quinta-feira, 11 de junho de 2020

Rádio Cidade do Rio de Janeiro não é mais a mesma, mas ainda é a melhor rádio de rock do Brasil

Em fevereiro deste ano, tivemos a ótima notícia do retorno da Rádio Cidade 102,9 FM, do Rio de Janeiro.

Na minha opinião, a Cidade foi, durante anos, a maior e mais importante rádio dedicada ao rock'n'roll no Brasil.

Eu não sou carioca. Nunca fui ao Rio. Conheci a rádio através de textos, graças ao advento da Internet. Isso foi em 2009. Naquela época, a emissora já tinha saído do dial e dado lugar à Oi FM, uma rádio de pop eclético contemporâneo, igualmente maravilhosa. Mas nesse período, ela transmitia online como Cidade Web Rock, tendo voltado entre 2014 e 2016, saído novamente do ar e voltando agora em 2019 (espero que desta vez para ficar).

A melhor fase da Cidade foi entre 1995 e 2006. Aliás foram duas fases em uma só. A primeira, entre 1995 e 2000, como emissora independente. A segunda, de 2000 até 2006, como afiliada da 89 FM de São Paulo, a Rádio Rock. Tanto que passou a se chamar de "Cidade a Rádio Rock", assim mesmo, sem vírgulas.

Nessa época, ela tocava o que havia de mais legal no rock, dando ênfase à tendências mais pesadas, porém que faziam bastante sucesso na gringa. O foco estava nas bandas de Post-Grunge, como Creed, Nickelback e Goo Goo Dols. Havia também bastante espaço para o Green Day, uma banda que muita gente rejeitava na época, mas hoje é uma das mais respeitadas na cena.

Tinha também bastante pop-rock, como a maravilhosa Alanis Morisette, Lenny Kravitz e os brasileiros do Cidade Negra e O Rappa.

E se engana quem pensa que o rock brasileiro não era valorizado. Bandas seminais como Detonautas, CPM 22 e a melhor de todas, o Charlie Brown Jr., não saíam nunca da playlist.

Fica aqui uma bronca com o jornalista Alexandre Figueiredo. Ele reclama nos seus sites de que a Cidade só tocava rock comercial, ou então, músicas manjadas de bandas clássicas. Mas a Cidade era uma rádio JOVEM, e assumia esse perfil. E jovem, mesmo naquela época, queria ouvir o rock mais atual. Eu mesmo sou um exemplo disso. Mesmo hoje, com meus 24 anos, eu adoro TODO tipo de rock, e os anos 90/2000 tiveram muita coisa bacana. Por que então, não tocá-las?

Outra reclamação que ele faz é que a Cidade se envergonha do seu passado pop, entre 1977 e 1984. Mentira. Eu já vi locutores mencionando essa fase da rádio. Não vou me alongar muito nesse assunto, pois eu nem era nascido nessa época. Mas segundo Alexandre, a rádio tocava o melhor da MPB contemporânea e da disco music. O rock, nessa época, era trabalhado pela emissora apenas em bandas mais conhecidas, como o genial músico Peter Frampton e as mais manjadas do Kiss e do AC/DC.

Mas não interessa. A melhor época foi mesmo a partir do ano 2000. A grande banda norte-americana Guns'n'Roses tocava na rádio o dia todo.

Além do hard rock farofa oitentista, que vivia um revival na mídia na virada do milênio, o Pop Punk do Blink-182, o Nu Metal de Korn e Limp Bizkit e as bandas brasileiras do chamado "rock engraçadinho" surgidas na esteira dos Raimundos e dos Mamonas Assassinas tocavam na programação praticamente o dia inteiro. Exceto nas madrugadas, que eram dedicadas a programas específicos de classic rock e de progressivo (até mesmo obscuras bandas italianas!)

O programa Cidade do Rock era o grande "paradão" da rádio. Apresentado por aquela gracinha da Monika Venerabile, que depois acabou apresentando programas em rádios populares.

Enfim, o jovem que gosta de rock está muito feliz com a volta da Rádio Cidade, por mais que ela não seja mais a mesma. Mas estado de espírito ainda está todo lá.

O rock jamais irá morrer! E a Cidade contribui para isso, com a mais absoluta certeza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário