terça-feira, 7 de julho de 2020

CNT já foi a melhor emissora do Brasil

Fundada pelo político José Carlos Martinez como Tv Tropical em 1979, mas passando a funcionar como Central Nacional de Televisão a partir de 1993, a CNT, sigla pela qual é mais conhecida, já teve a melhor programação da televisão brasileira.

Acha que estou brincando? Não mesmo. Para os mais novinhos, a CNT é esse canal que só retransmite 22 horas diárias da Igreja Universal, mas para quem teve sua infancia nos anos 90 e 2000, ela era uma das melhores opções na telinha.

É bom deixar claro que a CNT sempre teve muitos de seus horários alugados. Mas nem sempre eles foram a maior parte da grade do canal.

Mesmo entre os programas que compravam seu espaço, havia coisas interessantes. Um programa oficial da Furacão 2000, apresentado pela lindíssima Veronica Costa, a mãe loira do funk, que era o único reduto dos funkeiros na época, muito antes de Regina Casé e seu Esquenta.

Havia infomerciais, e também um programa chamado 1001 Noites, que existe até hoje mas em outras emissoras. Esse programa nada mais era do que um leilão de jóias, feito por uma empresa concorrente do Medalhão Persa (também existente até hoje) que na época alugava horário no Canal Rural.

Havia o 190 Urgente, um dos muitos "herdeiros" do policialesco Aqui Agora do SBT, alguns anos antes. Um tipo de jornalismo brucutu, mas que dava informações que o telespectador precisava ouvir, e por mais que houvesse nervosismo da parte do apresentador, o mesmo também brincava bastante. Aliás, hoje ele está na emissora de Silvio Santos com um programa totalmente de brincadeiras. Sacaram quem é? Ele mesmo, o grande Carlos Massa, o Ratinho.

No final dos anos 90, a CNT criou programas de atrações musicais, como Festa do Mallandro (que mais tarde focaria mais em pegadinhas), Família Sertaneja com Marcelo Costa e Ligação com Guto Morenno.

Haviam programas de entrevistas: um programa exibido nas madrugadas de segunda a sexta-feira, apresentado por João Kléber, com a intenção corajosa de competir com o JÔ Soares Onze e Meia, na época líder absoluto no ibope. E também um programa apresentado pela Marília Gabriela. Bons tempos em que os entrevistadores tinham respeito pelo público, não eram como Danilo Gentilli, que só sabe ofender as pessoas.

Haviam muitos programas de conteúdo erótico. O mais famoso era o Puro Extase, apresentado pela deliciosa Regininha Poltergeist, de curta duração. Sem contar filmes eróticos softcore, que tinham intenção de competir com o Cine Prive da Bandeirantes, mas não passavam exclusivamente aos sábados.

O que havia de mais legal na CNT era a programação estrangeira: desenhos animados antigos, filmes clássicos de Hollywood e novelas mexicanas ou venezuelanas que não foram compradas pelo SBT.

Ou seja: desenhos que mais tarde, só passariam no Boomerang, que agora nem passa só desenhos antigos, e filmes que só passariam no TCM, que ampliou seu leque de programação e não exibe mais coisas tão antigas assim, chegando a incluir filmes de terror (!) e séries dos anos 2000.

Já as novelas tinham o mérito de ter uma dublagem mais sofisticada do que as do SBT, além de terem uma ótima dicção que permitia compreender melhor cada fala. É certo que haviam crises de pagamento, o que fez com que a excelente Canavial de Paixões começasse dublada e terminasse legendada.

Além dos divertidos seriados Chaves e Chapolin, a CNT também passou a exibir episódios do Chespirito gravados na década de 90, sob o nome de Clube do Chaves. Foi a terceira dublagem do seriado no Brasil, que mais tarde teve uma quarta dublagem, exibida pelo SBT.

Enfim, é uma pena que uma emissora tão qualificada, embora nunca tenha sido um sucesso, tenha decaído tanto ultimamente.

As últimas coisas bacanas que ela exibe hoje são o ótimo CNT Jornal e o CNT Esporte. Nem a grande jornalista Márcia Peltier está mais no qudro de apresentadores.

Com apenas duas horas de programação própria, hoje a CNT é mais uma que vive das glórias do passado.

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