segunda-feira, 15 de junho de 2020

Funk Carioca e Pagode Baiano: a gostosa sensualidade da música brasileira

Eu sou um eterno apaixonado pelos anos 90. Mesmo que eu fosse apenas uma criança na época, eu sempre preferi músicas, filmes e programas dessa década do que as atuais.

Um dos ritmos de maior sucesso nos anos 90 era o pagode.

Ritmo dividido em duas tendências: a primeira, chamada de pagode romântico, que explodiu nas paradas a partir de 93, com grupos como Só pra Contrariar, que não são muito a minha praia. Acho esse pagode muito meloso.

A segunda febre, que tomou conta do país a partir de 1995, foi o pagode baiano, também conhecido como quebradeira ou suingueira.

Os primeiros sucessos do gênero foram Melô do Tchan, do Gera Samba e Na Boquinha da Garrafa,, da Companhia do Pagode. Duas músicas que tocaram o ano inteiro, e não apenas no carnaval.

A partir daí, as gravadoras descobriram a mina de ouro que havia na Bahia, principalmente nas regiões periféricas de Salvador.

De uma hora para outra, no final dos anos 90, surgiram milhões de grupos tocando um samba-de-roda com letras saudavelmente maliciosas, exaltando a mulher e nunca a rebaixando.

Em 1998, o Terra Samba ao Vivo e a Cores foi o disco mais vendido do país, junto com o CD do Padre Marcelo Rossi.

O auge do pagodão foi mesmo até 2000. Porque a partir daí, o funk do Rio tomaria as paradas, trazendo consigo letras parecidas, ou seja, que falavam de "peitinho", de "bundinha", de "perninha". E sofreria a mesma discriminação das elites e da imprensa cultural, que todo mês lamentavam o fim da poesia na música brasileira.

Ou vocês acham que no auge, os pagodeiros também não eram malhados?

Mas, se vocês prestarem atenção, a sensualidade já existe na música popular desde as antigas marchinhas de carnaval. E o samba-duro da Bahia é um ritmo legitimamente nosso.

Isso sem falar nas esbeltas e deliciosas dançarinas que acompanhavam esses grupos. Outra coisa que o funk copiou descaradamente. Elas tinham lindos e generosos bumbuns, enormes mesmo. Os homens, como eu, ficavam babando pelo remexer de glúteos da ultra-mega-maravilhosa Carla Perez, de Sara Verônica, das Sheilas, ou mesmo de "dançarinas que cantavam" como o Axé Blond e o Banana Split.

Os roqueiros morriam de inveja, pois o pagode, assim como o axé de Netinho, Banda Eva e outros, havia tirado os espaços para o rock na grande mídia.

Mas o pagodão foi explorado maciçamente pelas rádios e tvs até que saturou. E aí aí que entra o funk carioca, com sua batida imitando o miami bass da Costa Leste dos EUA, mais precisamente, da Flórida, de grupos como 2 Live Crew.

No início, o funk tinha uma batida copiada do freestyle, funk melody feito por latinos, e era chamada de Volt Mix. Depois, a partir de 2007 mais ou menos, surgiu o "tamborzão", que simulava um batuque de umbanda. Até chegar no funk atual, com uma batida similar à do reggaeton. Mas é claro que o funk é melhor, porque é NOSSO, é brasileiro, e eu tenho muito orgulho desse tipo de som.

O funk assim como o pagode baiano, tem várias dançarinas gatas rebolando seus popozões. E tem até bondes femininos, nos quais a mulher, além de rebolarem sensualmente, ainda solta a voz. Versões femininas de grupos como Bonde do Vinho e Os Ousados, como Gaiola das Popozudas e Jaula das Gostosudas. Cada uma mais perfeita que as outras.

O funk é ainda mais odiado do que o pagode. As pessoas o rejeitam por diversos motivos: racismo (por serem música de negros), rejeição social (por serem música de pobres) e moralismo (por exaltarem o sexo).

Mas música com palavrão existe em todos os gêneros, vão negar? Exceto na "santíssima" música gospel, embora hajam pastores e cantores do estilo que gravam vídeos transando, como já saiu na mídia.

Inclusive muitos funkeiros e pagodeiros, como Xella, ex-Pagodart, e Tati Quebra-Barraco, a precursora do "proibidão" se convertem e viram crentes.

Assim como o sertanejo é herdeiro da tradição romantica da música brasileira, como as valsas e serestas, o funk e o pagode são uma herança da gostosa pornografia que já se va no maxixe e no lundu, por exemplo.

Cabe a nós transportamos o valor de cada época para outra, e aprendermos a respeitar a verdadeira cultura do povo brasileiro.

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