terça-feira, 16 de junho de 2020

Argumentos em favor da "Aemização das FMs"

Há tempos estou querendo comentar sobre o fenÔmeno que alguns críticos e jornalistas denominam "Aemização do FM". Primeiro, vamos explicar o que é isso, e depois irei argumentar em sua defesa.

Aemização é como alguns "jornalistas", na verdade, blogueiros independentes mas que são loucos para colocar na mente dos outros que suas opinião são as corretas, definem emissoras de rádio FM que emulam, parcial ou totalmente, o estilo de transmissão do rádio AM. Vale também quando há uma dupla transmissão "AM-FM".

Como parte do primeiro exemplo, posso citar a Metrópole FM, de Salvador, cuja programação é totalmente dedicada ao "Aemão", ou seja, com jornadas esportivas, noticiário e programas de locutor, e a Transamérica, que tem em alguns horários programas do tipo.

Como parte do segundo, pode-se mencionar a dupla transmissão da Globo "AM e FM", bastante criticada.

Mas aqui, vou me desfazer de alguns mitos de que isso é uma coisa negativa.

1) Dizem que os defensores da "Aemização" prometiam expulsar a música ruim do rádio FM, mas que, com ela, isso só aumentou, pois as rádios que deveriam estar tocando música boa passaram a tocar lixo. Isso é verdade, de fato. Mas o número de rádios que tocam lixo diminuiu consideravelmente, em função do Aemão. E quem quer fugir da música ruim, tem as rádios noticiosas como opção. Em outras palavras: e preferível meia-dúzia de rádios tocando música ruim e várias dando notícia, do que umas boas poucas rádios de boa música e muitas outras tocando porcaria, algo que seria inevitável a partir dos anos 90. E podem perceber que de lá pra cá, as rádios de música ruim aumentaram. Mas graças as FMs noticiosas, nem tudo é música ruim no rádio FM.

2) A esquerda radical gosta de argumentar que as FMs "all news" tem uma linha editorial conservadora. Meia-verdade. Embora haja uma mídia de direita do tipo, e ela é bem grande, não chega a ser a maioria. Vale lembrar que a Aemização, embora tenha começado nos anos 70, portanto, na ditadura militar, ela se fortaleceu durante a farra de concessões da dupla José Sarney (que apoiou o PT) e AntÔnio Carlos Magalhães. No governo Collor, várias igrejas evangélicas foram presenteadas com emissoras AM, o que é outra história. Mas o auge da aemização foi no governo FHC, que todos nós sabemos ser um político de esquerda. Tanto que o governo Lula não fez nada para reverter essa situação. Sinal que FHC e Lula são dois grandes líderes, merecem respeito e foram EXPLICITAMENTE apoiados por MUITAS dessas emissoras, inclusive por Mário Kertézs, dono da citada Metrópole FM. Mesmo ele sendo um afilhado político de ACM. E outra: por mais que o falecido político baiano fosse um crítico do PT, seu governo foi tão progressista quanto o de Jacques Wagner, do citado partido. ACM se dizia direitista, mas era um grande progressista.

3) Dizem que debates esportivos, desses que gostam de discutir o sexo da bola, são maçantes. Bom, isso vai do gosto de cada um. Fui pesquisar o perfil de quem disse isso, e são pessoas que detestam futebol. Quem não gosta de ver partidas de futebol, logicamente irá achar mesas redondas ainda mais chatas. Dizem também que o "AM em FM", assim como o AM original, perdem muitos pontos no Ibope para as transmissões esportivas da TV aberta e da TV paga. Ora, mas isso é óbvio! Quem é que, podendo ver um jogo na televisão, vai querer escutar o mesmo jogo no rádio? Eu mesmo prefiro ver na TV. Agora, o debate esportivo no rádio, é muito superior que tv, por dois motivos: primeiro, porque geralmente são os mesmos programas retransmitidos. Segundo, porque é muito mais prático você sintonizar, podendo ouvir no carro, no shopping ou no celular (lemrando que aparelhos de celular transmitem apenas FM).

4) Por fim, uma das coisas mais criticas no Aemão é o estilo de locução. Aí é que a coisa pega. Algumas AM em FM se limitam a serem meras AM na Frequência Modulada. É o caso da Metrópole, que tem uma locução mais "tradicional", digamos assim, e vagarosa, mas com o locutor brincando com os ouvintes que nem os locutores das FMs populares. Já o outro tipo de locução, o mais pragmático e também, o mais criticado, é o que junta a fórmula do AM com a linguagem da mídia jovem,sobretudo MTV, RedeTV! e das próprias rádios de música pop e dance, como a Jovem Pan 2. Vale até uma brincadeira aqui: Alexandre Figueiredo disse que as modernas rádios de rock não passam de uma "Jovem Pan 2 com guitarras". Podemos dizer que essa vertente do Aemão é uma "Jovem Pan 2 com chuteiras". É como se o Rock Gol, aliás um programa divertidíssimo apresentado por Paulo Bonfá e Marco Bianchi, fizesse parte da programação dessas rádios. Aliás, eles próprios fizeram parte de um programa do tipo, Os Sobrinhos do Ataíde (89 FM), só que ao invés de futebol, era um programa humorístico. Eu acho esse tipo de programa extremamente moderno e ágil.

Enfim, esses são apenas ALGUNS argumentos a favor do Aemão. O rádio AM foi muito importante, sim, mas é uma mídia ultrapassada e com muitos chiados. O FM é o futuro. E quero ver alguém provar o contrário.

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