quinta-feira, 14 de maio de 2020

Porto dos Milagres e o revival de 2001, o ano que não terminou

De todas as novelas que estão no ar atualmente, incluindo todas as emissoras, minha preferida é Porto dos Milagres, escrita pelo mestre Aguinaldo Silva. A novela ficou no ar por um bom tempo no ano de 2001, de fevereiro até setembro, e vem sendo exibida desde o início desse ano pelo Canal Viva.

Pra mim, é a melhor novela de Aguinaldo; só não foi a melhor daquele ano pois minha novela preferida era exibida quase que ao mesmo tempo. Me refiro à Um Anjo Caiu do Céu, cartaz às sete horas da noite.

Enquanto isso, às seis da tarde, passava a maravilhosa Estrela Guia, com a dupla teen Sandy e Júnior. Que aliás, está de volta agora com uma turnê comemorativa de 30 anos de carreira. E é motivado por esse clima de revival, que resolvi escrever esse texto.

Em 2001, a música pop estava bombando com as divas internacionais e também com grupos de rapazes. A febre do momento era o Nsync. Tanto que chegaram a ter uma música incluída na novela As Filhas da Mãe.

O Nsync era minha boy band internacional favorita, mas também haviam os Hanson, que eram uma boy band no sentido do apelo pop, mas eram também uma banda, pois cada um tocava seu instrumento. Eu adorava esses caras, que aliás estão na ativa até hoje.

2001 também foi o auge do programa Domingo Legal, apresentado pelo saudoso Gugu Liberato. Para mim, o melhor programa da história da televisão mundial, e o melhor apresentador do mundo. Sabem porque acho isso? Não só pelas belas mulheres sensuais que batiam bonto lá, mas também por receber os maiores astros da música popular brasileira e internacional. Os próprios grupos mencionados no parágrafo anterior chegaram a tocar lá.

Gugu também lançou vários grupos musicais. Meus favoritos eram o Dominó, que chegaram a ter várias formações desde 1984. Minha formação favorita é a de 1997. Mas a formação 2001 nos deu o hit Bomba. Sabe aquele mega-hit dos Braga Boys no ano anterior? Então, eles gravaram a versão original, em espanhol, com um arranjo super-dançante. E haviam as garotas do Banana Split, que sempre cantavam o ritmo do momento. Nessa época, elas cantavam axé, que estava bombando.

O funk carioca explodia em 2001 com seus tapinhas, motinhas e eguinhas. Gugu, como todo mestre, deu espaço. Assim como o pagode erótico da Bahia sofria críticas da intelectualidade alguns anos antes, naquele início de século o pancadão do Rio passou a ser a grande vítima da imprensa.

Os pagodeiros, tanto os baianos quanto os românticos - em sua maioria paulistas - não saíam da Banheira do Gugu e do Jogo do Banquinho, do Programa Raul Gil, naquela época dando mais de 30 pontos na Rede Record.

A música sertaneja vivia uma fase bem pop. Podem reparar que os sertanejos nessa época, como Pedro e Thiago e Marlon e Maicon, usavam um visual inspirado no pop internacional, como jaquetas, óculos escuros ou transparentes e topetes. Era um sertanejo adolescente, assim como Os Travessos cantavam um pagode para adolescentes.

O seriado Malhação vivia uma das suas melhores fases. Três temporadas excelentes seguidas (1999, 2000 e 2001). E com várias bandas de rock à tiracolo: Charlie Brown Jr., Detonautas Roque Clube e Tihuana, só para citar as três mais famosas.

Bandas que, aliás, não saíam do programa Superpositivo, apresentado pela gatíssima Sabrina Parlatore na Bandeirantes. O que tinha de mulher bonita nesse programa não era brincadeira.

A Sessão da Tarde vivia seu melhor momento. A molecada que estudava de manhã, como eu, chegava do colégio, almoçava e às 16:00 horas lanchava biscoito com Nescau assistindo pérolas como Um Príncipe em Nova York, Lassie, Ed - Um Macaco Muio Louco etc.

Para a gurizada que estudava de tarde, poderiam se divertir com duas opções: Eliana e Alegria, na Record, cujo recorde de audiencia se dava com o desenho japones Pokemon, ou então com a deusa Angélica na Globo, que passava no mesmo horário um outro desenho importado do Japão, Digimon.

Nesse ano também, surgiu o primeiro reality show originalmente tupiniquim. Casa dos Artistas, que contou com a participação de gatas como Nana Gouvêa e Mari Alexandre, do ator Alexandre Frota e de Supla.

O roqueiro estava sumido desde o início dos anos 90, morando na América, e voltou ao Brasil em 2001. Lançou disco novo - estrondoso sucesso de vendas -, participou de novela global e virou estrelinha fácil no programa Piores Clipes do Mundo, de Marcos Mion.

Enfim, 2001 foi o melhor ano da história. E a maravilhosa Porto dos Milagres, que tem em sua trilha sonora músicas iconicas como Crendice, do grande músico Carlinhos Brown, que seria vaiado injustamente no Rock in Rio no final daquele ano, e Entre o Céu e o Mar, da divina cantora Elba Ramalho, foi a cereja do bolo.

Parabéns ao Canal Viva por reprisar essa obra-prima. Uma forma dos saudosistas se lembrarem, com carinho, daqueles bons momentos.

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