o sr. se vitimiza? Então, não tem fé. Por que ter fé em Deus implica em se humilhar, implorar pelas nossas vontades serem atendidas. E no início da sua frase, o sr mesmo ensina isso, classificando a vitimização como um choro. Então isso é uma vitimização diante do seu Deus. Seria então uma tática, pra que Deus ficasse com peninha de ti e te facilitasse os caminhos pras suas conquistas pessoais?

É por isso que as falas contraditórias de Danilo Gentili, uma atrás da outra, não lhes dão o direito de figurar ao lado de seus colegas de profissão mais espertos, como o genial Marcelo Adnet. Este, o melhor humorista do Brasil, na atualidade. Para quem a liberdade termina onde começa a liberdade do outro.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O amor é apenas uma palavra que uso para rimar com dor

A felicidade é muito relativa, assim como o universo é aleatório.

Eu cresci tendo uma infância relativamente feliz. Não sabia nada de política, por isso não me preocupava com os acontecimentos do mundo. Não sabia nada sobre sociedade, já que eu fui criado na maior parte do tempo dentro de casa. Isso foi bom pra mim, por que eu não sabia o que era bullyng. Minha diversão era jogar video-games, ouvir as músicas que estavam nas paradas e assistir TV. Eu via programas infantis, uma coisa rara hoje em dia até para as crianças. Mas, de fato, eu me lembro que já sentia desejo sexual, embora nem soubesse o que era isso. Uma das minhas primeiras paixões foi a dançarina Carla Perez, então apresentadora do Canta e Dança Minha Gente. Paixão que mantenho até hoje, diga-se. Uma loiraça provocante, de requebros e remelexos que atiçam a libido de qualquer homem sedento. Sobretudo para quem é fascinado por baianas, como eu. Ainda hei de escrever sobre a superioridade da mulher baiana. Fica para uma outra oportunidade.

Entretanto, se minha infância foi feliz, não se pode dizer o mesmo de minha adolescência. Nessa época, comecei a ser separado de todos os grupos sociais. Um verdadeiro apartheid de uma só pessoa. Claro, deveriam existir outras pessoas no mundo na mesma situação, mas eu não me identificava com ninguém entre as pessoas que conviviam no meu meio. Confesso que tentava mudar meu jeito, fingir ter outros gostos, fazer de conta que não era estudioso, para fazer amigos. Mas só me aceitavam nos grupos como o bode expiatório, a piada da turma.

Eu era tímido, calado, corrigia professores e até livros. Gostava de cinema brasileiro pré-Retomada, escutava cantores do porte de Carlos Galhardo, apreciava um humor mais refinado que que a modinha do momento - o Pânico na TV. Nunca me julguei superior a ninguém por isso, muito pelo contrário, eu queria compartilhar com os demais as minhas predileções, para mostrar que bom gosto não deveria ser exclusividade minha. Todos poderiam apreciar essas coisas. Naquele tempo, a Internet já era um fenômeno que estava ao alcance dos jovens, mas eles nunca usaram a seu favor.

"Ué Bruno, mas voce não é um libertário? Cada um gosta do que quiser!". Concordo plenamente. Mas eu nunca obriguei ninguém a nada. Só queria mostrar o outro lado da história, a outra face da moeda, para que os meus colegas pudessem fazer suas próprias escolhas. Para rejeitar é preciso conhecer. E outra coisa: era disso que eu gostava. Eu acreditava mesmo, na minha ingenuidade, que eu poderia ser aceito em um grupo homogêneo sendo diferente. Mas não foi o que aconteceu.

Com o tempo, passei a ser agredido, verbal e fisicamente, e tive que trocar de sala. Nesta, consegui fazer um grupo bem pequeno de amigos (não passavam de três), e eles dialogavam mais entre eles do que comigo.

No meu colégio, eu permanecia a maior parte do tempo na biblioteca. Como eu não tinha com quem falar, e como nunca levei jeito para esportes, desenvolvi um gosto pela leitura. Era meu passatempo. Daí que, mesmo na adolescência, eu retardei minha infância lendo quase toda a obra de Monteiro Lobato. Era fascinante a forma como ele ensinava diversas disciplinas de maneira didática e divertida. O mesmo pode ser aplicado aos livros de Malba Tahan, que me ajudaram muito a aprender Matemática, uma matéria que sempre achei e acho dificílima. Eu sou um poeta, um articulista, um ator; ciências exatas me apavoram.

Mas foi na adolescência que comecei a sentir amor. Amor por pessoas reais. E acreditava no amor. Ah, como eu era tolo. Eu me apaixonei por cerca de dez pessoas, todas na minha escola, entre alunas e professoras. A mais educada me disse que eu iria achar alguém bacana, e que eu continuasse tentando. A mais grosseira me mandou fazer coisas impublicáveis.

A partir daí, adquiri o problema da depressão, que me atormentou durante anos. Eu olhava para todas as mulheres na rua, e notando que elas não me correspondiam, eu queria morrer. Ficava louco a procura de respostas. Tudo por que sou feio? Ou por que sou pobre? Ou por que não sei me vestir? Obesidade não poderia ser, pois não sofria desse problema na época

O fato é que eu sentia em mim um grande vazio existencial, pois todos os homens do mundo arranjavam parceiras. E parece que os homens que se gabavam de ter várias parceiras, eram os mais bem cotados por elas. Ainda é assim.

Mulher nenhuma nunca me achou bonito - família não conta. Algumas me diziam não só mesmo por esse detalhe da aparência. Outras, até davam uma chance de me conhecer, conversar comigo. Estas já eram a infinita minoria. E bastavam cinco minutos de papo pra que viesse a rejeição. Eu não sou um cara normal, segundo as mulheres.

Por isso, deixei de acreditar no amor. No meu caso, o amor é apenas uma palavra que uso para rimar com dor, nas minhas canções.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Qual é o problema da pornografia?

A moral cristã é podre na sua essencia.

Um exemplo disse é o ridiculamente tosco Nando Moura.

Este cidadão é um dos ideólogos do que se convencionou chamar de "extrema-direita". Entre aspas, mesmo. Extrema direita para mim somos nós, os libertários, os anarco-capitalistas e os minarquistas. Nós somos a vanguarda do mundo.

E por que? Simples, algum de voces saberia me responder qual a caraterística principal da direita? O débil-mental do Nando não sabe, mas eu digo: a defesa das LIBERDADES INDIVIDUAIS. Não é a família nem a moral, até por que elas são conceitos variáveis.

Nazista, fascista, e defensor da ditadura militar não é extrema-direita. Pode até ser direita, embora até isso seja questionável.

Gente décrepita como o deputador Jair Bolsonaro, que denomino como Boçalnaro, não é de direita nem mesmo no campo econômico. Um cara que se julga defensor do capitalismo, mas diz que FHC merecia ser fuzilado por ter privatizado estatais e transformado nosso país em potência, é um completo asno. Fora a manutenção da carga tributária brasileira, uma vergonha.

O que acho de um eventual Governo Bolsonaro? Simplesmente, ele acabaria com o nepotismo de cargos públicos para parentes de petistas, e traria de volta o corporativismo de cargos públicos para militares do Exército. Ou seja: de qualquer modo, o contribuinte continuaria pagando o salário de vagabundos.

Mas a razão desse texto não é simplesmente baixar o sarrafo nessa pseudo-extrema direita, mas sim mostrar algumas de suas contradições.

Nando Moura é um exemplo do chamado "rock bonzinho". Bom, sei lá se existe esse termo. Como sou criativo, estou lançando ele agora. Além dele, existem outros, como Rodolfo, ex-Raimundos, uma banda que ficará para sempre na história pela frase "a livre expressão é o que constrói uma Nação independentemente da moeda e sua cotação". Ou bandas como Rosa de Saron e o chamado white metal, entre outros.

Tudo isso deturpa a verdadeira função do rock. Não estou dizendo que roqueiro é sinônimo de baderneiro, mas sim o de um questionador do mundo. O que seria do mundo sem os grandes pensadores? Seria apenas um celeiro de religiosos, para os quais uma palavra é uma ordem.

Hoje o caráter do rock se limita a louvar a Deus, essa criatura insana e maligna que apavora mentes evoluídas.

É verdade que, no meio do caminho, existem grandes roqueiros como Lobão, que sabe defender posições conservadoras, mas sem misturar política e religião. E também há os hipócritas, como o irmão deste que lhes escreve, que se diz evangélico mas escuta "Highway to Hell" no volume máximo.

A questão é: se Deus irá nos punir, mas não existe uma moral absoluta a ser obedecida - pelo menos é o que parece, já que Nando adora dizer palavrões - que mal há em se assistir a um bom filme pornografico?

A pornografia faz parte da chamada Revolução Sexual, da década de 60. Grandes artistas e filósofos defendiam essa nova forma de se ver o mundo, como a excelente pensadora Ayn Rand

O capitalismo soube usar dessa arma (e isso não é condenável) e fabricar dezenas, talvez centenas de filmes por mês, principalmente nos Estados Unidos, que é um país inclusive tomado como modelo pela "direita conservadora"

Como podem ver, os norte-americanos não são tão fervorosos quando o assunto é religiosidade.

O cinema pornô movimenta o mercado, dá dinheiro para muita gente e alimenta sonhos. Quem nunca sonhou em ser um grande astro pornô e se deliciar na cama com os caprichos de uma bela e gostosa loira peituda, uma morena bunduda enfim, se querem nomes, eu os forneço: quem nunca sonhou em ser inversamente comido por uma Bridgette B, por uma Maserati , Bozena ou Ornelia?

Sim, notem o meu conhecimento por mulheres conhecidas apelas por um simples prenome, para que voces possam ver a desvalorização da atriz pornô. Ora, e ainda tem gente que acha isso um trabalho fácil!

Eu garanto que o salário de um pastor ou missionário é muito mais vantajoso. Então, por que tem tanta gente que escolhe "pecar"?

Resposta: o simples prazer pelo contato físico, com uma conexão interior que me admira não ser creditada pelos crentes. Visto que amor, prazer carnal, estão muito ligados ao "espiritual" que voces dizem acreditar tanto.

Se a Bíblia é a Palavra de Deus, e nela não há erros, então matar, sentir ódio e prostituir-se não é errado.

Se mesmo essas coisas sendo consideradas o "Mal", e o homem, sendo um ser perfeito, escolheu esse caminho, então seu Deus é uma farsa.

O Relativismo da Igualdade

Tem gente que gosta de dizer que eu me acho melhor do que os outros. Bom, nem todo mundo. Mas eu sou, sim, melhor do que determinadas pessoas. O que quero dizer? Todos nós somos melhores e piores do que alguém; mas nunca melhores ou piores do que todas as pessoas. Ou seja, nunca estamos situados no extremo da balança; afinal, o mundo é grande.

Eu, por exemplo, sou melhor do que quem gosta de molho de salsicha, quem assiste o Ratinho ou quem escreve para a Carta Capital; entretanto, sou pior do que quem conseguiu ter seu trabalho reconhecido, quem já fez amor com a Déborah Secco ou quem sabe falar alemão.

O PT não gosta dessa premissa. Aliás, nenhuma esquerda. Incluo nessa lista os nazi-fascistas, aliás, eles podem, sim, estar situados num "extremo" imaginário, que só existe na cabeça deles, de se acharem superiores a todos os demais grupos. A começar pelo ódio à própria esquerda. Auto-negação; aqui temos uma inversão daquela máxima de "só conseguir existir sendo o outro". Nesse caso, o "outro" é tomado como inimigo, mesmo sendo uma alma-gêmea.

Também cito como exemplo - para fugir um pouco, e só um pouco, da política - o relativismo no campo da religião. Sabemos que a maioria, se não todas as guerras, aconteceram por motivos religiosos. E embora os protestantes se digam os mais pacíficos, são os mais intolerantes no uso da palavra. Podem não ter tirado vidas com sangue; mas mataram a esperança, o desejo de muita gente, por pensar diferente deles. Ou seja: amordaçam, proíbem, ordenam, tentam calar a voz das pessoas através do verbo. E eles se acham o verbo.

Voltando a política, Dilma se acha o verbo. Até por que é filha de Lula. O homem que descobriu o Brasil, em 2003. E assim como todo membro do seu partido, ela não pode receber críticas. Como alguém ousa criticar alguém que faz tudo perfeito?



Conclusão: o socialismo é igualitário, mas não para quem pensa diferente. Vou me despedir com um grito de guerra. Tentarei me igualar aos desiguais, afinal, quero ser superior, como eles. "Até breve, companheiros". Ao fundo, a Internacional Socialista.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

A atitude e a coragem de Mel Lisboa

Mel Lisboa é uma mulher linda. É uma grande atriz. E é uma grande mulher.

Eu estava lendo essa semana nos meus passeios pela Internet, primeiramente, o inconformismo dos religiosos e dos fãs da Rede Record de Televisão, lamentando a decisão da Mel de deixar a emissora para fazer suas peças de teatro.

Depois, li uma declaração antiga, de que a atriz seria atéia, por conta de uma desilusão que teve com um livro religioso (não é a Bíblia, mas outro livro igualmente patético)

Não sei, sinceramente, se a declaração teve um teor conotativo, irônico ou algo do tipo. Também não sei se, caso seja verdadeira, ela mantém sua posição até os dias atuais.

O que quero fazer é aproveitar a atitude e a coragem da atriz para comentar sobre um povo altamente paranóico e anti-democrático: os religiosos. Sim, essa gente para quem não acreditar num ser fictício, é sinônimo de canalhice, desonestidade e desrespeito aos valores. Ora, mas que valores? ódio e violência generalizada contra homossexuais, submissão das mulheres, intolerância com minorias religiosas? Fora o fato de que, senão todas, a maioria das guerras que aconteceram no mundo, foram causadas por esse mal chamado religião.

Mel Lisboa marcou minha infância representando mulheres independentes e fatais. Ainda me lembro da revolução causada na televisão brasileira, no saudoso ano de 2001, com a adaptação maravilhosa de Presença de Anita. Aquela personagem mexia demais com meu inconsciente, com minha cabecinha infantil, provando que a sexualidade deve sim, ser discutida desde cedo, coisa que os conservadores não gostam de aceitar. Talvez a incrível interpretação de Mel me fizesse gostar ainda mais do que via, primeiro por ser uma novata que o Brasil nunca tinha visto atuar, e segundo pela entrega que ela fazia, da liberação da mulher, do desejo libertário e extremamente autêntico de se dar, de maneira completamente sensual e extravagante.

Na Record, Mel se transformou no extremo oposto disso: uma mocinha meiga, dócil, que não representa perigo nenhum ao sistema. Da forma perfeita para os fundamentalistas cristãos, que pregam "valores tradicionais em nome da família", um modelo de sociedade onde uma mulher é chamada de "prostituta" por ficar nua em público.

Seu último papel no canal do Bispo Edir Macedo foi o de uma princesa egípcia, na novela Os Dez Mandamentos. Eu não poderia terminar este texto sem falar sobre o assombroso fenômeno da risível novela, agora transformada num filme. Ambos foram promovidos pela Igreja Universal como a maior evangelização da história. Realmente, muito dinheiro foi adquirado com essas verdadeiras obras de desarte, com a arte sendo transformada num produto de celebração e não de contestação. Ou seja, o filme e a novela subvertem o conceito de arte, o princípio básico da arte como transgressora dos velhos ideais.

A linda e deslumbrante Mel, apesar de comemorar o sucesso de seu trabalho, decidiu se afastar e disse não à renovação de seu contrato, por falta de tempo e de liberdade profissional. Ela está agora encarnando Rita Lee. Eu não assisti à peça, por que ainda não tive oportunidade, mas já deixo a idéia de um filme.

O fato é que, agora, Mel Lisboa está na pele de alguém muito mais progressista

sábado, 13 de fevereiro de 2016

A década de 90 e o triunfo da globalização

A década de 90 está para o Brasil como a década de 80 está para Estados Unidos e Inglaterra. Nesse período, nesses países, os governos do presidente Ronald Reagan e da primeira-ministra Margareth Thatcher, respectivamente, lançaram mão de reformas que conduziram ao progresso.

Privatizações, redução da carga tributária, liberdade total e irrestrita de expressão - característica primordial da direita. Nessa época, o Brasil vivia o fim da ditadura militar, que foi o extremo oposto: censura à imprensa, inflação elevadíssima, impostos altos. O governo seguinte, de Sarney, embora tenha eliminado a censura, aumentou ainda mais os outros dois itens, com seus planos fracassados.

Chega a década de 90 e a utopia globalizante torna-se uma realidade nas terras tupiniquins. De início, o plano de desestatização foi comandado pelo marajá das Alagoas, Fernando Collor, hoje bastante conhecido como sendo da base aliada. Fernandinho Engomadinho já tinha traído seus ideais ao se envolver com corrupção e maracutaias ainda no seu governo, mas ao menos fez um ato nobre com o PND

Com Itamar, a festa continua, num ritmo desacelerado. Até que chega ao poder Fernando Henrique Cardoso. Com ele, privatizaram-se diversos mamutes estatais que em nada serviam além de abrigar velhos companheiros da fauna vermelha.

A idéia liberal do novo, do moderno, foi o que permitiu ao Brasil triunfar e se aproximar mais do G7.

A década de 2000, que nos EUA foi marcada por um governo ultra-republicano de Bush, no Brasil viveu um misto de continuidade com rompimento. Lula manteve as conquistas de seu antecessor, ou seja, a abertura de mercado, o crescimento da economia, a privatização de setores deficitários (as quais Lula tanto critica, mas não desfez, felizmente), o controle da inflação e dos impostos. Mesmo assim, se mostra incoerente, ao apoiar regimes autoritariamente ridículos, de tiranos incuráveis, como Chávez, Fidel, Evo e outros.

Esse velho e arcaico pensamento de tolher o próprio pensamento, ou melhor, o pensamento dos outros. Essa gente retrógrada é uma ameaça ao futuro

Felizmente, os cães ladram e a caravana continua passando. A lição da década de 90 foi a de que a democracia e o capitalismo ainda são a melhor opção.

Introdução

Amigos, cheguei. Ou melhor, voltei de uma longa viagem pelo cyberespaço.

Depois de seis anos sem escrever artigos de opinião, resolvi dar fim a essa longa inatividade

Oficialmente, agora, terei dois blogs.

Esboços Insossos ficará a cargo de mostrar aos internautas meu talento de poeta e compositor.

O Mundo de Bruno, este aqui, me mostrará como articulista e escritor.

Deixando claro que este aqui não é um blog exclusivamente político; como diz o nome, eu irei escrever textos, artigos e crônicas sobre tudo que gosto, faço ou penso no mundo - sobretudo no meu próprio mundo, que é muito mais interessante do que este aí fora.

Temas culturais, sobre música, cinema e mulheres, também serão bem-vindos.

Este é um blog independente.

Preparem-se, por que tudo será dito, com muito mais veemência do que antes.

Amigos, cheguei