quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O possível fim da Operação Lava Jato e o fim da nossa esperança política

A Câmara dos Deputados aprovou, na madrugada da última quarta-feira, 30 de novembro, uma emenda ao pacote anti-corrupção, por 313 votos a 132.

O "pacote" em questão foi criado em março, por intermédio dos próprios deputados, como uma maneira de punir juizes e membros do Ministério Público que cometerem "abusos de autoridade" contra parlamentares.

Ou seja, nobre leitor: estamos diante de uma inversão de valores. Os parlamentares querem o direito de terem suas vidas particulares mantidas em sigilo, e se algum juiz se atrever a investigar seus atos criminosos, ele poderá ser preso por lei. Em que mundo vamos parar?

Agora a medida será votada pelo Senado e, se aprovada, deverá ter a sanção do Presidente da República.

Mas a votação de quarta serve também para trazer novamente à tona aquele velho debate "esquerda X direita". Será que essa dicotomia realmente existe no Brasil?

Eu fico em dúvida quanto à isso, quando vejo Jean Wyllys, do PSOl, votando contra, e vários demistas, ou seja, vários "conservadores", votaram a favor da medida.

Muito embora, a grande maioria dos petistas votou a favor. Nesse caso, nada de incomum.

Sim, pois apesar de os juízes muitas vezes serem corrutos, eles não passam a mão na cabeça de políticos que se envolvem em atos de corrupção diferentes.

Neste caso, o PT não seguiu aquele ditado: "Ladrão que apóia ladrão tem cem anos de perdão". O ditado, aqui, está mais para "libertar-se dos anéis para salvar os dedos".

Mas não sei se fico impressionado com partidos tidos como direitistas querendo a aprovação da emenda, entre eles o PR, o PP, o PSC e o PMDB (direitista?)

Afinal, o ex-prefeito e hoje deputado Paulo Maluf, do PP, tentou aprovar uma lei no Congresso para punir autoridades que agissem por "ma fé, promoção pessoal ou perseguição política". Ou seja, autoridades que tentassem defender o Brasil.

É certo que o juiz Sérgio Moro já pretendia acabar com a Lava Jato até dezembro. Mas a idéia dele era de que a operação tivesse fim com êxito, após ter colocado todos os envolvidos atrás das grades.

Eu também gostaria que assim fosse. Mas enquanto os culpados não fossem condenados, que as investigações continuassem. Ela não poderia ter um fim tão brusco, ainda mais por decisão de gente que poderia estar sendo autuada!

Quando vejo praticamente toda a classe artística apoiando bandidos, como meu antigo professor de teatro, que classificou Moro como "tendencioso", cai sobre mim um misto de decepção e falta de esperança.

Parece que o Brasil não tem mais jeito. Talvez, nem o mundo tenha jeito mais.

Quando penso que Lula, ao invés de estar preso, é um dos favoritos para as eleições de 2018, vejo que o nosso povo tem o destino que merece.

Costumo terminar sempre com alguma pergunta para que vocês reflitam sobre o que poderá acontecer. Mas, diante da situação, prefiro calar-me e calado assistir à morte do Brasil.

Deixo que os Titãs falem por mim:

"Vamos deixar que entrem
Como uma interrogação?
Até os inocentes
Aqui já não tem perdão
Vamos pedir que quebrem?
Destruir qualquer certeza
Até o que é mesmo belo
Aqui já não tem beleza"

Genial e atual. Mesmo neste país morto.

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