segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

A educação em SP e o nível dos professores

Quando eu cursava o Ensino Médio, eu costumava ouvir lamentos de professores sobre os baixos salários recebidos.

Eles argumentavam que o governo tucano havia sucateado a educação pública em São Paulo e que por isso a qualidade do ensino decaíra.

Entretanto, nos anos em que estive na escola, o que eu vi foi outra coisa.

O nível era baixo mesmo, mas os responsáveis por isso não eram os governantes e sim, os PRÓPRIOS PROFESSORES.

Explico. A grande maioria dos professores apenas cumpria seu serviço, de passar as lições e avaliar as notas, sem no entanto instruir cada aluno.

Alguns iam além e apenas sentavam-se à mesa, aguardando o fim da aula, e sequer passavam alguma lição.

Isso foi nos primeiros anos.

Ao final do meu Ensino Médio, o governo do PSDB iniciou a distribuição das chamadas cartilhas do aluno, conhecidas popularmente como "apostilas".

Esse modelo pode até ter sua funcionalidade discutível, mas era prático e didático.

No entanto, a situação nas escolas piorou ainda mais com a adoção desse método e, novamente, os culpados foram os educandos, e não somente o Estado.

As aulas tornaram-se abjetas. O "educador" mandava que nós anotássemos algum texto da apostila, as vezes respondêssemos algumas questões da mesma, e entregássemos em folha separada, ou mesmo em nossos próprios cadernos. E pronto. Era só aguardar o sinal sonoro e o início da aula seguinte.

Não havia discussão, debate, não havia nada. Nem mesmo a palavra de ordem do professor. Era tudo extremamente anestésico, no mau sentido.

Claro, os professores não são os únicos errados nessa história. Os alunos também contribuíam, com sua total falta de interesse nos temas.

As disciplinas que lidavam com números eram as que obtiam maior êxito na preferencia dos meus colegas. Mas nunca na minha. Não que eu não gostasse de exatas. Mas nunca tive facilidade com elas.

No entanto, as aulas de Língua Portuguesa, História, Filosofia, Sociologia etc, eram minha especialidade. Sempre me saí muito bem ao fazer redações. Já meus companheiros de classe detestavam pensar e preferiam fazer cálculos. O que não acho condenável, de modo algum. Antes se aprofundar em cálculos do que permanecer no ócio.

Mas o fato é que, além de os alunos não se interessarem em quase nada, os professores pouco faziam para despertar neles algum interesse. Portanto, eles não podem sair ilesos de culpa e ainda por cima reclamarem do seu ordenado no final do mês.

A educação em SP não é perfeita, logicamente. Mas seus índices ainda são os mais elevados do país. Material enviado pelo governo é o que não falta. No meu antigo colégio, haviam pilhas e mais pilhas de livros, tanto para ensino como também obras de autores renomados. Eu li a coleção inteira de Monteiro Lobato através da biblioteca que havia lá.

Vale lembrar também , que a TV Cultura é mantida com verbas públicas do Estado de São Paulo, e naufraga na audiência em todo o país. Uma programação muito interessante, mas às custas de dinheiro jogado no lixo, para que ninguém assista.

Portanto, não culpemos os governadores de sucessivos mandatos por um relaxo de gente descompromissada e sem vocação.

Se a educação em meu estado está um engodo (e está melhor do que nos demais!), em parte é por causa dos alunos, e em parte ainda maior é por causa dos professores, que não sabem instigar seus alunos.

O resto é conversa para boi dormir, assim como as aulas nas escolas públicas.

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