sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A incoerência de Danilo Gentili

Em primeiro lugar? Gentili é com um ou dois "éles"? Ah, não dou a mínima. Escrevo como quiser. Aliás, eu optaria por não escrever esse nome tão vulgar.

Outra coisa: Gentili é uma corruptela de "gentil"? Se for, a recíproca não é verdadeira.

São perguntas, meus caros, que permeiam a minha cabeça e me tiram o sono de tão importantes.

Tá, falemos sério.

Para quem não o conhece (acho difícil algum brasileiro não conhecê-lo e ainda por cima não idolatrá-lo), Danilo Gentili é um comediante. Ou se julga como tal. Suas piadas se baseiam no chamado humor negro, que gosto e até me atrevo a fazer.

Danilo faz parte da geração do humor para a qual tudo vale. Isso é muito bom. Eu adoro a liberdade de cada um dizer o que quer, sem nenhum tipo de censura.

Entretanto, para se defender essa idéia, ela não pode valer apenas para um lado.

O citado comediante se define como um liberal. Vive compartilhando, em seu Facebook, mensagens onde critica a intervenção do Estado na vida particular das pessoas.

Isso é maravilhoso! Eu daria uma salva de palmas para ele, e até fazia isso, até ver uma participação sua no programa do Raul Gil, no quadro Jogo do Banquinho, edição especial de Natal.

É pena que não achei video do quadro completo no Youtube, mas na sua entrada, Danilo saúda Raul mais ou menos assim: "Raul, eu queria agradecer ao sr, por que estamos em 'tempos chatos'. Quando desejamos feliz natal a alguém, chegam pra nós e dizem 'feliz natal é o cacete, eu sou ateu'. Então, em tempos chatos, o sr. faz um programa de natal"

A frase não era exatamente assim. Se alguem achar o video com a fala na íntegra, peço por favor que me mandem. Mas analisemo-na.

Quer dizer então, que o Estado não pode interferir na vida de ninguém, mas a igreja pode? Ou pior: o Estado não pode interferir na vida de ninguém, mas Danilo Gentili pode?

Isso é apenas um dos muitos exemplos de pessoas que se acham o próprio Deus, quando falam no nome dele.

E eu quero analisar outro video, mais antigo, de Danilo no quadro Rede da Fama, no programa da Eliana.

O cidadão fala, em primeira instância: "acima do humor eu acredito que o que mais me ajuda é a fé". E depois: "Coisas boas e ruins acontecem para quem é rico, pra quem é pobre, pra quem é mal, pra quem é bom." Mais contraditório, impossível. Se as coisas ruins podem acontecer a qualquer um, de que adianta ter fé? Se acreditamos que tudo dará certo, isso é fé. Se sabemos que algo pode ter errado, a fé é inconstante.

Mais adiante, o sujeito consegue se contradizer na mesma frase: "Quando você quer chorar, entra no quarto, chora diante de Deus. Na hora de sair, saia de cabeça erguida. Se você quer brigar por alguma coisa, briga pela liberdade de conquistar suas coisas, sem que ninguém oprima e diga que você não pode”

Se somos nós que temos que lutar e conquistar nossas coisas, e o próprio Danilo admite isso, dizendo em outro momento que é contra vitimismo, então ele está admitindo que Deus não nos dá nada. Puxa, que "Deus maravilhoso" o seu, Sr. Danilo Gentili. Nem pra ele o sr. se vitimiza? Então, não tem fé. Por que ter fé em Deus implica em se humilhar, implorar pelas nossas vontades serem atendidas. E no início da sua frase, o sr mesmo ensina isso, classificando a vitimização como um choro. Então isso é uma vitimização diante do seu Deus. Seria então uma tática, pra que Deus ficasse com peninha de ti e te facilitasse os caminhos pras suas conquistas pessoais?

É por isso que as falas contraditórias de Danilo Gentili, uma atrás da outra, não lhes dão o direito de figurar ao lado de seus colegas de profissão mais espertos, como o genial Marcelo Adnet. Este, o melhor humorista do Brasil, na atualidade. Para quem a liberdade termina onde começa a liberdade do outro.

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