domingo, 4 de junho de 2017

As grandes novelas das sete que deixaram saudade e a falta de bom humor das novelas recentes

Uma das minhas maiores paixões é a teledramaturgia. Adoro assistir novelas, e mais do que isso, adoro comentá-las. Quando não tenho alguém para compartilhar minhas opiniões, eu escrevo para que as pessoas possam ler o que acho de determinado folhetim.

Nesse texto, queria comentar uma faixa de horário que é a minha favorita: a das 19 horas. Ou seja, a popular "novela das sete".

O que mais me atrai nos folhetins desse horário, é a velha comédia de costumes.

Quem trouxe esse formato para a TV, no caso para a Rede Globo, foi a dupla Silvio de Abreu e Jorge Fernando, nos anos 80.

Naquela década, ficou comum aquele padrão de neo-chanchada: tortadas na cara, gente que tropeçava sem querer, pessoas com a voz ou sotaque engraçado, texto ágil com bastante duplo sentido sutil, que muitas vezes passava despercebido, e por isso mesmo, era inteligentíssimo.

O estilo Abreu - Fernando foi adotado por outros autores, como Cassiano Gabus Mendes e o então iniciante Carlos Lombardi.

Juntos, eles foram responsáveis por grandes sucessos como Guerra dos Sexos, Ti Ti Ti, Plumas e Paetês, Brega e Chique, Bebê a Bordo etc.

No início dos anos 90, um novo autor, vindo do cinema, veio trazer ainda mais leveza ao horário, com suas histórias recheadas de surfistas e adolescentes felizes. Com seu jeito de garotão, Antônio Calmon, um dos meus autores favoritos, fazia sua estréia como co-autor junto com Walther Negrão, na maravilhosa Top Model. Que bela estréia, meus amigos!

As novelas das sete tiveram seus altos e baixos na metade e no final dos anos 90. Mas o estilo debochado dos anos 80 ganharia um revival no início dos anos 2000.

Foi nessa época que tivemos Uga Uga, do Lombardi, cheia de homens sem camisa e mulheres decotadas; Um Anjo Caiu do Céu, do Calmon, na minha modesta opinião a melhor de todas das sete; Desejos de Mulher, que tentava ser mais séria e que me atraía mais por causa da abertura; e O Beijo do Vampiro, novamente Calmon, um revival de Vamp, que embora tenha sido um fracasso, é até hoje solicitada sua reprise e que pra mim foi tão boa quanto a "original".

Deixei para citar à parte As Filhas da Mãe, exibida entre Um Anjo e Desejos. Essa novela contou com atuações incríveis de Cláudia Raia, Fernanda Montenegro e Raul Cortez, entre outros. Tinha uma linguagem considerada difícil, e parte da trama era contada através de raps. O público acabou não compreendendo. Mas a novela, também de Silvio de Abreu, ficou como uma nova roupagem para os sucessos que ele escrevia vinte anos antes.

Recentemente, a "tradição" foi mantida por outros sucessos, como Morde e Assopra, mas também houve uma série de novelas terríveis, que fugiam da comicidade e apostavam no drama, como Geração Brasil, Além do Horizonte, Totalmente Demais etc. Tão ruins que até me dói escrever seus títulos.

O bom humor voltou com Haja Coração, remake de Sassaricando que a princípio, me atraiu por causa de seu elenco feminino, recheado de beldades como Mariana Ximenes, Ellen Roche, Malu Mader, Chandelly Braz, Fernanda Vasconcellos e Agatha Moreira, esta última, vinda de Malhação, mas como não assisti a temporada da qual ela participou, foi Haja Coração que me apresentou a essa gata.

Só que, com o tempo, eu fui atraído pelo enredo também, muito simpático e com grandes deixas no final de cada capítulo.

Seus 138 capítulos passaram tão rápido e chegou Rock Story, que desde o início foi uma grande promessa. Embora Rock Story fuja dos padrões cômicos das sete da noite, é sim uma grande novela.

Além de abordar o gênero rock com muita propriedade e respeito, sem ser caricatural como é a maior parte da mídia jovem no Brasil e exterior, a novela era uma ótima oportunidade de ver musas como Alinne Moraes, Viviane Araújo, Júlia Rabello e Nathalia Dill, uma verdadeira princesa.

Mas há, sim, bons momentos humorísticos, graças aos personagens de Ana Beatriz Nogueira e do jovem galã Rafael Vitti, um dos maiores destaques da trama. Apesar de, a partir de um certo momento, Vitti aparecer bem menos do que no início, ele foi a grande cartada.

Eu comparo Rock Story com Alto Astral. Uma novela das sete atípica, sem ser muito engraçada, mas que ainda assim cumpria seus objetivos. E assim como Alto Astral, muito boa.

Na reta final, tivemos uma participação do super gente fina Evandro Mesquita, que veio colaborar para que o núcleo cômico da novela aumentasse.

Na próxima semana estréia Pega Pega, que parece trazer, mais uma vez, a comédia.

As chamadas têm "chamado" minha atenção, com o perdão do trocadilho infame. Mas é verdade. Eu pretendo acompanhar essa nova novela, e espero que não fique chata com o passar do tempo.

Um ponto positivo é a presença de Cristina Pereira, excelente comediante. Vamos ver se ela vai levar tudo nas costas ou se haverá outros atrativos.

O fato é que as novelas das sete sempre estiveram presentes no cotidiano e nos lares das famílias brasileiras. E tudo indica que teremos mais um grande divertimento vindo aí, ainda que não seja um sucesso.

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