sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Zazá: uma das novelas mais divertidas do horário das sete

Zazá foi uma das primeiras novelas que vi na vida. E eu queria falar um pouco sobre ela, de como era o Brasil e o mundo na época, e tentar entender o porquê de não ter atingido o sucesso esperado.

Escrita por Lauro César Muniz e exibida em 1997, quando eu tinha apenas dois anos de idade, a trama estrelada por Fernanda Montenegro no papel de uma milionária excêntrica, como todas as sinopses a definem, foi uma das mais criativas do horário.

Eu sou um grande fã de Fernanda Montenegro. Se ela é a maior atriz brasileira, eu, como leigo em atuação, prefiro não opinar. Mas no panteão das maiores, com certeza ela sempre estará.

Não costumo gostar de cinema nacional muito violento, entretanto sou um grande entusiasta das comédias nacionais da Globo Filmes, tipo Minha Mãe é uma Peça, Vai que Cola - O Filme, Os Parças etc. Não sei se Fernanda estrelou algum filme do tipo.

Mas é justamente por eu gostar desse tipo de filme que amei Zazá. E olha que a novela não se limitava a um humor debochado. Aliás, era o que menos havia.

Claro que tinha muita coisa engraçada, como a própria Zazá, seus sete filhos, entre eles a cozinheira Renata, vivida pela divertidíssima Fafy Siqueira, o preguiçoso Solano interpretado pelo grande Alexandre Borges, o atrapalhado Doc do saudoso Cecil Thiré e a mais engraçada da novela inteira, a fogosa Mercedes de Louise Cardoso.

A trama era simples: Zazá Dumont se dizia descendente de Santos Dumont e desejava criar um projeto: um avião atÔmico que fosse ainda mais revolucionário que o de seu antepassado. Havia ainda as tramas paralelas dos filhos de Zazá, todos sem um rumo na vida. Para isso, ela arruma sete pessoas em quem confia, a quem dá o nome de "anjos da guarda", cada uma para cuidar de um de seus filhos. Entretanto, cada um desses anjos da guarda esconde um segredo em seu passado.

Acontece que o plano de Zazá ela montou com a ajuda do inescrupuloso Silas (o magistral Ney Latorraca), e ele era o único que sabia dos segredos de cada um, passando a manipular cada um dos anjos da guarda em troca de não denunciar o esquema nem suas sujeiras. Zazá só fica sabendo da armação de Silas no passar da história, acredito que após um quarto da novela ter sido exibida, se não me falha a memória.

Enfim, Zazá era divertidíssima. Não pegou o público jovem, que nunca foi muito interessado em novelas. Mas era o xodózinho de muitas crianças, como eu, e idosos.

Na época o Brasil colhia os louros do Plano Real, então muita gente saía de casa ás sete da noite, não se interessando muito por novelas desse horário. Está certo que nem toda novela das sete é boa, mas essa foi bastante. Ainda mais comparada as fraquíssimas novelas atuais.

Lamentavelmente, Zazá foi a menor audiencia do horário na década de 90. Sua média foi de apenas 37 pontos. Mas ela foi infinitamente superior a O Tempo Não Para, só para citar um exemplo. Ou mesmo Vira Lata, exibida pouco antes, o que prova que na época já havia novelas ruins.

Também era uma forma de ver beldades como Letícia Spiller, Júlia Lemmertz, Déborah Secco e Fernanda Rodrigues novinhas, Vanessa Lóes, Cláudia Ohana e Rachel Ripani. Nunca "dei bola para futebol", mas por essa gata eu até que me arriscaria a ver uma partida (risos). Caso não tenham entendido, ela interpretava Sissy, a filha mais nova de Zazá, que sonhava em se tornar jogadora e futebolm, e como era sexy usando a camisa da Seleção Brasileira

Zazá era uma novela gostosa de acompanhar, sem vulgaridade, e se havia traição, ela era tratada como algo errado pelos roteiristas. Não ficavam glamourizando comportamentos equivocados.

Acredito que jamais será reprisada pelo fracasso que foi.

Felizmente, Lauro César escreveria, anos mais tarde, mais precisamente em 2009, a igualmente ótima Poder Paralelo, na Rede Record.

Aliás, Poder Paralelo não foi também um grande sucesso. No entanto, a Record está sempre cogitando reprisá-la.

E até mesmo a HORRENDA Os Mutantes - Caminhos do Coração, já foi reprisada.

Isso mostra para a Rede Globo que ela tem que reprisar o que o público pede, independente do que o Ibope diz.

Se bem que a Globo não se importa muito com qualidade, já que lixos como Fina Estampa e Império já foram e ainda são exibidos no canal.

Globo, tome vergonha na cara e reprise Zazá.

Assim como tem algumas bombas antigas que a geração atual não tem necessidade nenhuma de conhecer, também tem que mostrar o outro lado e apresentar aos novos públicos as coisas boas do passado.

Zazá é o passado, o presente e o futuro. O passado glorioso de um povo educado e respeitador, algo que já era passado em 1997. O presente de estar inovando a teledramaturgia. E o futuro do sonho, da utopia. De querer um Brasil e um mundo melhor através do divertimento saudável e despretensioso.

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