segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O Diário de Tati é um filme maravilhoso sobre a adolescência e não justifica tanto rancor

Eu tava vendo hoje a Sessão da Tarde e vi o filme O Diário de Tati. Não é a primeira vez que ele é exibido, mas foi a primeira que o assisti.

Aí resolvi procurar notícias na internet, pra saber o que o pessoal achava. E me deparei com críticas extremamente agressivas. Duas em especial chamaram minha atenção: a de Marcelo Hessel, no portal Omelete do Uol, e a de Lucas Salgado no site Adoro Cinema.

Eu, particularmente, gostei muito. Sou suspeito pra falar, por que adoro filmes adolescentes. Foi uma fase boa e ruim da minha vida. Boa por que eu vivia jogando videogame, assistindo a MTV e ouvindo rádio. Ruim por causa do bullyng na escola, da falta de amizades e da ausência familiar. Mas esse texto não é sobre minha vida. Adiante.

O filme conta com Heloisa Perisse no papel principal. O filme foi foi rodado em 2006, mas só foi lançado em 2012 por falta de patrocínio. Eu, como apreciador de cinema brazuca, sei o quanto é difícil fazer cinema neste país sem incentivos governamentais. Só isso já é uma grande qualidade da equipe que trabalhou nesse filme.

A crítica maior que se deu foi pelo fato da protagonista ser uma adolescente de 15 anos vivida por uma mulher de 40 na época. Mas isso não soa deslocado, tendo em vista que Heloisa, maravilhosa como sempre, é uma mulher extremamente jovial e, se eu não soubesse de sua idade, jamais lhe daria 40 anos na época (e muito menos os 50 que ela tem hoje).

É claro que, vendo o quadro dela no Fantástico, eu a achava deslumbrante e vivia sonhando que ela fosse mesmo uma adolescente, pra que ficasse mais fácil de eu namorá-la (risos). Mas mesmo sabendo que não era, eu não imaginava que ela tivesse essa idade toda.

Uma outra crítica é sobre a abordagem da adolescência que é feita no filme. Os autores das críticas citadas acima alegam que o filme trata os adolescentes como se fossem "idiotas" e tem uma visão muito atrasada sobre como é essa fase da vida.

Dizem que as gírias, o vestuário e a própria mentalidade de Tati e seus colegas é retrógrado. Dizem até mesmo que o sonho de montar uma banda é coisa antiga, distante do universo dos jovens de hoje. Mas isso não é uma verdade absoluta.

Eu mesmo sonhava em ter uma banda na adolescência. Sonhava em ser o cara mais popular da escola. Sonhava em ser craque nos esportes e sair com líderes de torcida. Um ideal muito americanizado, muito High School Musical? Talvez.

Mas creio ser muito mais saudável um adolescente desperdiçar seu tempo querendo ser popular e conquistar as gatinhas do que entrar para o crime e para as drogas cada vez mais cedo, como vem ocorrendo com essa geração marcada por MCs mirins e pelo BBB.

Neste sentido, eu achei O Diário de Tati um ótimo filme. Longe de ser uma obra genial, como Bicho de Sete Cabeças, que retrata também o universo adolescente, mas sob outra perspectiva.

Entretanto, O Diário de Tati desperta em nós o desejo de ser adolescente outra vez. E mais do que isso, desperta o desejo de ver novamente uma juventude mais sadia, o que talvez não volte a ocorrer por culpa da mídia, do Estado e das famílias omissas, que permitem a deturpação de valores e o amadurecimento precoce estimulado por conteúdos inadequados.

Longe de mim querer controlar o que cada um assiste. Mas em minha opinião, criança é criança. Adulto é adulto. Com adolescentes não deveria ser diferente. E esse é mais um motivo por que louvo esse filme - por tratar de uma fase quase desprezada pelos meios de comunicação. Não que ela não seja explorada comercialmente, muito pelo contrário. Mas entender os anseios, as angústias e os prazeres dos adolescentes de maneira sóbria, é coisa que raramente se vê.

Diário de Tati é divertidíssimo e eu destaco as atuações de um quase desconhecido (na época) Marcelo Adnet e da estonteante Thais Fersoza, como a garota antipática da escola que pega no pé da mocinha - toda menina tem uma nessa idade, vocês que me leem saberão do que estou dizendo.

Enfim, um filme excelente para assistir com a família. Mas ainda melhor para ver com os amigos da mesma faixa etária.

E a Tati continua sendo a garota dos sonhos até mesmo deste pós-adolescente que vos escreve. Demorô, já é!

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