terça-feira, 5 de outubro de 2021

Sertanejo dos anos 70 e 80: modernização, mas sem ferir o estilo tradicional

Olha, tenho escutado pérolas da música sertaneja mais antiga e achando fascinante e gritante a diferença de qualidade.

Antiga que eu digo, é dos anos 70 e 80. Mais precisamente, até o final dos anos 80, pois para mim foi ali o início da decadencia. Tentaremos entender isso nesse texto.

Os críticos musicais, os jornalistas e os estudiosos da antiga música caipira já diziam que esta música estava morrendo desde o início da década de 70. Falando mais claramente, desde o surgimento de duplas como Léo Canhoto e Robertinho e Milionário e José Rico.

Apresentadores de programas caipiras, como Inezita Barroso, Rolando Boldrin e Moraes Sarmento, lamentavam que a moda de viola estava perdendo espaço para rancheiras mexicanas, polcas e guaranias paraguaias, chamamés argentinos etc.

Até mesmo a exclente dupla Liu e Léu, minha favorita no estilo raíz, no programa Viola Minha Viola em 1980 disseram que gostavam de cantar música bem raíz, algo que segundo eles, não existia mais.

Mas a verdade é que os novos sertanejos da época, ainda guardavam elementos tradicionais. Basta ver o Trio Parada Dura, por exemplo, que cantava com violão, sanfona, gaita entre outrs instrumentos que sempre fizeram parte da música caipira.

E mesmo aqueles mais influenciados pelo repertório mexicano, ainda tinham seu talento. Duduca e Dalvan, Matogrosso e Mathias, Alan e Aladim, Gilberto e Gilmar, Teodoro e Sampaio, Cezar e Paulinho, todos entendiam o que era sertanejo. E cantavam dentro da proposta do estilo, não o feriam com inovações vorazes.

Na minha opinião, o maior golpe sofrido pela música sertaneja foi mais ou menos em 1988, 1989, quando Leandro e Leonardo estouraram. Eles já gravaram discos antes disso, mas até então não eram conhecidos em todo o Brasil.

Com roupas cafonas e extravagantes, vozes chorosas e desafinadas e músicas apelativas como Solidão e Entre Tapas e Beijos, eles assassinaram nossa cultura.

Logo depois, em 1991, surgiu a dupla Zezé di Camargo e Luciano. Aí, foi a pá de cal. De lá para cá, acho que poucas vezes vi algo tão ruim na música popular brasileira.

Ambas as duplas fizeram sucesso pela beleza. E seu público era formado, na maioria, por adolescentes histéricas. Nada MENOS sertanejo que isso.

O pior de tudo, é que essas duplas hoje tentam levar uma bandeira que não carregam e falar mal dos novos sertanejos, chamados de universitários. Sendo que eles foram os responsáveis pelo surgimento dessa geração.

E olha que o sertanejo universitário tem muito mais raiz do que o sertanejo dos anos 90. Vejo muito mais qualidade em João Carreiro e Capataz do que nas pavorosas duplas daquela época.

Deve ter sido mágico ter curtido a música sertaneja dos anos 70 até meados dos 80. Por que, se soubessem o lixo que viria depois, ninguém teria criticado músicas como Santa Maria do Brasil, uma verão de Santa Maria de la Mer que foi transformada por Matogrosso e Mathias em uma rancheira e é uma mensagem de adoração a Nossa Senhora. Ou até mesmo Fio de Cabelo, gravada numa época em que Chitãozinho e Xororó inovavam, mas com uma sutileza muito maior do que as coisas que eles fariam depois.

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